São Paulo, quarta-feira, 29 de maio de 2002

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Metade dos lares tem ao menos um sem trabalho

DA FOLHA ON LINE

DA REPORTAGEM LOCAL

Metade dos lares paulistanos possui pelo menos uma pessoa sem trabalho permanente. Esse é o resultado de uma pesquisa realizada pela Toledo & Associados por encomenda da Associação Comercial de São Paulo (ACSP).
Em metade dos mil lares entrevistados, 51% disseram estar desempregados e procurando emprego; 26% informaram estar desempregados, fazendo bicos e procurando emprego; e 22% informaram que estão desempregados, fazendo bico, mas não estão procurando emprego.
O estudo também mostrou que apenas 21% dos paulistanos consultados afirmaram ter alguém em casa que possui emprego formal (com carteira assinada).
O economista e professor da USP, José Pastore, disse, ao comentar o resultado do levantamento, que "o Brasil é o país dos piores salários, campeão da informalidade, das ações trabalhistas e agora se transforma no país do desemprego".
Segundo a pesquisa, seis a cada dez paulistanos afirmam que o desemprego é o principal problema do Brasil e 69% o consideram como maior problema da cidade de São Paulo. Quando questionados sobre os fatores determinantes do desemprego, 29% dizem que a competição pelas vagas é intensa e a qualificação, determinante; 25% atribuem à idade -igual ou acima de 35 anos -o fato de não conseguirem trabalho e 16% acham que não há vagas.
"O brasileiro assumiu o desemprego com o um fator individual, por falta de qualificação, de estudo e não como um problema social", disse o economista Marcio Pochmann.
Para o professor do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) Eduardo Gianetti da Fonseca, presente na divulgação da pesquisa, o desemprego piorou no país nos últimos oito anos em consequência do baixo crescimento da economia brasileira. Ele avalia que é preciso flexibilizar e dar mais liberdade ao processo de contratação e criação de novos empregos no país. "Estabilidade econômica não é suficiente para garantir a retomada do crescimento e gerar empregos."
Pastore defende a simplificação da legislação trabalhista para a criação de contratos que beneficiem os mais jovens e os mais velhos, que estão excluídos do mercado de trabalho. Ele destacou, por exemplo, que o custo das empresas para contratar um trabalhador equivale a 103,43% do salário a ser pago ao novo contratado. "Para fugir desses custos, as empresas contratam na informalidade, simplesmente não contratam, baixam os salários ou compram máquinas que dispensam o trabalhador", disse.
Dos mil entrevistados na cidade de São Paulo, 46% disseram ser proprietários de automóvel, 27% possuem computador pessoal e 36% têm planos de saúde.
Esses dados, segundo Gianetti da Fonseca, revelam "uma anomalia", já que são superiores ao total de entrevistados que disseram ter trabalho fixo com carteira assinada. "Tem algo profundamente errado nesse modelo de CLT [Consolidação das Leis do Trabalho]. É extremamente restritivo o modelo atual", afirmou.
Segundo o economista, se o país tem problema de emprego, dois fatores podem explicar esse fato: a deficiência das instituições e o baixo desempenho econômico.



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