São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 2002

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CONJUNTURA

Indicadores do varejo mostram que as vendas não deslancharam

Indústria e comércio ainda encolhem neste trimestre

ADRIANA MATTOS
FÁTIMA FERNANDES

DA REPORTAGEM LOCAL

O insignificante desempenho da indústria e do comércio nos primeiros três meses do ano voltou a se repetir até a metade deste segundo trimestre. Indicadores do varejo apontam queda no faturamento do setor em abril e empate neste mês em relação ao mesmo período de 2001. Representantes da indústria esperam alguma expansão da capacidade produtiva das fábricas só a partir de julho.
"Do jeito que as coisas estão não dá para esperar nenhuma reação positiva dentro das empresas", diz Boris Tabacof, vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
"Neste mês devemos ficar no elas por elas, ou seja, registrar um resultado de vendas semelhante ao verificado em igual período de 2001", afirma Marcel Solimeo, economista da Associação Comercial de São Paulo.
Clarice Messer, diretora do Departamento Econômico da Fiesp, diz que a maioria dos empresários não tem expectativa de melhora dos negócios neste trimestre. E, se houver recuperação no segundo semestre, será menor do que se previa no início do ano.
A Fiesp, que projetava para este ano crescimento para o setor de até 3%, reviu esse número para 2%. "A nova política de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) e os juros elevados punem as operações de crédito. Isso pode comprometer até mesmo os primeiros meses de 2003, além de desestimular os investimentos."
A indústria e o comércio despencaram na mesma velocidade nos primeiros três meses do ano. Dados apresentados ontem pelo IBGE mostram retrações da indústria e do comércio de 3,91% e 4%, respectivamente.
Essa queda conjunta é um indicador negativo. Isso porque a indústria trabalha com pedidos antecipados do varejo. Ela entregou em março o que as lojas venderam em abril e neste mês.
Se as fábricas já entregaram menos itens ao comércio nos meses passados, isso quer dizer que o varejo já não prevê aumento de vendas neste trimestre.
Especialistas que tomaram conhecimento ontem dos resultados do PIB no primeiro trimestre concordam que só a retração nos juros e maiores exportações podem dar fôlego à economia.
Simone Saisse, coordenadora-adjunta da área de política econômica da CNI, diz que a expectativa é de mais desaceleração da indústria neste trimestre. Isso porque na passagem do primeiro para o segundo trimestres o dólar voltou a subir e houve a interrupção na queda dos juros.



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