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Indústria vê escalada de preços de insumos
Alta dos custos de fabricação preocupa mais do que a elevação dos juros, aponta pesquisa da CNI com 1.490 empresas
Sondagem aponta redução na utilização da capacidade instalada, que passou de 80% no final de 2007 para 75% no 1º trimestre deste ano
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pesquisa realizada pela CNI
(Confederação Nacional da Indústria) com 1.490 indústrias
mostrou que os dirigentes de
grandes, médias e pequenas
empresas do país estão mais
preocupados com a escalada
dos preços das matérias-primas do que com juros, falta de
demanda ou dificuldades de capital de giro.
O setor industrial aponta que
a valorização de matérias-primas, como petróleo, alimentos
e produtos minerais, tem pressionado os custos de fabricação
e gerado risco de repasse para
alguns preços no varejo.
De acordo com a CNI, entre
as grandes empresas o alto custo das matérias-primas foi
apontado por 34% dos consultados como um dos três maiores problemas, atrás da carga de
impostos e do câmbio. No último trimestre de 2007, esse percentual havia sido de 25%.
O gerente da Unidade de Pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, analisou que o aumento de
preços dos insumos, por ser um
fato de repercussão internacional, tende a provocar o que os
economistas chamam de mudança de preço relativo (provocada por um fato estrutural e
não sazonal).
Ele acrescenta que essa pressão de custos pode aumentar os
preços finais de alguns produtos industriais, mas que esses
repasses não seriam generalizados porque a economia brasileira não está mais indexada como ocorria nos anos de inflação
elevada.
Júlio Sérgio Gomes de Almeida, consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) e ex-assessor do Ministério da Fazenda, disse que a valorização das
comodities tem provocado inflação de custos localizadas em
alguns segmentos, como cadeia
petrolífera, indústrias químicas, fábricas de alimentos e siderúrgicas. "O aumento de custos ainda não é generalizado e
tem sido absorvido por algumas cadeias produtivas porque
a indústria brasileira tem tido
ganhos médios de produtividade de 4% ao ano", avaliou.
A sondagem feita pela CNI
detectou redução no uso da capacidade instalada, que passou
de 80% no último trimestre do
ano passado para 75% no primeiro trimestre deste ano.
De acordo com a sondagem,
as indústrias mantiveram o ritmo dinâmico de crescimento
nos três primeiros meses de
2008, registrando expansão da
produção e de pessoal empregado na comparação com o primeiro e o último trimestres de
2007. Dos 27 segmentos pesquisados, 14 apresentaram indicadores positivos de expansão com destaque para montadoras de veículos, indústrias de
produtos de limpeza e de perfumaria. Os setores que apresentaram baixos indicadores de
produção foram fábricas de calçados, de madeira e de álcool.
A enquete não tratou de expectativas dos empresários em
relação à última decisão do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, que no
último dia 16 aumentou a taxa
de juros básica (Selic) de
11,25% para 11,75% ao ano.
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