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PIB e crédito determinam pessimismo
Para Iedi, retração de 3,6% na economia no quarto trimestre de 2008 foi o estopim para a deterioração das expectativas
Empresários se queixam do
custo dos empréstimos e
das dificuldades de acesso;
consultor sugere prêmio a
empresa disposta a investir
DO COLUNISTA DA FOLHA
A restrição ao crédito ainda é
o principal fator que explica a
forte deterioração das expectativas dos empresários, segundo
Josué Gomes da Silva, presidente do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial) e da Coteminas.
Essa preocupação ficou clara
na sexta-feira, numa reunião de
integrantes do instituto com o
ministro da Fazenda, Guido
Mantega. Os empresários reclamaram do custo do crédito e
das dificuldades de acesso.
"O acesso ao crédito não melhorou, e o custo ainda é muito
alto", diz Gomes da Silva.
O economista Júlio Sérgio
Gomes de Almeida, consultor
do Iedi e ex-secretário de Política Econômica da Fazenda no
governo Lula, diz que a piora
das expectativas dos empresários se deu a partir do anúncio
da queda de 3,6% do PIB (Produto Interno Bruto) no quarto
trimestre do ano passado, um
número que surpreendeu.
"Esse PIB muito ruim foi o
estopim para a deterioração
das expectativas", diz Gomes
de Almeida. "O empresário vai
resistir a investir com uma
perspectiva de queda da economia desse tamanho."
A freada dos investimentos
foi bastante evidente. Setores
voltados para a exportação ou
mais dependentes de crédito
foram os primeiros a ser atingidos e não há, até agora, sinais
claros de recuperação.
Os números do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) já
começam a mostrar os sinais da
freada. As consultas aos empréstimos do BNDES recuaram 37% em fevereiro, sinal
claro de que os empresários
preferiram deixar muitos projetos na gaveta até que a situação melhore.
O empresário Horacio Lafer
Piva, presidente da Bracelpa
(Associação Brasileira de Celulose e Papel), admite que mais
da metade dos investimentos
para o setor de papel e celulose
já foi postergada até que as condições de demanda, preço e crédito estejam mais claras. Os
planos eram ambiciosos:
US$ 20 bilhões de 2009 a 2015.
"A vocação permanece, mais
forte do que nunca, as empresas estão sólidas e com caixa,
mas as variáveis não são só nacionais, e sim mundiais. É um
setor que, pelo investimento e
pelo capital de giro necessários,
demanda cuidado extra."
O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Jackson Schneider, afirma
que até agora nenhuma montadora no país anunciou planos
de suspensão de investimentos
em razão da crise, mas ele admite alguma postergação das
obras. A seu ver, como se trata
de investimentos de maturação
de longo prazo, haverá manutenção dos planos.
Para melhorar o clima, o governo, na opinião de Gomes de
Almeida, precisa baixar os juros e adotar medidas de estímulo à economia para incentivar o crédito, como a que anunciou na semana passada, quando ofereceu garantia de até R$
20 milhões para quem comprar
títulos emitidos por bancos de
menor porte -se a instituição
quebrar ou sofrer intervenção
do BC, quem comprou os papéis recebe o dinheiro de volta.
Outra ideia defendida por
Gomes de Almeida é o governo
oferecer algum tipo de prêmio,
um benefício fiscal adicional,
por exemplo, a empresas que
estiverem dispostas a investir.
"Quando há um clima de desânimo, a melhor resposta é criar
algum tipo de premiação para
incentivar a economia."
(GUILHERME BARROS)
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