São Paulo, sábado, 29 de março de 2008

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Bolsa segue NY e cai; alta na semana é de 2,48%

Dólar deve seguir acima de R$ 1,70, afirmam analistas

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Com bastante oscilação, a Bolsa de Valores de São Paulo voltou a operar na esteira de Wall Street ontem: recuou 0,51%, para 60.452 pontos.
A Bovespa abriu em leve alta, chegou a subir até o patamar máximo de 61.061 pontos, mas recuou até o mínimo de 60.192 pontos e diminuiu um pouco o ritmo de baixa ao final da sessão. "O mercado anda bastante sensível aos indicadores econômicos e às notícias divulgadas. Como nesta sexta-feira [ontem] saíram poucos dados, ele ficou sem tendência claramente definida. Os investidores estão esperando mais dados", diz Alex Agostini, economista-chefe da agência de classificação de risco Austin Ratings.
Na semana, a Bolsa tem alta acumulada de 2,48%. Mas, em 2008, a queda é de 5,38%.
As ações da Petrobras e da Vale, que têm maior peso no Ibovespa (principal índice do mercado acionário brasileiro), tiveram desempenho fraco. O papel ordinário (ON) da mineradora ganhou 0,08%, a R$ 59,80, enquanto o preferencial (PN) avançou 0,4%, a R$ 50,20. O ON da petrolífera caiu 0,23%, a R$ 88,14, e o PN recuou 0,68%, a R$ 72,61.
O dólar comercial manteve a trajetória de alta desde o começo da sessão. Encerrou o expediente vendido a R$ 1,743, com valorização de 0,4%. A moeda tem se mantido acima dos R$ 1,70 devido à perspectiva de que a entrada de recursos estrangeiros no mercado local não aumente no curto prazo.
Muitos investidores de fora tiveram que tirar dinheiro de aplicações no Brasil nas últimas semanas para cobrir prejuízos sofridos com a crise imobiliária nos EUA ou para se proteger em opções mais seguras, como os títulos do Tesouro americano.
Os analistas esperam que, no médio prazo, o Banco Central volte a elevar a taxa Selic, o que pode trazer de volta mais fundos. No entanto, a aversão ao risco e a necessidade de cobrir perdas devem impedir que as cotações do dólar recuem.
A moeda acumula elevação de 0,58% na semana e baixa de 1,91% no ano. Segundo especialistas em câmbio, as cotações devem oscilar entre R$ 1,71 e R$ 1,74 nos próximos dias.
A Bolsa de Nova York caiu 0,7%, e a Nasdaq (onde se negociam ações de empresas de tecnologia) recuou 0,86%.
Os únicos índices que saíram causaram mau humor por confirmar que a economia americana ruma de fato para uma desaceleração. Como informado pelo Departamento do Comércio, os gastos do consumidor -que respondem por cerca de dois terços do PIB americano- cresceram apenas 0,1% no mês passado.
A confiança do consumidor norte-americano, medida pela Universidade de Michigan, também caiu para 69,5 pontos em março, o nível mais baixo desde fevereiro de 1992.
De acordo com Agostini, as condições adversas da economia mundial estão fazendo os investidores no mercado brasileiro corrigirem o otimismo exagerado do início do ano.
"Os preços das ações sempre estiveram defasados por conta da instabilidade do país. Os valores subiram, chegaram ao lugar correto, mas, diante dos problemas externos, ficaram muito tempo em um nível que não condizia com essa nova realidade de grande incerteza. Agora, está ocorrendo um ajuste, embora os fundamentos da economia continuem bem e as expectativas para os lucros das companhias nacionais sigam positivas."
Para o analista, estava equivocado o pensamento de que a Bolsa brasileira pode se descolar de Wall Street. "Não somos uma ilha", afirma.


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