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GUERRA DO ALGODÃO
Represente comercial afirma que os EUA vão "lutar até o fim" contra a condenação da OMC a subsídios
Bush arma contra-ataque à vitória do Brasil
DA REDAÇÃO
O representante comercial dos
EUA, Robert Zoellick, disse ontem que o governo George W.
Bush vai recorrer "até o fim" para
tentar inverter a derrota sofrida
para o Brasil na OMC (Organização Mundial do Comércio) na
questão dos subsídios aos produtores de algodão.
A derrota fez com que os EUA
lançassem ameaças contras outros países em desenvolvimento.
Para Zoellick, se outros seguirem
o exemplo brasileiro e abrirem
processos contra os EUA, isso inviabilizaria as negociações comerciais e colocaria em risco a
própria Rodada Doha da OMC de
liberalização comercial.
Segundo o tribunal de arbitragem da OMC, os subsídios norte-americanos ao algodão distorcem
os preços mundiais. O caso foi levantado pelo governo brasileiro e
foi recebido com a primeira grande vitória de um país em desenvolvimento contra os subsídios
agrícolas dos ricos.
O Brasil ganhou na maioria das
queixas apresentadas, mas a vitória não deverá ter efeitos práticos
imediatos. O governo americano
vai recorrer, e o processo deve se
estender por dois anos.
A decisão ainda é provisória,
mas, geralmente, o órgão mantém suas posições na decisão final, a ser proferida em junho. Os
EUA deverão recorrer se isso acabar ocorrendo.
"Podem estar 100% certos de
que iremos recorrer e pressionar
até o fim", disse Zoellick, durante
sessão do Comitê de Agricultura
da Câmara dos EUA. "Vamos lutar pelos interesses agrícolas dos
EUA, mesmo se for por meio de
disputa judicial."
Durante a audiência na Câmara,
representantes da bancada ruralista americana afirmaram que os
EUA terão de desistir da Alca
(Área de Livre Comércio das
Américas) se o Brasil vencer, em
instância final, a disputa.
"Se a decisão prevalecer, será
uma perda de tempo trazer a Alca
para votação no Congresso", disse o deputado democrata Robert
Etheridge (Carolina do Sul) para
Zoellick e a secretária Ann Veneman (Agricultura).
Em sua queixa contra os EUA
na OMC, o Brasil alegou que os
subsídios norte-americanos causam ao Brasil perdas comerciais
de US$ 480 milhões.
A decisão da OMC poderá criar
jurisprudência contra outros subsídios que os norte-americanos
concedem a produtores agrícolas
e que afetam as exportações brasileiras e as de outros países.
O deputado Charles Stenholm,
democrata do Texas e influente
membro da Comissão de Agricultura do Congresso, chegou a afirmar que o processo brasileiro do
algodão "trouxe uma nova dimensão às negociações comerciais: o litígio".
Zoellick afirmou aos deputados
que seria "um erro" tentar resolver as disputas na área agrícola
por meio de litígios e defendeu
uma maior negociação.
Colaborou Fernando Canzian,
de Washington
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