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FALSIFICAÇÃO
País mantém Brasil na lista dos maiores vendedores de produtos fraudados e cita centros de compras populares de SP
EUA colocam 25 de Março na lista da pirataria
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
É a fama mundial, embora por
motivos tortos: a 25 de Março, rua
comercial do centro de São Paulo,
foi colocada na lista da pirataria
mundial pelo relatório anual do
Departamento de Comércio norte-americano. Não só. Com o
Shopping 25 de Março entraram
os centros comerciais Promocenter e Stand Center, na Paulista.
O "Relatório 301 Especial", do
Escritório do Representante Comercial dos EUA (USTr, na sigla
em inglês, espécie de ministro do
Comércio Exterior), é divulgado
todo ano e aponta as regiões do
mundo em que há violação dos
direitos de propriedades intelectuais em países que são seus parceiros comerciais. Contabiliza
ainda o que esses países fazem para melhorar a situação.
No de ontem, o relatório aponta
outras regiões do mundo em que
a pirataria é tolerada, entre elas a
Tríplice Fronteira (Brasil, Argentina e Paraguai) e mercados populares na China, no México e na
Rússia. Indica ainda três sites que
praticariam a violação dos direitos intelectuais, chamados "mercados virtuais", um chinês (Baidu), um russo (allofmp3) e um
taiwanês (Kuro).
Sobre os centros comerciais
paulistanos, o texto afirma: "No
final de 2005, mais de 1.500 policiais e membros de outras agências brasileiras fizeram blitze nesses mercados enormes e conhecidos. Concedendo que os efeitos
nas vendas de produtos pirateados ou falsificados são temporários, as agências e os fiscais se
comprometeram a continuar
com tais ações".
A lista é dividida em três classificações, "Países estrangeiros prioritários", "Países na lista de vigilância prioritária", "Países e região na lista de vigilância", de gravidade decrescente, e a especial
"País na lista de monitoramento".
No relatório de 2004, apenas a
Ucrânia constava do primeiro,
que neste ano não traz nenhum;
do último faz parte só o Paraguai.
O Brasil permaneceu na segunda classificação, assim como seus
parceiros do bloco Bric (Brasil,
China, Índia e Rússia). Israel quase foi para a primeira, mas seguiu
junto com o Brasil.
Mas as duas prioridades do órgão, segundo Robert Portman,
ainda titular da pasta na elaboração do relatório, continuam Rússia e China, especialmente a última. "O governo continua a usar
nossas ferramentas comerciais de
maneira energética e inovadora
para pressionar a China a resolver
seus problemas na área de direitos intelectuais", disse Portman,
hoje comandando o Orçamento.
Sobre o Brasil especificamente,
o relatório "parabeniza" o país
pelo progresso na área, especialmente pela criação do Conselho
Nacional de Combate à Pirataria
(CNCP) e pelo aumento das ações
policiais. Em 2004, o USTr havia
iniciado uma Revisão Anual do
Sistema Geral de Preferências sobre a imposição dos direitos de
propriedade intelectual pelo Brasil, que foi encerrada em janeiro
deste ano sem punição ao país.
"Apesar dos esforços, no entanto, há níveis altos de pirataria e de
produtos falsificados, e os processos criminais continuam mínimos", continua o texto. O relatório cita ainda "preocupação" com
o que chama de "falta de proteção
contra comercialização injusta"
de informações submetidas pela
indústria farmacêutica ao escritório de patentes.
MPA elogia
A manutenção do país na segunda categoria mais grave recebeu o apoio da divisão latino-americana da Motion Picture Association (MPA), uma espécie de
Fiesp dos grandes estúdios de
Hollywood. "O Brasil fez grandes
avanços nos últimos dois anos demonstrando sua determinação
em combater a pirataria em todos
os níveis do governo, mas ainda
resta muito trabalho a ser feito,"
disse Steve Solot, vice-presidente
para a região. Segundo a entidade,
o confisco de produtos pirateados
no país cresceu 130% em 2005, e
US$ 84 milhões de mercadorias
pirateadas foram apreendidas.
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