São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2006

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ENERGIA

Consórcio, também formado por Andrade Gutierrez e Pactual Energia, leva 79,57% do capital da distribuidora do Rio

Cemig compra Light por US$ 320 milhões

JANAINA LAGE
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O consórcio formado por Cemig, Andrade Gutierrez e Pactual Energia Participações fechou ontem a compra de 79,57% do capital da Light pelo preço de US$ 319,81 milhões.
A operação precisa ser aprovada pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
A Light, companhia energética que atua no Estado do Rio de Janeiro, era controlada pela estatal francesa EDF. Por isso, a operação depende também da edição de um decreto ministerial na França.
O novo presidente da distribuidora de energia será José Luiz Alqueres, que já foi presidente da Eletrobrás e membro do BNDESPar (braço do BNDES para o mercado de capitais). A EDF permanecerá como acionista minoritária, com 10% das ações.
O preço de compra da companhia representa valor de US$ 3,01 por lote de mil ações de emissão da Light. A empresa constituída para a compra, a Rio Minas Energia Participações, tem participações iguais de Cemig, Andrade Gutierrez e Pactual e se compromete a realizar uma oferta pública de aquisição das ações em circulação de emissão da Light. A venda da Light ainda deverá ser submetida à apreciação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Além do consórcio da Cemig e Andrade Gutierrez, os principais grupos na disputa pela Light eram GP Investimentos (gestor de fundos e controlador da Cemar, distribuidora do Maranhão) e Energia do Rio, formado por empresários cariocas e liderado pelo presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio), Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira.
A Light atua em 31 municípios fluminenses, inclusive a capital. Depois de contabilizar prejuízo de R$ 97,6 milhões em 2004, a empresa lucrou R$ 242,8 milhões no ano passado. Os novos donos terão que lidar, no entanto, com um cenário de inadimplência elevada por parte de empresas públicas e universidades. Outra questão a tratar é a forma de lidar com a população de baixa renda e com o alto índice de perda de energia.
A distribuidora de energia foi privatizada em 1996 pelo preço mínimo de R$ 2,217 bilhões, dos quais 32,7% em "moedas podres" (títulos públicos de difícil resgate, como Títulos da Dívida Agrária). O leilão só não fracassou porque o BNDES comprou 9,14% da companhia na época, deixando o controle com EDF, AES e Houston Industries. Em 1998, os sócios privados da Light compraram a Eletropaulo, privatizada pelo preço mínimo. Em seguida, AES e EDF descruzaram as ações. A primeira ficou com o controle da Eletropaulo e a segunda, com o da Light.
Depois de privatizada, a Light mergulhou numa crise causada pela desvalorização cambial em 1999 e pelo racionamento de energia elétrica. Um cenário que foi agravado ainda por problemas de gestão da companhia.


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