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Pequenos provedores veem com ceticismo proposta do Planalto
DA SUCURSAL DO RIO
Os 1.900 pequenos provedores de acesso à internet espalhados pelo interior do Brasil
acompanham com desconfiança a discussão sobre o Plano
Nacional de Banda Larga do governo Lula e não acreditam ser
viável a venda do serviço ao
usuário final a R$ 35 por mês,
como apostam o Ministério do
Planejamento e a Casa Civil da
Presidência da República.
O plano ainda está em discussão, mas o governo já deixou
claro seu objetivo de usar a rede
de fibras óticas em poder das
empresas estatais de energia
elétrica para baixar o custo da
transmissão de dados para um
valor médio de R$ 230 o link
para velocidade de 1 mega.
""Quem fez esta conta não
tem conhecimento da realidade brasileira", reage Leopoldo
Correa, um dos proprietários
da Ada Telecomunicações, que
oferece acesso à internet nas cidades de Unaí, Monte Carmelo
e Paracatu, em Minas Gerais, e
em Cristalina, em Goiás.
O empresário diz que paga
R$ 3.600 mensais por 1 mega,
em Unaí, o que o leva a cobrar
R$ 520 por mês para oferecer a
mesma velocidade ao usuário
final. Ele diz que, para reduzir o
custo para o usuário final para
R$ 35 mensais, o governo terá
de diminuir impostos, desonerar a folha salarial e oferecer
empréstimos de longo prazo a
juros menores.
Sertão
No sertão da Paraíba, o descrédito em relação à promessa
do governo é igual. Anchieta
Barros, proprietário da Cariri
Web, da cidade de Sumé, diz
que não vê com bons olhos o
plano em gestação no governo
federal. ""Fico apreensivo. Para
levar banda larga a R$ 35 ao
usuário final vai ser preciso
muito subsídio do governo."
Segundo os provedores, a
primeira dificuldade para alcançar essa meta está na grande variação dos preços cobrados pelas companhias telefônicas para dar acesso à sua infraestrutura de transmissão.
Quanto mais isolada a localidade e menos lucrativo o mercado, maior é o custo de transmissão. Que o diga Antonio
Carlos Coelho Dias, provedor
de internet de Riachão, no sul
do Maranhão.
Sua empresa, Riachão Net,
foi buscar o sinal da internet a
100 km de distância, em Filadélfia (Tocantins), onde contratou com a Oi um link de 2
mega por R$ 3.500 mensais.
Ele leva o sinal por rádio. Se
quisesse contratar a conexão
em Riachão, diz, a mesma Oi
cobraria R$ 5.900 mensais,
porque não tem a mesma disponibilidade de rede. Riachão
tem cerca de 200 usuários de
internet e o empresário não
acredita que haja potencial para mais, porque a cidade vive da
renda dos aposentados e da receita em torno da prefeitura.
Telebrás
O receio de que a Telebrás venha a competir com as empresas privadas é um ponto de convergência entre os pequenos
provedores de internet e as teles. ""Vemos com bons olhos o
papel do Estado como regulador, mas somos contra uma estatal competir com as empresas privadas. A estatal vai inflar
o custo da máquina pública e
virar cabide de emprego", diz o
presidente da Internet Sul (associação de provedores do Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul), Fábio Vergani.
(EL)
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