São Paulo, domingo, 29 de março de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Varejista aumenta rigor para liberar crédito

A expansão da inadimplência levou a rede Magazine Luiza, com 452 lojas, a ser mais seletiva na liberação de crédito. Até agosto de 2008, de cada 100 clientes que pleiteavam por uma compra a prazo, 85 obtinham o financiamento. Hoje, 50 consumidores conseguem.
A rede absorveu modelo estatístico do Itaú Unibanco, que leva em conta 120 variáveis, como renda e histórico de inadimplência, para ser mais rigorosa na liberação de crédito.
"Antes, o vendedor é quem liberava o financiamento nas lojas. Hoje, isso é feito por um modelo estatístico, mais seguro para a empresa", afirma Frederico Trajano Rodrigues, diretor de vendas e marketing da rede.
No ano passado, de cada 100 clientes que compravam a prazo, 10 não pagavam a primeira prestação. Neste ano são 5 clientes. "Isso quer dizer que o risco de inadimplência na primeira prestação caiu 50%."
A crise não afetou o comportamento do cliente do Magazine Luiza. "O que está ocorrendo é que o crescimento das vendas diminuiu. Até outubro do ano passado, o faturamento das lojas crescia cerca de 12% em relação ao ano anterior. Hoje, esse crescimento está entre 2% e 3%, considerando as mesmas lojas. Achava que o efeito da crise seria pior e que o faturamento poderia cair, o que não aconteceu. As empresas estão sendo precipitadas em demitir e podem estar aproveitando a crise para eliminar gorduras."
Apesar de entrar no mercado paulista no início do agravamento da crise mundial, no final de setembro de 2008, Rodrigues diz que as lojas em São Paulo "estão indo bem. A expectativa é atingir faturamento de R$ 750 milhões neste ano e de R$ 1 bilhão em 2010 só em São Paulo." Hoje são 50 lojas. Outras três serão inauguradas nos próximos dois meses.
A previsão da rede é faturar neste ano R$ 3,95 bilhões, ou cerca de 22% mais do que no ano passado, considerando as novas lojas em São Paulo.
Em janeiro, segundo a rede, o faturamento da empresa cresceu 18% ante igual mês do ano passado e, em fevereiro, 21%. Sem considerar as lojas de São Paulo, a expansão da rede foi de 2% e 3%, respectivamente, sobre iguais meses de 2008.
Rodrigues diz que o desafio do varejo de eletroeletrônicos será estimular a demanda. O Magazine Luiza, segundo ele, optou por manter promoções durante todo o ano. Para o Dia das Mães, a rede fará distribuição de prêmios.
Com a crise, a empresa optou por fazer planejamento de três em três meses para avaliar o comportamento do consumidor e do mercado. "Estamos abertos a todas as oportunidades de negócios que surgirem e aguardando a abertura do mercado de capitais", afirma.
O que a família Trajano Rodrigues também discute neste momento é como será feita a sucessão do comando da empresa, nas mãos de Luiza Helena Trajano (mãe de Frederico), para a terceira geração. "O consenso na família é que esse processo deva ser feito por meio de um profissional."

Brasil foi país com maior expansão em vendas da Nivea

De cada 100 cosméticos vendidos em todo o mundo, 5 são Nivea. É pouco, diz a Beiersdorf, dona da marca. Há quatro anos a empresa tinha 4,2% de participação de mercado mundial e estabeleceu a meta alcançar 5,5%, até 2010.
Cada país fez sua parte e o Brasil foi o que mais cresceu em 2008. O incremento na receita no país foi de 22%, enquanto a América Latina cresceu 20,9%.
"Queremos crescer mais rápido que o mercado", diz Nicholas Fischer, presidente da Nivea Brasil. Na última semana, vieram ao país Bernhard Duttmann, diretor financeiro da Beiersdorf, e outros cinco presidentes de operações latino-americanas. O objetivo é fazer o planejamento para 2010 a 2015.

"Não vejo uma tendência de alta na Bolsa"

Diferentemente de outros analistas que afirmam que agora é a hora de comprar ações, o estrategista da Santander Corretora, Marcelo Audi, diz que esse é o momento de colocar um freio na aquisição de papéis listados na Bolsa brasileira. "Não vejo uma tendência de alta se aproximando na Bolsa."
Para ele, as ações só voltarão a subir de forma consistente quando houver sinais claros de que a economia se reaquecerá e de que as empresas terão lucros maiores.
Não é o que apontam as projeções da corretora, revisadas neste mês. A Santander espera um crescimento zero para o PIB brasileiro em 2009 e um lucro 21% menor para as 92 empresas abertas que analisa.
Audi recomenda esperar a divulgação dos primeiros resultados de 2009 antes de retomar a compra de ações. Até lá, a perspectiva é a de que a volatilidade do mercado continuará alta, com o Ibovespa oscilando entre 35 mil e 45 mil pontos.

SAMOVAR
Na Rússia, as vendas do varejo devem continuar a cair, especialmente nos artigos de consumo mais caros, segundo estudo do grupo Atradius, especializado em seguros de crédito. Vem aí, em breve, um aumento da inadimplência devido à queda da procura externa e interna e às dificuldades em assegurar financiamento bancário.

MURALHA
Para a China, o estudo da Atradius considera de maior risco os setores de alimentos e produtos eletrônicos. A recuperação não deve vir no curto prazo.

ESPAÇO
É de quase R$ 63 milhões o investimento que o shopping Anállia Franco, localizado em São Paulo, vai fazer na sua expansão. Osklen e Calvin Klein são algumas das marcas que entram. A inauguração da expansão está prevista para julho.

CACHAÇA
Steve Luttmann, presidente mundial da Cachaça Leblon, esteve no Brasil neste mês, quando a marca completou um ano no país. Vendida em 383 pontos-de-venda brasileiros, como os restaurantes Alucci Alucci, Brasil a Gosto, Capim Santo, Dry e Fasano, a empresa quer quadruplicar sua rede de vendas no país neste ano.

CARBONO
Rodney White, do Centro de Meio Ambiente da Universidade de Toronto, no Canadá, chega nesta semana ao Brasil para participar do fórum da Abemc (associação de empresas do mercado de carbono), na PUC, em São Paulo, no dia 1º de abril. White vai abordar o mercado de créditos de carbono, cujos preços caíram na crise.

com JOANA CUNHA, MARINA GAZZONI e FÁTIMA FERNANDES


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