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Real forte diminui vendas de café
CÍNTIA CARDOSO
ALESSANDRA MILANEZ
DA REPORTAGEM LOCAL
À espera da melhora dos preços
no mercado internacional e da estabilização do câmbio, os produtores de café brasileiro têm adiado
o fechamento de novos contratos.
Levantamento feito pela BM&F
(Bolsa de Mercadorias & Futuros) para a Folha mostra que o
volume de contratos para o café
arábica, principal tipo de café exportado, está em queda. Entre 1º
de abril e 25 de abril deste ano, o
número de contratos caiu 12% em
relação ao mesmo período do ano
passado. Com isso, foram negociados 34.166 contratos.
"Entre outubro e dezembro do ano passado, o Brasil conseguiu
realizar um bom volume de contratos, o que se reflete no aumento
dos embarques nos primeiros três meses deste ano. Mas o ritmo das
novas vendas está lento. Os produtores estão cautelosos", avalia
Guilherme Braga, presidente do
Cecafé (Conselho dos Exportadores do Café Verde do Brasil).
Braga também afirma que com
um real mais forte o setor perde
competitividade. Apesar de o ritmo dos embarques de café brasileiro ter aumentado 20% neste trimestre, em comparação com o
mesmo período do ano passado,
o volume total das exportações
neste ano deve ser 10% menor e ficar em 25 milhões de sacas.
Lauro Kfoury Marino, da consultoria FNP, também diz que os
preços baixos no mercado internacional tornam o mercado mais
lento. O preço do café no mercado
internacional, diz, caiu em um ritmo mais rápido do que o preço do
café brasileiro. Por isso, alguns
grandes produtores preferem esperar preços melhores para liberar a venda de estoques.
O mercado também espera o
anúncio do plano do governo federal de ajuda aos cafeicultores,
prometido para esta semana.
"Os produtores estão esperando a consolidação do patamar do
câmbio e a confirmação da quebra da safra, que deve elevar a cotação do produto", afirma
Amaryllis Romano, da Tendências Consultoria.
Segundo analistas, os preços
baixos internacionais do café no
ano passado inibiram investimentos no setor neste ano, o que
deve ser o principal fator para a
quebra da safra. São estimadas 27
milhões de sacas, contra 48 milhões da safra passada.
Outros setores
No entanto, segundo especialistas em comércio exterior, os cafeicultores vivem uma situação à
parte. "Os produtores de café podem se dar ao luxo de segurar o
produto, já que enfrentam uma
concorrência pequena no mercado internacional. Para outros setores, a época não é de especulação. Quem especula fica fora do
mercado", afirmou Benedito de
Almeida, da Abracex (Associação
Brasileira de Comércio Exterior).
Colaborou Maeli Prado,
da Reportagem Local
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