São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

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Bernanke desagrada aos mercados, e Bolsa cai 1,6%

Presidente do Fed diz que inflação preocupa e cita crise no mercado imobiliário

Indicadores negativos na economia dos EUA também influenciam; Bolsa de NY perde 0,78%, e dólar sobe 0,29%, para R$ 2,069


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Como tem sido freqüente nas últimas semanas, notícias econômicas dos EUA estragaram o humor dos investidores. A Bovespa teve mais um pregão de baixas, e o dólar terminou as operações em alta.
A queda de 1,6% registrada pela Bolsa de Valores de São Paulo ontem refletiu a decepção do mercado global com dados que mostraram a economia americana menos aquecida que o desejado. O discurso de Ben Bernanke -presidente do Fed, o banco central dos EUA- acabou por abater o ânimo dos mercados.
Em discurso proferido no comitê econômico do Congresso dos EUA, Bernanke disse que o recente problema no mercado imobiliário do país acabou por deixar mais turvas as perspectivas para a economia norte-americana. Também afirmou que a inflação ainda está num nível maior que o desejado, o que ajudou a esfriar o otimismo que surgiu no mercado financeiro após a reunião do Fed na semana passada. Um corte nos juros, hoje em 5,25% ao ano, passou a ser considerado mais difícil no curto prazo.
A baixa do índice Dow Jones, a principal referência da Bolsa de Nova York, ficou em 0,78%. A Nasdaq caiu 0,83%.
Na Europa, os principais mercado acionários também recuaram. A Bolsa de Frankfurt perdeu 0,60%; em Londres, houve queda de 0,40%.
Em relação aos problemas com os financiamentos imobiliários de segunda linha (conhecidos como "subprime"), o presidente do Fed disse que ainda não afetaram a economia americana como um todo, mas sua evolução tem de ser acompanhada com atenção.
Antes de Bernanke falar, no fim da manhã de ontem, havia sido divulgado que as encomendas de bens duráveis nos EUA cresceram 2,5% no mês passado, enquanto os analistas esperavam um avanço entre 3,5% e 3,8% no período.
A pressão sobre os preços do petróleo, desencadeada pelas tensões entre o Irã e o Ocidente, também incomodou ontem.
Com a cena externa desfavorável, os estrangeiros se desfizeram de bom volume de ações brasileiras. Isso em um momento em que o saldo das operações feitas com capital externo na Bolsa vinha melhorando.
No dia 20, o saldo mensal dos negócios feitos pelos estrangeiros estava negativo em R$ 455,1 milhões. No dia 23, o balanço já era negativo, mas em montante menor -R$ 208,7 milhões.
Como ocorreu no pregão de terça-feira, a Bovespa operou todo o dia em terreno negativo. Com a queda, a Bolsa passou a ter alta de apenas 0,02% acumulada em 2007.
As duas ações mais negociadas no pregão (e que costumam estar entre as preferidas dos estrangeiros) terminaram em queda. A ação preferencial da Petrobras caiu 0,36%; a preferencial "A" da Vale do Rio Doce teve perdas de 2,31%. Os dois papéis foram responsáveis por quase 25% das operações realizadas na Bovespa ontem.
O volume financeiro movimentado ontem, de R$ 3,27 bilhões, foi bem maior que o do pregão de terça (quando o giro ficou em R$ 2,31 bilhões).
A mudança na metodologia de cálculo do IBGE, que apontou um crescimento mais robusto do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro em 2006, não chegou a ter impacto sobre o mercado financeiro.
O dólar, apesar do dia ruim, teve alta moderada, de 0,29%. Nos negócios da manhã, a moeda chegou a ser negociada a R$ 2,082 (elevação de 0,92%), mas não se sustentou nesse patamar: terminou as operações vendida a R$ 2,069.
Apesar do dia menos tranqüilo, o risco-país brasileiro se manteve em seus menores níveis históricos: caiu 0,58% e fechou aos 172 pontos.


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