São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 2008

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Bradesco lucra R$ 2,1 bi no 1º trimestre

Continuidade na expansão do crédito e retorno maior com seguros favorecem aumento de 23,3% no resultado em 12 meses

Ganho é o maior, para um primeiro trimestre, de um banco nacional privado em 20 anos; em relação ao final de 2007, houve queda de 4%


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto os bancos decepcionam os investidores nos Estados Unidos e na Europa, por aqui o setor segue mantendo a exuberância demonstrada nos últimos anos. Ontem o Bradesco abriu a safra de balanços de 2008 com o anúncio de lucro líquido de R$ 2,102 bilhões no primeiro trimestre do ano.
O resultado representou alta de 23,3% em relação aos números dos primeiros três meses de 2007. Segundo levantamento da consultoria Economática, foi o melhor resultado para um primeiro trimestre alcançado por um banco nacional privado nos últimos 20 anos. Em relação ao último trimestre de 2007, houve recuo de 4% no lucro. Mas o resultado do período foi inflado por efeitos extraordinários, como a venda das participações que detinha na Bovespa e na BM&F.
O crescimento do lucro do Bradesco teve na contínua expansão do crédito um de seus motores. O segmento de seguros também demonstrou sua potencialidade e aumentou sua participação no resultado, que chegou a 39% do total -contra 31% um ano antes.
Ao menos por enquanto, as medidas oficias para esfriar a economia, como a retomada do processo de elevação da taxa básica de juros, não afetaram a concessão de crédito. A carteira da instituição financeira cresceu 38,5% em 12 meses e encostou em inéditos R$ 170 bilhões.
"O crédito tinha uma demanda reprimida muito forte. Somado esse fator ao aumento de renda e emprego do brasileiro, o crédito cresceu muito", afirma Márcio Cypriano, presidente do Bradesco. "E o crédito vai continuar crescendo", avalia.
A maior fatia da carteira de crédito do banco está nas mãos do segmento de pessoas físicas (com R$ 62,226 bilhões). Em seguida aparecem as grandes empresas (R$ 61,464 bilhões) e, depois, as pequenas e médias empresas (R$ 45,718 bilhões). O banco projeta que sua carteira de crédito se expanda entre 21% e 25% neste ano.
Para Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, uma alta de até mais 1,5 ponto percentual na taxa básica Selic não deve afetar a expansão do crédito. A Selic foi elevada neste mês de 11,25% para 11,75% anuais. Os analistas de mercado projetam que a taxa básica alcançará os 13% no fim do ano.
"Os grandes bancos devem apresentar resultados em linha com o divulgado pelo Bradesco hoje [ontem]. Para o ano todo, o setor bancário deve mostrar crescimento do lucro em torno de 20%", projeta Rodrigues.
O balanço do Bradesco mostrou que, mesmo com o ritmo ainda elevado na concessão de crédito, o índice de inadimplência para pessoa física tem se mantido estável há 12 meses, em 6,4% (para vencimentos acima de 90 dias). Em 2006, o aumento da inadimplência fez o setor bancário segurar o ritmo de liberação de crédito.
O segmento que perdeu espaço no resultado do banco foi o de receitas com serviços (que inclui cobrança de tarifas, taxas de fundos e outros), que recuou de um participação de 29% do total no 1º trimestre de 2007 para 25% no mesmo período de 2008. Nos serviços de conta corrente, a receita obtida subiu apenas 0,7% em 12 meses.


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