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Indústria vê recuperação "frágil" da atividade
Ritmo de produção se mantém estável em março, com avanço de 0,5%, mas recua 15% no 1º tri na comparação com 2008
Especialistas afirmam que indústria não mostra vigor na recuperação após a forte retração do setor desde
o final do ano passado
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O nível de atividade da indústria paulista se manteve estável
em março, segundo a Fiesp
(Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo). Os dados
da associação indicam que a
atividade industrial parou de
cair, mas que a retomada do
crescimento será lenta.
O INA (Indicador de Nível de
Atividade) subiu 0,5% em março em relação a fevereiro (resultado com ajuste sazonal).
Sem a correção, o crescimento
foi de 10,4% -o dado não indica
recuperação porque março tem
mais dias úteis e, tradicionalmente, registra crescimento
expressivo ante o mês anterior.
A pesquisa mostra que o nível de atividade em que a indústria paulista se estabilizou no
primeiro trimestre é muito inferior ao de igual período do
ano passado. A queda foi de
14,9% em relação a janeiro a
março de 2008, a maior desde
2003 nessa comparação.
"O choque na indústria foi
forte, e a capacidade de recuperação nos três primeiros meses
do ano foi frágil. Não existe um
impulso de recuperação da
grande queda que sofremos",
diz Paulo Francini, diretor do
Departamento de Pesquisas e
Estudos Econômicos da Fiesp.
A federação revela que o número de horas pagas aos trabalhadores na indústria paulista
caiu 1,1% ante fevereiro na série
ajustada sazonalmente. O indicador de horas trabalhadas na
produção teve retração de 0,7%
(dado com correção). O nível de
utilização da capacidade instalada foi de 76,7% em março, o
menor desde julho de 2003.
Para Francini, enquanto os
setores que têm mais peso para
a indústria não recuperarem o
ímpeto de crescimento, o setor
deve avançar devagar. Os sete
segmentos mais importantes
-que juntos têm 40% de participação na indústria de São
Paulo- tiveram contração de
23% no ano em relação a 2008.
Entre eles estão metalurgia básica, produtos metálicos exceto
máquinas e equipamentos e
veículos automotores.
A indústria têxtil, no entanto,
retomou o fôlego. A atividade
do setor cresceu quase 3% em
março ante fevereiro, na série
ajustada sazonalmente. Vendas
e horas trabalhadas também
cresceram, segundo a Fiesp.
Perspectivas melhores
Ariadne Vitoriano, analista
da consultoria Tendências,
afirma que a indústria deve começar a se recuperar de forma
mais vigorosa a partir do meio
deste ano. "A queda brusca no
final do ano passado foi mais
um ajuste de estoques. Quando
esse ajuste se esgotar, a indústria deve crescer, não ao nível
em que estava no ano passado,
mas em nível melhor do que
nos primeiros meses do ano."
O indicador Sensor da Fiesp,
que monitora a expectativa dos
empresários na quinzena atual,
indica que, pela primeira vez
desde outubro do ano passado,
a sensação dos empresários para o nível de emprego é positiva. A percepção também foi favorável para mercado, vendas e
investimentos.
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