São Paulo, sábado, 29 de julho de 2006

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Produtor vê álcool mais caro sem queimadas

Queima de cana está proibida em SP por causa da baixa umidade do ar

Previsão é da Cosan, maior do setor, que também anunciou resultados ontem; oferta de ações influenciou no prejuízo da empresa

DA REUTERS

A Cosan, maior produtora brasileira de açúcar e álcool, declarou ontem que poderia manter suas usinas funcionando regularmente por até 10 ou 15 dias depois que a queima de cana foi suspensa no Estado de São Paulo.
Mas não descartou uma redução da oferta e conseqüente aumento de preços do açúcar e do álcool, caso a proibição se mantenha por período maior.
Devido à baixa umidade relativa do ar, a Secretaria do Meio Ambiente suspendeu por tempo indeterminado a partir da quarta-feira as queimadas de cana no Estado. A prática é largamente adotada pois facilita a colheita manual de cana.
Há a previsão de chegada de uma frente fria no Estado pelos próximos dias, mas não se sabe ainda se ela poderá gerar chuvas generalizadas.
"Até pela multiplicidade de usinas existentes e pela mecanização, estamos numa situação confortável pelos próximos 10, 15 dias", afirmou o vice-presidente financeiro da Cosan, Paulo Diniz, numa teleconferência com jornalistas sobre os resultados de 2006.
"Acreditamos que dentro desses próximos dias a coisa possa ser equalizada, sim, porque existe até o efeito contrário. O efeito pode ser uma redução da disponibilidade dos produtos com conseqüente aumento no preço, quer seja açúcar ou álcool, o que não seria muito agradável", completou.
A Cosan tem 17 unidades produtoras de açúcar e álcool, todas no Estado de São Paulo, maior produtor de cana do país, com 60% da safra nacional. Mais de 60% da colheita do Estado é feita manualmente.
Diniz disse que o setor foi "pego de surpresa" com a decisão do governo, mas acrescentou que a Cosan pode ser beneficiada neste momento por ter cana já cortada em estoque.
Em entrevista à Reuters anteontem, Manoel Ortolan, presidente da Associação dos Plantadores de Cana do Oeste do Estado de São Paulo (Canoeste), afirmou que a suspensão da queima pode gerar interrupções na moagem do Estado se for perdurar por vários dias.
"Se isso tiver uma solução rápida, não vai atrapalhar nada. Se a coisa se estender, começa a complicar, você começa a comprometer a moagem das usinas", disse.
A Cosan encerrou o exercício social de 2006 com faturamento de R$ 2,48 bilhões, capacidade de moagem 30% superior à do exercício de 2005, mas prejuízo líquido de R$ 64,6 milhões. A companhia informou que esse resultado negativo se deveu, em parte, às despesas extras que teve com o IPO (oferta pública inicial de ações) realizado no exercício.



Com a Redação


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