São Paulo, sexta-feira, 29 de junho de 2007

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Crédito rural cresce 16%, para R$ 58 bi

Plano Safra 2007/2008 prevê taxa de juros de 6,75% ao ano, dois pontos percentuais abaixo da cobrada na safra passada

Entidade do setor diz que plano anunciado ontem é insuficiente e pede solução para dívida dos produtores, estimada em R$ 100 bilhões

EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou ontem o Plano Safra 2007/2008 da agricultura empresarial. Maior volume de créditos e menores taxas de juros, porém, não foram suficientes para agradar ao setor, que considerou o plano "muito aquém das expectativas".
Em evento no Palácio do Planalto, Lula e o ministro Reinhold Stephanes (Agricultura) anunciaram R$ 58 bilhões de crédito rural, um avanço de 16% em relação aos R$ 50 bilhões do plano anterior.
A taxa anual de juros caiu dois pontos percentuais, de 8,75% para 6,75%. Os médios produtores terão juros de 6,25% ao ano (contra 8% da safra passada) e um limite de crédito ampliado de R$ 48 mil para R$ 100 mil, por meio do Proger Rural (programa de geração de emprego e renda rural).
"Esse plano ficou muito aquém das expectativas. Trata-se de uma cópia do plano anterior, que não levou em consideração a crise de rentabilidade do setor", disse Ricardo Cotta Ferreira, superintendente técnico da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil). "A expectativa era de pelo menos algo inovador, que pudesse, por exemplo, compensar as perdas do setor com a desvalorização cambial", completou.
O governo prometeu apresentar até meados de julho as conclusões de um grupo de trabalho interministerial criado para buscar critérios de renegociação das dívidas dos produtores, próxima de R$ 100 bilhões. Para o ministro da Agricultura, a idéia é que essa renegociação "antecipada" das dívidas evite a acomodação dos produtores em relação aos seguidos auxílios do governo.
"Justamente para evitar isso [acomodação], estamos trabalhando com antecedência e com critérios", disse Stephanes, em entrevista na qual sugeriu que os produtores de soja do Centro-Oeste, por conta da dificuldade de escoamento da produção, estarão entre os beneficiados na renegociação.
"É inaceitável que o custo de transporte dos Estados do Sul para o Nordeste seja maior do que o do Brasil para a China, por exemplo", disse o ministro no lançamento do plano.
O dívida dos produtores é, segundo o ministério, a principal razão para o fato de R$ 5 bilhões da safra passada não terem sido aplicados -uma sobra de 10% em relação ao volume total, de R$ 50 bilhões.
Em discurso, Lula comparou as caminhadas que faz todas as manhãs com as ações na agricultura. "Essa ação preventiva que eu faço [caminhadas] tem que ser um espelho das ações preventivas que precisamos ter para a agricultura. E o momento é exatamente este. Não dá para encontrar soluções perfeitas para a agricultura, se a gente deixar para discutir os problemas da agricultura apenas em época de crise."


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