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Crédito rural cresce 16%, para R$ 58 bi
Plano Safra 2007/2008 prevê taxa de juros de 6,75% ao ano, dois pontos percentuais abaixo da cobrada na safra passada
Entidade do setor diz que plano anunciado ontem é insuficiente e pede solução para dívida dos produtores, estimada em R$ 100 bilhões
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou ontem o Plano Safra 2007/2008 da agricultura empresarial. Maior volume de créditos e menores taxas
de juros, porém, não foram suficientes para agradar ao setor,
que considerou o plano "muito
aquém das expectativas".
Em evento no Palácio do Planalto, Lula e o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura)
anunciaram R$ 58 bilhões de
crédito rural, um avanço de
16% em relação aos R$ 50 bilhões do plano anterior.
A taxa anual de juros caiu
dois pontos percentuais, de
8,75% para 6,75%. Os médios
produtores terão juros de
6,25% ao ano (contra 8% da safra passada) e um limite de crédito ampliado de R$ 48 mil para
R$ 100 mil, por meio do Proger
Rural (programa de geração de
emprego e renda rural).
"Esse plano ficou muito
aquém das expectativas. Trata-se de uma cópia do plano anterior, que não levou em consideração a crise de rentabilidade
do setor", disse Ricardo Cotta
Ferreira, superintendente técnico da CNA (Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil). "A expectativa era de pelo
menos algo inovador, que pudesse, por exemplo, compensar
as perdas do setor com a desvalorização cambial", completou.
O governo prometeu apresentar até meados de julho as
conclusões de um grupo de trabalho interministerial criado
para buscar critérios de renegociação das dívidas dos produtores, próxima de R$ 100 bilhões. Para o ministro da Agricultura, a idéia é que essa renegociação "antecipada" das dívidas evite a acomodação dos
produtores em relação aos seguidos auxílios do governo.
"Justamente para evitar isso
[acomodação], estamos trabalhando com antecedência e
com critérios", disse Stephanes, em entrevista na qual sugeriu que os produtores de soja
do Centro-Oeste, por conta da
dificuldade de escoamento da
produção, estarão entre os beneficiados na renegociação.
"É inaceitável que o custo de
transporte dos Estados do Sul
para o Nordeste seja maior do
que o do Brasil para a China,
por exemplo", disse o ministro
no lançamento do plano.
O dívida dos produtores é, segundo o ministério, a principal
razão para o fato de R$ 5 bilhões da safra passada não terem sido aplicados -uma sobra
de 10% em relação ao volume
total, de R$ 50 bilhões.
Em discurso, Lula comparou
as caminhadas que faz todas as
manhãs com as ações na agricultura. "Essa ação preventiva
que eu faço [caminhadas] tem
que ser um espelho das ações
preventivas que precisamos ter
para a agricultura. E o momento é exatamente este. Não dá
para encontrar soluções perfeitas para a agricultura, se a gente
deixar para discutir os problemas da agricultura apenas em
época de crise."
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