São Paulo, quinta-feira, 29 de abril de 2010

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Pequenos provedores veem com ceticismo proposta do Planalto

DA SUCURSAL DO RIO

Os 1.900 pequenos provedores de acesso à internet espalhados pelo interior do Brasil acompanham com desconfiança a discussão sobre o Plano Nacional de Banda Larga do governo Lula e não acreditam ser viável a venda do serviço ao usuário final a R$ 35 por mês, como apostam o Ministério do Planejamento e a Casa Civil da Presidência da República.
O plano ainda está em discussão, mas o governo já deixou claro seu objetivo de usar a rede de fibras óticas em poder das empresas estatais de energia elétrica para baixar o custo da transmissão de dados para um valor médio de R$ 230 o link para velocidade de 1 mega.
""Quem fez esta conta não tem conhecimento da realidade brasileira", reage Leopoldo Correa, um dos proprietários da Ada Telecomunicações, que oferece acesso à internet nas cidades de Unaí, Monte Carmelo e Paracatu, em Minas Gerais, e em Cristalina, em Goiás.
O empresário diz que paga R$ 3.600 mensais por 1 mega, em Unaí, o que o leva a cobrar R$ 520 por mês para oferecer a mesma velocidade ao usuário final. Ele diz que, para reduzir o custo para o usuário final para R$ 35 mensais, o governo terá de diminuir impostos, desonerar a folha salarial e oferecer empréstimos de longo prazo a juros menores.

Sertão
No sertão da Paraíba, o descrédito em relação à promessa do governo é igual. Anchieta Barros, proprietário da Cariri Web, da cidade de Sumé, diz que não vê com bons olhos o plano em gestação no governo federal. ""Fico apreensivo. Para levar banda larga a R$ 35 ao usuário final vai ser preciso muito subsídio do governo."
Segundo os provedores, a primeira dificuldade para alcançar essa meta está na grande variação dos preços cobrados pelas companhias telefônicas para dar acesso à sua infraestrutura de transmissão.
Quanto mais isolada a localidade e menos lucrativo o mercado, maior é o custo de transmissão. Que o diga Antonio Carlos Coelho Dias, provedor de internet de Riachão, no sul do Maranhão.
Sua empresa, Riachão Net, foi buscar o sinal da internet a 100 km de distância, em Filadélfia (Tocantins), onde contratou com a Oi um link de 2 mega por R$ 3.500 mensais. Ele leva o sinal por rádio. Se quisesse contratar a conexão em Riachão, diz, a mesma Oi cobraria R$ 5.900 mensais, porque não tem a mesma disponibilidade de rede. Riachão tem cerca de 200 usuários de internet e o empresário não acredita que haja potencial para mais, porque a cidade vive da renda dos aposentados e da receita em torno da prefeitura.

Telebrás
O receio de que a Telebrás venha a competir com as empresas privadas é um ponto de convergência entre os pequenos provedores de internet e as teles. ""Vemos com bons olhos o papel do Estado como regulador, mas somos contra uma estatal competir com as empresas privadas. A estatal vai inflar o custo da máquina pública e virar cabide de emprego", diz o presidente da Internet Sul (associação de provedores do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), Fábio Vergani. (EL)


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