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Metade dos lares tem ao menos um sem trabalho
DA FOLHA ON LINE
DA REPORTAGEM LOCAL
Metade dos lares paulistanos
possui pelo menos uma pessoa
sem trabalho permanente. Esse é
o resultado de uma pesquisa realizada pela Toledo & Associados
por encomenda da Associação
Comercial de São Paulo (ACSP).
Em metade dos mil lares entrevistados, 51% disseram estar desempregados e procurando emprego; 26% informaram estar desempregados, fazendo bicos e
procurando emprego; e 22% informaram que estão desempregados, fazendo bico, mas não estão
procurando emprego.
O estudo também mostrou que
apenas 21% dos paulistanos consultados afirmaram ter alguém
em casa que possui emprego formal (com carteira assinada).
O economista e professor da
USP, José Pastore, disse, ao comentar o resultado do levantamento, que "o Brasil é o país dos
piores salários, campeão da informalidade, das ações trabalhistas e
agora se transforma no país do
desemprego".
Segundo a pesquisa, seis a cada
dez paulistanos afirmam que o
desemprego é o principal problema do Brasil e 69% o consideram
como maior problema da cidade
de São Paulo. Quando questionados sobre os fatores determinantes do desemprego, 29% dizem
que a competição pelas vagas é intensa e a qualificação, determinante; 25% atribuem à idade
-igual ou acima de 35 anos -o
fato de não conseguirem trabalho
e 16% acham que não há vagas.
"O brasileiro assumiu o desemprego com o um fator individual,
por falta de qualificação, de estudo e não como um problema social", disse o economista Marcio
Pochmann.
Para o professor do Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de
Capitais) Eduardo Gianetti da
Fonseca, presente na divulgação
da pesquisa, o desemprego piorou no país nos últimos oito anos
em consequência do baixo crescimento da economia brasileira. Ele
avalia que é preciso flexibilizar e
dar mais liberdade ao processo de
contratação e criação de novos
empregos no país. "Estabilidade
econômica não é suficiente para
garantir a retomada do crescimento e gerar empregos."
Pastore defende a simplificação
da legislação trabalhista para a
criação de contratos que beneficiem os mais jovens e os mais velhos, que estão excluídos do mercado de trabalho. Ele destacou,
por exemplo, que o custo das empresas para contratar um trabalhador equivale a 103,43% do salário a ser pago ao novo contratado.
"Para fugir desses custos, as empresas contratam na informalidade, simplesmente não contratam,
baixam os salários ou compram
máquinas que dispensam o trabalhador", disse.
Dos mil entrevistados na cidade
de São Paulo, 46% disseram ser
proprietários de automóvel, 27%
possuem computador pessoal e
36% têm planos de saúde.
Esses dados, segundo Gianetti
da Fonseca, revelam "uma anomalia", já que são superiores ao
total de entrevistados que disseram ter trabalho fixo com carteira
assinada. "Tem algo profundamente errado nesse modelo de
CLT [Consolidação das Leis do
Trabalho]. É extremamente restritivo o modelo atual", afirmou.
Segundo o economista, se o país
tem problema de emprego, dois
fatores podem explicar esse fato: a
deficiência das instituições e o
baixo desempenho econômico.
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