São Paulo, sábado, 29 de março de 2008

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Greve barra fluxo comercial nas fronteiras

Paralisação de auditores fiscais, que completa 12 dias hoje, deixa 7.500 caminhões parados e atrasa importações e exportações

Despacho aduaneiro em Foz do Iguaçu está levando até cinco dias; em Paranaguá, demora com greve chega a duas semanas

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A greve dos auditores fiscais da Receita Federal, que completa 12 dias hoje, tem provocado atrasos nos despachos aduaneiros e filas nos portos secos e aduanas do país.
Empresas de transporte calculam que cerca de 7.500 caminhões estejam parados nos postos de fronteira por causa da greve e cobram ação do governo. A categoria, com ganho médio de R$ 13 mil, pede equiparação salarial com os delegados da Polícia Federal, que ganham cerca de R$ 18 mil.
O impacto não é maior nas cidades de fronteira em razão do locaute dos produtores argentinos, o que reduziu o número de caminhões em Foz do Iguaçu (PR), Uruguaiana e São Borja (RS). No porto de Paranaguá (PR), a mobilização interrompeu um fluxo de US$ 550 milhões em importação de mercadorias e outros US$ 130 milhões destinados à exportação, segundo o comando de greve.
Em Foz do Iguaçu (a 640 km de Curitiba), o pátio da Estação Aduaneira de Interior, com capacidade para 800 caminhões, tinha lotação ontem.
A média de atraso para um despacho aduaneiro em Foz está em até cinco dias para a exportação e três dias para a importação. Isso significa que caminhões com cargas não-perecíveis, que possuem prioridade para o despacho, podem ficar parados em até cinco dias na aduana. Em Uruguaiana (649 km de Porto Alegre), havia ontem cerca de 600 caminhões parados no Porto Seco.
O delegado da Unafisco (Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal) Thiago Shmitt disse que o locaute argentino tem evitado uma situação mais crítica. "As transportadoras estão preferindo deixar seus veículos no pátio a enfrentar a greve na Receita e o locaute na Argentina", disse Shmitt. Segundo ele, havia ontem 3.000 caminhões parados nas transportadoras de Uruguaiana.
Em Paso de Los Libres, no lado argentino, a informação é que se formaram filas de mais de 5 km de caminhões que tentavam chegar ao Brasil do Chile e da Argentina, bloqueados pelos produtores rurais.
Em São Borja (594 km de Porto Alegre), a situação não era diferente na fronteira com São Tomé (Argentina). Ontem, 550 caminhões esperavam para despacho de importação e exportação. Em Uruguaiana e São Borja, há caminhões parados, à espera de liberação, na fronteira desde o último dia 19.
Já no porto de Paranaguá (PR), uma operação que poderia levar em média cinco dias só deverá ser finalizada, com o embarque, em duas semanas. Pelo menos 30% dos auditores permanecem no trabalho em Paranaguá para cumprir acordo com a Justiça.
O efetivo em expediente também tem a tarefa de rastrear o que fica aguardando liberação ou pode ser despachado imediatamente. Segundo Rodrigo Sais, da Unafisco em Paranaguá, produtos perecíveis, como alimentos, e cargas com explosivos estão sendo liberadas mais rapidamente para evitar riscos e prejuízos.


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