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Boi sobe 12% em 15 dias
BRUNO BLECHER
Editor do Agrofolha
A desvalorização do real
trouxe um clima de "dèja
vu" no campo. Como nos
tempos do Plano Cruzado,
de 1986, os pecuaristas resolveram reter o boi no pasto à espera de uma valorização dos preços da arroba.
A escassez provocou um
efeito dominó na cadeia da
carne. Desde a liberação do
câmbio, no dia 15, a arroba
do boi subiu 12,3%, de R$
28,50 para R$ 32.
A alta já chegou ao varejo.
No prazo de 13 dias, os preços da carne subiram em
média 4% nos supermercados e 10% nos açougues.
"É um movimento especulativo e inconsequente",
diz Hélio Toledo, do Sindicato da Indústria do Frio,
entidade que representa os
frigoríficos.
Para Luciano Agostin,
analista da Scot Consultoria, os pecuaristas só estão
tentando se defender da
desvalorização. "Os preços
dos bezerros e dos bois magros subiram em média 7%.
Além disso, existe hoje a insegurança sobre o que fazer
com o dinheiro", diz.
Sigeyuki Ishii, presidente
do Sindicato Rural de Presidente Prudente, diz que a
desvalorização do real elevou os custos de produção
da pecuária.
"Mas a intenção não é repassar a diferença cambial
para os preços", acrescenta.
No atacado, o preço da
carne do traseiro saltou de
R$ 2,40, no dia 13 último,
para R$ 2,80, no dia 27. Mas
ontem recuou para R$ 2,75.
"Os pecuaristas costumam vincular o boi ao dólar. Mas agora a realidade é
outra. O mercado não permite aumentos abusivos. O
desemprego cresceu, os salários estão estáveis e o consumo estagnado", diz Manoel Faria Ramos, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carne.
Segundo ele, os supermercados reagiram à alta
dos preços, mas os açougues são mais vulneráveis.
As exportações de carne,
segundo Danilo Fiorini Júnior, da FNP Consultoria,
também estariam pressionando os preços da arroba.
A médio prazo, na avaliação do analista, a tendência
é de queda nos preços. "A
oferta de boi deve aumentar
e o preço vai despencar".
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