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Governo deve endurecer regra para fundos de pensão
Desconfiança é que haja superávits "artificiais"
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os fundos de pensão podem
estar inflando seus balanços
com superávits "artificiais".
Preocupada com o destino de
R$ 43 bilhões que as entidades
registram estar disponíveis para revisão de seus planos de
aposentadoria, a SPC (Secretaria de Previdência Complementar) prepara uma resolução para endurecer as regras de
apuração e utilização dos superávits por parte dos fundos.
De acordo com os balancetes
dos fundos, os planos de previdência complementar acumulavam, até dezembro do ano
passado, superávit de R$ 76,155
bilhões. Desse total, 25% são
destinados a uma reserva de
contingência, uma espécie de
colchão para amortecer eventuais riscos a serem enfrentados pelos planos.
Pela legislação, o restante do
superávit -ou seja R$ 43,498
bilhões- pode ser aplicado pelas entidades na revisão de seus
planos de previdência. Isso
quer dizer que os fundos podem usar esse montante para
reduzir contribuição dos participantes e das empresas patrocinadoras ou para aumentar o
valor dos benefícios.
A secretaria teme que essas
revisões coloquem em risco a
saúde do sistema.
"Um plano de previdência
complementar não é para tornar ninguém milionário. Antes
de tratar da destinação do superávit, precisamos definir esse superávit em bases mais sólidas para preservar o fundo para
o futuro", declarou o secretário
de Previdência Complementar,
Ricardo Pena.
A proposta da secretaria é
exigir que os fundos revejam
suas premissas para cálculo do
superávit. Isso significa, por
exemplo, adequação de tábuas
de mortalidade e revisão de
metas de rentabilidade dos ativos. A SPC também quer mais
rigor na hora de os fundos "precificarem" seus ativos.
Segundo eles, muitos fundos
atualmente encaram dívidas de
patrocinadores como ativos.
As novas regras deverão ser
tratadas em uma resolução a
ser aprovada pelo Conselho de
Gestão da Previdência Complementar até o final de maio.
"A resolução vai dar um padrão mínimo para apurar o superávit. Hoje depende muito do
regulamento do fundo. Vamos
fazer simulações e ver o impacto das novas exigências no superávit do sistema. Pode ser
que esse valor [R$ 76 bilhões]
tenha redução. Quando se apura da maneira incorreta, pode
se gerar superávit artificial",
disse Pena.
Além de mudar as regras para calcular o excedente, a resolução ainda fixará como esses
recursos deverão ser utilizados.
Em vez de elevar benefícios,
por exemplo, a primeira destinação deverá ser a redução de
contribuições para participantes e patrocinadores.
Pena admite que a resolução
deverá enfrentar resistência
principalmente por parte das
associações ligadas a participantes.
O governo, no entanto, tem
maioria no conselho de gestão e
deverá aprovar facilmente a
mudança de regras. "Mas a
idéia é decidir com consenso",
afirmou o secretário.
Inicialmente, o governo pretendia apenas recomendar novas regras de prudência para os
fundos. Ontem, Pena afirmou
que essa idéia foi posta de lado,
e a resolução será impositiva. O
descumprimento implicará penalidades para os administradores dos fundos.
Procurada pela Folha, a
Abrapp (Associação Brasileira
de Entidades Fechadas de Previdência Privada) não se manifestou sobre a proposta de mudanças.
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