Famílias cadastradas no novo programa habitacional dizem "reservar" terreno para evitar ocupação por outros grupos

Acampamento foi erguido em terreno destinado à construção de 350 casas na área urbana de Cascavel (PR), já desocupada pela polícia

LUIZ CARLOS DA CRUZ
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM CASCAVEL

Um grupo de 20 famílias que estão cadastradas no Minha Casa, Minha Vida invadiu uma área pública de 140 mil m2 destinada ao programa habitacional do governo federal, em Cascavel (a 498 km de Curitiba), no Paraná.
O terreno foi invadido na noite de segunda-feira. Só no fim da tarde de ontem, o Pelotão de Choque da PM (Polícia Militar) retirou os invasores. Não houve resistência e as próprias famílias desmontaram os barracos.
A saída aconteceu após a Justiça do Paraná conceder liminar a um interdito proibitório -recurso judicial que impede invasões- impetrado pela Prefeitura de Cascavel. A decisão judicial determinava também multa diária de R$ 100 por pessoa, caso os invasores não deixassem o local.
Como já havia ameaça de invasão, a Procuradoria Jurídica da prefeitura entrou com a ação antes mesmo de as famílias entrarem na área. O movimento foi liderado por José Luiz de Oliveira, que se identifica como "porta-voz das famílias sem moradias". No início da tarde, antes da desocupação, havia 20 barracos construídos e outros em construção.
Oliveira, no entanto, disse que não se tratava de uma invasão. Segundo ele, as famílias entraram no local para "guardar" a área depois de uma ameaça de invasão por parte de outro grupo.
Na tarde de segunda-feira, o prefeito Edgar Bueno (PDT) convocou reunião com moradores do bairro Paulo Godoy, onde fica a área, e informou que a invasão pretendida por eles poderia prejudicar o andamento do projeto habitacional.
"Aquele terreno está destinado à construção de 350 casas do projeto Minha Casa, Minha Vida. Portanto, para conseguir uma casa lá, é necessário fazer o cadastro e aguardar a aprovação. Nós devemos acabar com essa ideia de invasão. Isso só prejudica. Se houver invasão no local, o projeto naquela região pode ser prejudicado", disse o prefeito.
Os moradores ignoraram a sugestão do prefeito e começaram a montar os barracos por volta das 22h de anteontem. Bueno classificou a invasão de "abuso" e disse que a ação é reflexo da impunidade.
"As pessoas entram nas áreas, assumem, tomam conta, invadem e não têm punição nenhuma. Isso faz aumentar o número de pessoas que praticam invasões. O país está infestado desse tipo de mentalidade", afirmou.

Fila
Em Cascavel, mais de 11 mil pessoas estão cadastradas no programa Minha Casa, Minha Vida. O projeto prevê a construção de 4.000 casas na cidade nos próximos anos.
Um dia após a lançamento do programa, em 25 de março, mais de 2.500 pessoas fizeram fila para se cadastrar apenas em Cascavel. Mas o cadastramento no Minha Casa, Minha Vida não leva em conta a ordem de chegada, pois se trata até agora de um pré-cadastro para seleção das famílias.
Em outros Estados, também houve formação de filas nos primeiros dias.


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