São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2004

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TELES

Executivo da nova dona da Embratel diz que irá atuar de maneira "agressiva" no Brasil, mas não quis "fazer promessas"

Telmex não promete redução de tarifas

JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

No primeiro pronunciamento oficial após ter assegurado o direito de compra da Embratel, a Telmex anunciou que pretende atuar de forma "agressiva" nos mercados de telefonia de longa e curta distância. Mas a empresa evitou assumir compromisso de que isso resultará em queda de tarifas.
"Não pretendemos fazer promessa, mas asseguro que competiremos de forma agressiva em tecnologia e preço para aumentarmos nossa participação no mercado", disse Arturo Elías Ayub, diretor de Relações Institucionais da Telmex, em teleconferência para comentar a operação.
Segundo Ayub, uma das estratégias da Telmex será ampliar os investimentos em telefonia local e rede de acesso à internet. A Embratel ingressou em meados do ano passado na disputa pela telefonia local e já ocupa 10% desse segmento. Além disso, a antiga estatal controla 70% do mercado de chamadas de longa distância e outros 50% do segmento de transmissão de dados corporativos.
Em um segmento específico, o de chamadas de longa distância, o executivo insinuou, embora sem estabelecer prazos, que as tarifas de longa distância podem cair. "Posso assegurar que no serviço de longa distância os preços não subirão. Pelo contrário", disse.
Por ora, estariam descartadas mudanças na forma de cálculo das tarifas. Explica-se: no México, a tarifa é cobrada por chamada (independente do tempo de duração). No Brasil, o preço é determinado por minuto. "Vamos entrar no Brasil com muita humildade, sem fazer grandes mudanças."
A direção da Telmex confirmou que pagará US$ 400 milhões pelo controle acionário da Embratel. Anteontem, a Corte de Justiça de Nova York autorizou a MCI a vender o controle da Embratel aos mexicanos, embora houvesse uma proposta de US$ 550 milhões do consórcio Calais (que reunia as companhias de telefonia fixa Telefônica, Telemar e Brasil Telecom, mais a empresa Geodex). O juiz aceitou o argumento apresentado pela MCI de que a venda para a Telmex envolvia menos riscos regulatórios.
O executivo mexicano refutou a hipótese de que a venda da Embratel para Telmex signifique prejuízo para os acionistas minoritários detentores de ordinárias. Estes têm direito ao "tag along", mecanismo que permite vender seus papéis ao novo controlador por no mínimo 80% do valor pago aos antigos controladores. Em tese, quanto maior a oferta de compra do controle, maior o preço que poderiam receber os minoritários. "Para os minoritários a entrada da Telmex será benéfica. Vamos sanear as contas e fazer investimentos. A longo prazo isso é mais importante que receber um preço um pouquinho maior."
A ação preferencial da Embratel foi a única a subir (0,55%) no pregão de ontem, entre as 54 mais importantes da Bolsa de Valores de São Paulo. Os papéis ON (ordinários), porém, caíram 4,09%.
A Telmex fará uma avaliação das alternativas para a questão do endividamento da Embratel. Só então será definido um plano de investimentos. Não estão descartadas a capitalização da Embratel (trazer dinheiro da Telmex para a companhia) ou a renegociação das dívidas. Segundo o executivo, as dívidas da Embratel chegam a US$ 1,2 bilhão.
Ayub disse negociará a manutenção de uma "golden share" para o governo (ação especial que dá direito a veto em determinados assuntos) na Star One, empresa de satélites da Embratel.


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