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Senado entra na guerra da banda larga sem fio
Operadoras de celular e TVs pagas disputam Wimax, que permite oferta de internet rápida
Anatel retarda a entrada da nova tecnologia; senadores decidem acompanhar mais de perto distribuição de frequência e cobrar agilidade
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Há uma guerra surda entre as
operadoras de telefonia celular
e empresas de TV por assinatura pelas faixas de frequência
que vão viabilizar o crescimento da banda larga sem fio.
O Senado entrou na disputa
e, anteontem, informou à direção da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) que
vai acompanhar de perto a mudança na regulamentação do
uso da faixa de frequência de
2,5 gigahertz, alvo da queda de
braço entre as empresas.
A disputa começou há três
anos, com o desenvolvimento
da tecnologia Wimax, para
transmissão móvel de dados,
que rivaliza com a internet das
operadoras de telefonia celular.
Nas últimas semanas, ganhou
força, por conta da iminência
de divulgação do Plano Nacional de Banda Larga (PNBL).
A faixa de frequência de 2,5
gigahertz está reservada para a
TV por assinatura via micro-ondas, conhecida pela sigla
MMDS, que possui apenas 347
mil assinantes em todo o país,
ou seja, 4,4% do mercado.
As teles querem parte das
frequências que estão reservadas ao MMDS. Elas argumentam que o tráfego de dados em
suas redes cresce em ritmo explosivo e que há risco de "caladão" se não receberem mais
frequências.
Pelo lado das TVs pagas, a
briga é liderada pela Sky, que
opera TV por assinatura via satélite, controlada pela DirecTV,
dos EUA. Visando usar a tecnologia Wimax para oferecer banda larga móvel no Brasil, a Sky
comprou, em 2008, 12 operações de MMDS no país, incluindo seis capitais (Belo Horizonte, Goiânia, Brasília, Vitória,
Belém e Porto Velho).
A Telefônica também comprou operações de MMDS pertencentes ao Grupo Abril, imaginando igualmente oferecer
banda larga pela tecnologia Wimax no Rio de Janeiro, São
Paulo, Curitiba e Porto Alegre.
Agência
A Anatel, no entanto, barrou
os planos das empresas e vem
adiando a homologação dos
equipamentos para uso da tecnologia Wimax na faixa de 2,5
gigahertz enquanto avalia qual
seria o melhor uso para os 190
canais reservados ao MMDS.
Faixas de frequência são
bens que pertencem à União.
Grupos privados recebem autorização para operar as faixas
e fornecer vários serviços, que
vão desde TV aberta e rádio a
TV por assinatura, passando
por acesso a internet sem fio e
telefonia móvel.
Oficialmente, a direção da
Anatel não se pronuncia sobre
os pedidos de homologação dos
equipamentos de Wimax feitos
pelas empresas, mas os processos ficam engavetados. Internamente, prevalece na agência
o entendimento de que a frequência reservada para o
MMDS está ociosa e que pelo
menos parte dos canais deve
ser retomada pela União. Apesar do entendimento, não há
tomada de decisão na agência.
A Anatel colocou em consulta pública um novo regulamento para o MMDS, que propõe
reduzir de 190 para 50 o total
de canais reservados ao serviço.
A Neotec, associação que representa as empresas de
MMDS, propôs à Anatel a redução para 90 canais.
É nesse estágio da disputa
que se dá a ação do Senado. O
presidente da Comissão de
Ciência e Tecnologia do Senado, Flexa Ribeiro (PSDB-PA),
criou um grupo de trabalho para acompanhar a consulta pública da agência.
Anteontem, ele e quatro integrantes da comissão -os senadores Cícero Lucena (PSDB-PB), Antônio Carlos Magalhães
Júnior (DEM-BA), Roberto Cavalcanti (PRB-PB) e Renato
Casagrande (PSB-ES)- reuniram-se com o presidente da
Anatel, Ronaldo Sardenberg.
Flexa Ribeiro disse que foi
cobrar mais agilidade da Anatel. ""O interesse do Senado é
aumentar a competição na
oferta da banda larga e diminuir o preço do serviço. É preciso saber por que o processo não
anda", disse, dando eco às queixas das empresas de TV paga.
Portugueses reclamam
Entre operadoras de MMDS,
é geral a queixa com a demora
do órgão regulador em autorizar o ingresso da nova tecnologia da banda larga sem fio.
A Acom Comunicações, de
controle português, que tem
100 mil assinantes do serviço,
em 53 cidades, se diz frustrada
com sua experiência no Brasil.
João Reino, vice-presidente do
Conselho de Administração da
empresa, diz que o grupo investiu US$ 300 milhões na compra
de licenças e implantação de
redes e que tem enfrentado
""tempos ruins e incertezas".
Ele atribui a resistência da
Anatel em homologar os equipamentos para o Wimax ao
lobby das teles de celular. ""Elas
não querem concorrência.
Querem ser as donas da banda
larga móvel", diz o empresário
português. A Acom, segundo
ele, comprou as licenças em licitações públicas feitas pela
Anatel no final dos anos 90.
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