São Paulo, sexta-feira, 29 de maio de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Real alto pode prejudicar saída da crise, diz economista

A valorização do real pode impedir que o Brasil saia rapidamente da crise econômica. Com o real alto, o país perderá competitividade, pois a produção nacional será desestimulada e, junto com ela, o emprego.
Essa será a análise que o professor de economia da PUC-SP Antonio Corrêa de Lacerda fará hoje em seminário sobre a crise, no Rio de Janeiro. O evento é organizado pela Fundação Alexandre de Gusmão e pelo Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais.
Para Lacerda, o único bônus que o Brasil obteve durante a crise internacional foi um ganho de competitividade pela desvalorização da taxa de câmbio sem um reflexo de alta na inflação. A queda na cotação das commodities provocada pela crise segurou os índices de preços, segundo ele.
De acordo com Lacerda, a mudança cambial que ocorreu a partir de setembro de 2008, quando o banco Lehman Brothers quebrou, proporcionou um ganho de competitividade relativa de 15% sobre o câmbio dos 12 meses anteriores.
"Se houver uma apreciação exagerada do real, esse ganho de competitividade vai se perder", afirma Lacerda.
"Um câmbio valorizado desestimula não apenas a exportação mas a produção e os investimentos locais, já que barateia as importações."
Para evitar isso, Lacerda defende que o BC intensifique sua atuação no mercado de câmbio comprando dólar.
Além de influenciar na cotação do dólar ante o real, a medida elevará as reservas do país em moeda estrangeira. Para o economista, a existência desses recursos colocou o país em um nível diferenciado de proteção nesta crise.
Outra ação do Banco Central desejável para conter a valorização do câmbio é dar continuidade aos cortes na Selic. O principal motivo, segundo ele, é reduzir o diferencial de juros do Brasil com outros países para diminuir a atração que as taxas locais exercem sobre os investidores estrangeiros. Tal atitude não trará a inflação de volta a lista de problemas do país, já que a conjuntura de recessão a coloca sob controle, diz.

BILHETERIA
Mesmo com o susto da crise, os musicais e as peças da Broadway ainda conseguiram registrar recorde no faturamento total, que alcançou US$ 943,3 milhões na temporada de 2008-2009, segundo o "New York Times". Houve um pequeno aumento em relação ao recorde anterior, de 2006-2007, quando o número ficou em US$ 938,5 milhões. A crise provocou o cancelamento de alguns espetáculos e levou vários produtores a oferecer descontos. A frequência do público caiu até 30 mil pessoas nesta temporada com relação à anterior. Philip J. Smith, presidente da Shubert Organization, que reúne 17 teatros da Broadway, explica a razão do crescimento mesmo em tempos difíceis. "Historicamente, em épocas de crises econômicas e guerras, as pessoas costumam procurar o teatro como válvula de escape."

BRINDE ON-LINE
A Wine.com.br, nova empresa especializada na venda de vinhos pela internet para o mercado brasileiro, lançada em janeiro, está com planos de expansão. Segundo Aloísio Sotero, diretor financeiro, "o próximo passo é a expansão para o Mercosul". Sotero afirma que a empresa vai criar uma plataforma para entregar em países vizinhos alguns vinhos produzidos no Brasil. Hoje a Wine.com.br, que distribui para todo o território nacional, trabalha com cerca de 1.200 rótulos de 18 importadoras e mantém um centro de distribuição climatizado com 1.500 metros quadrados em Palmas (TO).

Frase

"Um câmbio valorizado desestimula não apenas a exportação, mas a produção e os investimentos locais, já que barateia as importações"


ANTONIO CORRÊA DE LACERDA
professor da PUC-SP


CONSTRUÇÃO
Luiz Carlos Bresser-Pereira lança neste mês o livro "Construindo o Estado Republicano - Democracia e Reforma da Gestão Pública" (FGV Editora, 414 pág.). Nesta obra, o ex-ministro e professor da FGV analisa a gestão pública por meio de uma abordagem histórica das mudanças do Estado e faz um resumo das transformações dos sistemas políticos, desde o Estado absoluto e liberal, até o democrático.

NO PÁREO
A venda do Ponto Frio está na reta final. Os principais candidatos são o grupo Pão de Açúcar e a BTG, de André Esteves, junto com a Insinuante. A Magazine Luiza, de LuizaTrajano, também está na disputa com grandes chances. As Lojas Americanas desistiram do negócio. O martelo será batido nos próximos dias.

CANA
A Cosan encerra neste mês o treinamento de 25 mil funcionários para a safra de 2009/2010.

SEM BATERIA
Vinton Cerf, conhecido como um dos criadores da internet e hoje propagandista do Google, almoçou ontem com jornalistas brasileiros. Falou de temas ligados à modernidade, sempre mantendo seu prato sobre um caderno convencional, de folhas de papel e capa preta, de anotações, como nossos avós usaram na escola. A pergunta era óbvia: por que o pai da maior inovação de nosso tempo preferia fazer anotações com caneta e papel em vez de usar um dispositivo eletrônico? "Ele não fica sem bateria", respondeu Cerf.

DINHEIRO
A BB DTVM, braço do Banco do Brasil para administração de recursos, lança na segunda os fundos DPGE (Depósitos a Prazo com Garantia Especial), que contam com a garantia do Fundo Garantidor de Crédito até R$ 20 milhões. Os fundos são fechados e têm prazo de aplicação de dois anos.

NILO
A vice-presidente do Gafi -órgão responsável pela atração de investimentos internacionais no Egito-, Neveen El Shafei, vem ao Brasil na próxima semana. Na agenda de Shafei estão a oficialização de acordos entre as Bolsas de Valores egípcia e brasileira, entre o Gafi e a Apex, e outros.

REMÉDIO
Os setores farmacêutico e médico são os maiores clientes de eventos corporativos no mundo, com 47% do mercado, segundo dados divulgados na Imex 2009, feira de turismo de negócios da Europa encerrada ontem. A pesquisa também mostra que o gasto médio do turista de negócios é de US$ 315 ao dia.

TERRITÓRIO
A Câmara Brasil-Israel de Comércio e Indústria e a Câmara de Comércio Argentino Brasileira de São Paulo, promovem, dia 2, o seminário Tratado do Mercosul-Israel, em SP, com a presença do embaixador Rubens Barbosa, presidente do Conselho Superior de Comércio Exterior da Fiesp, e outros.


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