São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 2002

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TRABALHO

País tem 11,454 milhões sem emprego e perde só para a Índia, com 41 milhões; há 20 anos, Brasil estava em 9º

Brasil é o 2º do mundo em desemprego

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial do desemprego em números absolutos, com 11,454 milhões de pessoas sem trabalho em 2000. Perde apenas para a Índia, com 41,344 milhões de desempregados.
Há 20 anos, o país estava na nona posição, com 964,2 mil desempregados. Em 90, ocupava o sexto lugar, com 2,368 milhões. Em 2000, havia 164,4 milhões de desempregados no mundo.
Os dados fazem parte do estudo "Globalização e Desemprego: Breve Balanço da Inserção Brasileira", divulgado ontem pela Secretaria de Desenvolvimento,Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo. Os números referem-se ao ano 2000, com base em informações do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), da OIT (Organização Internacional do Trabalho), do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Mundial, entre outras entidades internacionais.
"Os países desenvolvidos sofreram mais com o desemprego na década de 80. A partir dos anos 90 -e, portanto, da globalização-, a desigualdade entre as nações aumentou. Os mais desenvolvidos colheram melhores resultados econômicos e sociais, registrando queda na participação no desemprego mundial. As nações não-desenvolvidas perderam participação no PIB [Produto Interno Bruto" e ganharam no desemprego", disse o secretário municipal do Trabalho, o economista Marcio Pochmann. "Também quebra o mito de que a inovação tecnológica traz o desemprego. Não, ela aumenta as chances de crescimento de um país."
O secretário cita como exemplo o que ocorreu nos países que integram o G-7 (grupo que reúne os países mais ricos do mundo). Em 80, dos oito países com maior número de desempregados, cinco pertenciam a esse grupo: EUA, Itália, Inglaterra, França e Japão. Em 2000, eram apenas três -EUA, Alemanha e Japão.
"Os países em desenvolvimento fizeram o caminho inverso. O Brasil perdeu participação na soma do PIB e disparou no ranking do desemprego mundial, superando o total de desempregados dos EUA, da Rússia, da Alemanha e até da Indonésia", afirmou.
O estudo revela ainda que, apesar de o Brasil possuir 3% de toda a força de trabalho do mundo, responde por 7% do desemprego mundial. Há duas décadas, concentrava 2,6% da PEA (População Economicamente Ativa) e 1,7% do desemprego mundial.
Em relação à taxa de desemprego, levantamento feito com 114 países mostra que o Brasil passou da 91ª posição com 2,2%, em 80, para o 23º lugar, com 15% de taxa de desemprego, em 2000, ficando atrás da Argentina, na 22ª posição com 15,1%. Já os EUA passaram do 27º lugar nesse ranking, com 7,2% de taxa de desemprego, em 80, para o 64º em 2000, com 4%.
Para Pochmann, o Brasil se inseriu "mal" no mundo globalizado. "A falta de políticas voltadas para a expansão econômica associada à globalização fez com que o país abrisse sua economia sem critérios. Fomos passivos nesse processo. O resultado foi desastroso para o mercado de trabalho." Ele cita como exemplo de perda de oportunidade a instalação de bancos estrangeiros no Brasil. "Poderíamos deixar que viessem em troca de reduzir a nossa dívida externa."
O secretário também afirmou que a crise do emprego pode ser invertida se houver crescimento econômico de 6% a 7% ao ano, necessário para gerar cerca de 1,6 milhão de vagas para absorver o número de trabalhadores que ingressam todo ano no mercado de trabalho, além de aumento das exportações e de políticas de incentivo ao crédito.



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