São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2008

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Indústria vê escalada de preços de insumos

Alta dos custos de fabricação preocupa mais do que a elevação dos juros, aponta pesquisa da CNI com 1.490 empresas

Sondagem aponta redução na utilização da capacidade instalada, que passou de 80% no final de 2007 para 75% no 1º trimestre deste ano


LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Pesquisa realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) com 1.490 indústrias mostrou que os dirigentes de grandes, médias e pequenas empresas do país estão mais preocupados com a escalada dos preços das matérias-primas do que com juros, falta de demanda ou dificuldades de capital de giro.
O setor industrial aponta que a valorização de matérias-primas, como petróleo, alimentos e produtos minerais, tem pressionado os custos de fabricação e gerado risco de repasse para alguns preços no varejo.
De acordo com a CNI, entre as grandes empresas o alto custo das matérias-primas foi apontado por 34% dos consultados como um dos três maiores problemas, atrás da carga de impostos e do câmbio. No último trimestre de 2007, esse percentual havia sido de 25%.
O gerente da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, analisou que o aumento de preços dos insumos, por ser um fato de repercussão internacional, tende a provocar o que os economistas chamam de mudança de preço relativo (provocada por um fato estrutural e não sazonal).
Ele acrescenta que essa pressão de custos pode aumentar os preços finais de alguns produtos industriais, mas que esses repasses não seriam generalizados porque a economia brasileira não está mais indexada como ocorria nos anos de inflação elevada.
Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) e ex-assessor do Ministério da Fazenda, disse que a valorização das comodities tem provocado inflação de custos localizadas em alguns segmentos, como cadeia petrolífera, indústrias químicas, fábricas de alimentos e siderúrgicas. "O aumento de custos ainda não é generalizado e tem sido absorvido por algumas cadeias produtivas porque a indústria brasileira tem tido ganhos médios de produtividade de 4% ao ano", avaliou.
A sondagem feita pela CNI detectou redução no uso da capacidade instalada, que passou de 80% no último trimestre do ano passado para 75% no primeiro trimestre deste ano.
De acordo com a sondagem, as indústrias mantiveram o ritmo dinâmico de crescimento nos três primeiros meses de 2008, registrando expansão da produção e de pessoal empregado na comparação com o primeiro e o último trimestres de 2007. Dos 27 segmentos pesquisados, 14 apresentaram indicadores positivos de expansão com destaque para montadoras de veículos, indústrias de produtos de limpeza e de perfumaria. Os setores que apresentaram baixos indicadores de produção foram fábricas de calçados, de madeira e de álcool.
A enquete não tratou de expectativas dos empresários em relação à última decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, que no último dia 16 aumentou a taxa de juros básica (Selic) de 11,25% para 11,75% ao ano.


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