São Paulo, sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

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Vale alcança lucro recorde de R$ 20 bi

Resultados da maior produtora mundial de minério de ferro em 2007 crescem 49% em relação ao ano anterior

China é o principal destino das vendas da empresa; maior custo veio da energia, que chegou no ano passado a quase R$ 5 bilhões

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Vale registrou lucro recorde de R$ 20,006 bilhões no ano passado. O resultado representa um crescimento de 49% em relação ao do ano anterior. Analistas esperavam lucro da ordem de R$ 19 bilhões.
A empresa é a maior produtora mundial de minério de ferro e a segunda maior em níquel. No ano passado, a companhia acumulou diversos recordes na produção de produtos como minério de ferro (303 milhões de toneladas), níquel refinado (248 mil toneladas), cobre (284 mil toneladas), entre outros.
As vendas de minério de ferro e pelotas chegaram a 291,491 milhões de toneladas. Em 2007, o preço subiu 9,5%. Para 2008, a Vale fechou reajustes de 65% a 71%.
"Foi um crescimento influenciado pela consolidação da Inco e pela maior demanda de commodities", diz Cristiane Viana, analista da Ágora.
A China foi o principal destino das vendas da empresa, com participação na receita de 17,5% do total. O Brasil aparece em segundo lugar, com 14,6%, seguido de Japão (11,3%), Estados Unidos (10,7%), Alemanha (5,5%) e Canadá (5,5%).
A receita bruta da Vale foi a mais alta da história da empresa, de R$ 66,4 bilhões, um aumento de 42% em relação a 2006. O Ebitda (lucro antes de despesas financeiras, impostos, depreciação e amortização) ficou em R$ 33,6 bilhões.
Excluídas as aquisições, a Vale investiu US$ 7,6 bilhões no ano passado, um valor 58% superior ao do ano anterior.
Os custos dos produtos vendidos pela companhia cresceram 44,9% e somaram R$ 30,084 bilhões. A Vale atribui uma parcela expressiva do crescimento à consolidação da Vale Inco no resultado de 2007.
O maior item de custo da empresa foi energia (elétrica, óleo, combustível e gases), que somou R$ 4,927 bilhões. A empresa investe na construção de usinas de geração de energia para atender seu consumo.
No quarto trimestre, o lucro foi de R$ 4,410 bilhões, 30,9% a mais do que igual período do ano anterior. A receita bruta caiu 7%, para R$ 15,521 bilhões. Segundo a Vale, a queda decorreu da apreciação do real e da variação no preço dos metais.
A crise do mercado financeiro no começo do ano deteriorou as perspectivas de crescimento mundial. Mas a Vale espera que essa desaceleração não se transforme em recessão.

Perspectivas
Para a companhia, é possível esperar que o crescimento de economias emergentes, como China e Índia, compense parcialmente o efeito negativo de uma expansão em ritmo menor das economias desenvolvidas.
Em relação ao mercado de minério de ferro, a empresa afirma que há sinais de excesso de demanda. Os preços no mercado à vista se situam em torno de US$ 200 por toneladas.
O preço do cobre ficou acima de US$ 8.000 por tonelada em razão de oferta insuficiente, estoques baixos e problemas de produção na China.
A Vale ressalta que o cenário inclui, além da demanda crescente por minérios, uma escassez relativa de ativos em regiões de menores riscos políticos e econômicos.
Outro fator que pode interferir nas projeções de cenário para a companhia é a eventual aquisição da mineradora anglo-suíça Xstrata. "Se fechar a aquisição, passará a ter mais poder de barganha em diversos produtos", afirma Viana, da Ágora.


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