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Bernanke desagrada aos mercados, e Bolsa cai 1,6%
Presidente do Fed diz que inflação preocupa e cita crise no mercado imobiliário
Indicadores negativos na economia dos EUA também influenciam; Bolsa de NY perde 0,78%, e dólar
sobe 0,29%, para R$ 2,069
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Como tem sido freqüente nas
últimas semanas, notícias econômicas dos EUA estragaram o
humor dos investidores. A Bovespa teve mais um pregão de
baixas, e o dólar terminou as
operações em alta.
A queda de 1,6% registrada
pela Bolsa de Valores de São
Paulo ontem refletiu a decepção do mercado global com dados que mostraram a economia
americana menos aquecida que
o desejado. O discurso de Ben
Bernanke -presidente do Fed,
o banco central dos EUA- acabou por abater o ânimo dos
mercados.
Em discurso proferido no comitê econômico do Congresso
dos EUA, Bernanke disse que o
recente problema no mercado
imobiliário do país acabou por
deixar mais turvas as perspectivas para a economia norte-americana. Também afirmou
que a inflação ainda está num
nível maior que o desejado, o
que ajudou a esfriar o otimismo
que surgiu no mercado financeiro após a reunião do Fed na
semana passada. Um corte nos
juros, hoje em 5,25% ao ano,
passou a ser considerado mais
difícil no curto prazo.
A baixa do índice Dow Jones,
a principal referência da Bolsa
de Nova York, ficou em 0,78%.
A Nasdaq caiu 0,83%.
Na Europa, os principais
mercado acionários também
recuaram. A Bolsa de Frankfurt
perdeu 0,60%; em Londres,
houve queda de 0,40%.
Em relação aos problemas
com os financiamentos imobiliários de segunda linha (conhecidos como "subprime"), o
presidente do Fed disse que
ainda não afetaram a economia
americana como um todo, mas
sua evolução tem de ser acompanhada com atenção.
Antes de Bernanke falar, no
fim da manhã de ontem, havia
sido divulgado que as encomendas de bens duráveis nos
EUA cresceram 2,5% no mês
passado, enquanto os analistas
esperavam um avanço entre
3,5% e 3,8% no período.
A pressão sobre os preços do
petróleo, desencadeada pelas
tensões entre o Irã e o Ocidente, também incomodou ontem.
Com a cena externa desfavorável, os estrangeiros se desfizeram de bom volume de ações
brasileiras. Isso em um momento em que o saldo das operações feitas com capital externo na Bolsa vinha melhorando.
No dia 20, o saldo mensal dos
negócios feitos pelos estrangeiros estava negativo em R$ 455,1
milhões. No dia 23, o balanço já
era negativo, mas em montante
menor -R$ 208,7 milhões.
Como ocorreu no pregão de
terça-feira, a Bovespa operou
todo o dia em terreno negativo.
Com a queda, a Bolsa passou a
ter alta de apenas 0,02% acumulada em 2007.
As duas ações mais negociadas no pregão (e que costumam
estar entre as preferidas dos estrangeiros) terminaram em
queda. A ação preferencial da
Petrobras caiu 0,36%; a preferencial "A" da Vale do Rio Doce
teve perdas de 2,31%. Os dois
papéis foram responsáveis por
quase 25% das operações realizadas na Bovespa ontem.
O volume financeiro movimentado ontem, de R$ 3,27 bilhões, foi bem maior que o do
pregão de terça (quando o giro
ficou em R$ 2,31 bilhões).
A mudança na metodologia
de cálculo do IBGE, que apontou um crescimento mais robusto do PIB (Produto Interno
Bruto) brasileiro em 2006, não
chegou a ter impacto sobre o
mercado financeiro.
O dólar, apesar do dia ruim,
teve alta moderada, de 0,29%.
Nos negócios da manhã, a moeda chegou a ser negociada a R$
2,082 (elevação de 0,92%), mas
não se sustentou nesse patamar: terminou as operações
vendida a R$ 2,069.
Apesar do dia menos tranqüilo, o risco-país brasileiro se
manteve em seus menores níveis históricos: caiu 0,58% e fechou aos 172 pontos.
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