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TRABALHO
País tem 11,454 milhões sem emprego e perde só para a Índia, com 41 milhões; há 20 anos, Brasil estava em 9º
Brasil é o 2º do mundo em desemprego
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil ocupa o segundo lugar no ranking mundial do desemprego em números absolutos, com 11,454 milhões de pessoas sem trabalho em 2000. Perde apenas para a Índia, com 41,344 milhões de desempregados.
Há 20 anos, o país estava na nona posição, com 964,2 mil desempregados. Em 90, ocupava o sexto
lugar, com 2,368 milhões. Em
2000, havia 164,4 milhões de desempregados no mundo.
Os dados fazem parte do estudo
"Globalização e Desemprego:
Breve Balanço da Inserção Brasileira", divulgado ontem pela Secretaria de Desenvolvimento,Trabalho e Solidariedade da Prefeitura de São Paulo. Os números referem-se ao ano 2000, com base em
informações do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), da OIT (Organização Internacional do Trabalho), do FMI
(Fundo Monetário Internacional)
e do Banco Mundial, entre outras
entidades internacionais.
"Os países desenvolvidos sofreram mais com o desemprego na
década de 80. A partir dos anos 90
-e, portanto, da globalização-,
a desigualdade entre as nações aumentou. Os mais desenvolvidos
colheram melhores resultados
econômicos e sociais, registrando
queda na participação no desemprego mundial. As nações não-desenvolvidas perderam participação no PIB [Produto Interno
Bruto" e ganharam no desemprego", disse o secretário municipal
do Trabalho, o economista Marcio Pochmann. "Também quebra
o mito de que a inovação tecnológica traz o desemprego. Não, ela
aumenta as chances de crescimento de um país."
O secretário cita como exemplo
o que ocorreu nos países que integram o G-7 (grupo que reúne os
países mais ricos do mundo). Em
80, dos oito países com maior número de desempregados, cinco
pertenciam a esse grupo: EUA,
Itália, Inglaterra, França e Japão.
Em 2000, eram apenas três
-EUA, Alemanha e Japão.
"Os países em desenvolvimento
fizeram o caminho inverso. O
Brasil perdeu participação na soma do PIB e disparou no ranking
do desemprego mundial, superando o total de desempregados
dos EUA, da Rússia, da Alemanha
e até da Indonésia", afirmou.
O estudo revela ainda que, apesar de o Brasil possuir 3% de toda
a força de trabalho do mundo,
responde por 7% do desemprego
mundial. Há duas décadas, concentrava 2,6% da PEA (População
Economicamente Ativa) e 1,7%
do desemprego mundial.
Em relação à taxa de desemprego, levantamento feito com 114
países mostra que o Brasil passou
da 91ª posição com 2,2%, em 80,
para o 23º lugar, com 15% de taxa
de desemprego, em 2000, ficando
atrás da Argentina, na 22ª posição
com 15,1%. Já os EUA passaram
do 27º lugar nesse ranking, com
7,2% de taxa de desemprego, em
80, para o 64º em 2000, com 4%.
Para Pochmann, o Brasil se inseriu "mal" no mundo globalizado. "A falta de políticas voltadas
para a expansão econômica associada à globalização fez com que o
país abrisse sua economia sem
critérios. Fomos passivos nesse
processo. O resultado foi desastroso para o mercado de trabalho." Ele cita como exemplo de
perda de oportunidade a instalação de bancos estrangeiros no
Brasil. "Poderíamos deixar que
viessem em troca de reduzir a
nossa dívida externa."
O secretário também afirmou
que a crise do emprego pode ser
invertida se houver crescimento
econômico de 6% a 7% ao ano,
necessário para gerar cerca de 1,6
milhão de vagas para absorver o
número de trabalhadores que ingressam todo ano no mercado de
trabalho, além de aumento das
exportações e de políticas de incentivo ao crédito.
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