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Governo Lula tem o pior resultado fiscal
No primeiro semestre, economia para pagar juros cai 70% em relação ao mesmo período de 2008, de R$ 61 bi para R$ 18 bi
Com crise, receita recua
e despesas sobem, mas analistas ainda acreditam em cumprimento da já reduzida meta fiscal anual
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O aumento das despesas e a
queda da arrecadação levaram
ao pior resultado nas contas do
governo federal na gestão do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva no primeiro semestre. O
superávit primário do governo
central -economia feita para
pagar os juros da dívida pública- nesse período foi o menor
em 11 anos.
De janeiro a junho, segundo
dados do Tesouro Nacional, o
superávit primário do governo
federal somou R$ 18,56 bilhões,
uma queda de 70% em relação
aos R$ 61,34 bilhões dos primeiros meses de 2008.
As receitas líquidas -já descontadas as restituições, os incentivos fiscais e os repasses
para Estados e municípios-
caíram 1,8%, enquanto as despesas aumentaram 17% no primeiro semestre.
Em junho, pelo segundo mês
seguido, as contas do governo
fecharam no vermelho, com
déficit de R$ 643 milhões. Foi a
primeira vez desde 1998 que o
governo federal teve déficit primário em junho. Desde o agravamento da crise financeira internacional, em setembro de
2008, o governo já teve cinco
resultados negativos no fechamento de suas contas.
Se o ano terminasse em junho, o governo federal não conseguiria cumprir sua meta de
superávit primário. O valor
acumulado de janeiro a junho
representa 1,28% do PIB (Produto Interno Bruto), enquanto
a meta é de 1,4% do PIB.
A meta de superávit primário
de todo o setor público (que inclui ainda Estados e municípios) foi reduzida neste ano de
3,8% do PIB para 2,5% do PIB.
A mudança foi feita porque a
crise internacional levou a economia brasileira à recessão.
Com isso, a arrecadação de impostos caiu, enquanto as despesas continuaram subindo.
Política de governo
O secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, afirmou
que o governo conseguirá cumprir a nova meta estabelecida
para este ano, mesmo se tiver
novos resultados negativos em
alguns meses. Ele aposta na
melhora da economia neste semestre, mas ressalta que o superávit menor é uma consequência da política do governo
de combate à crise.
"O Brasil tem uma tradição
de cumprir os resultados fiscais
a que se propõe", afirmou o secretário.
Especialistas em contas públicas alertam de que o cumprimento da meta de superávit
primário depende do resultado
da economia brasileira no segundo semestre.
Economistas ouvidos pela
Folha acreditam que o governo
conseguirá cumprir a nova meta deste ano.
"Se compararmos as contas
do Brasil com a de outros países, estamos muito bem. O que
não pode acontecer é extrapolar [a piora do superávit primário] para o futuro", afirmou
Francisco Lopreato, economista da Unicamp.
Rogério Sobreira, especialista da FGV, alerta de que, se o
governo tiver déficit em pelo
menos mais dois meses, a meta
estará comprometida. Mas, por
enquanto, ele aposta no cumprimento do novo alvo.
Augustin, secretário do Tesouro Nacional, acrescentou
que o governo concentrou alguns gastos extras nos seis primeiros meses deste ano que
não se repetirão, como o pagamento de uma parcela extra da
Lei Kandir para Estados e municípios, de R$ 1,9 bilhão. Por
isso, ele diz acreditar que o
resultado fiscal dos próximos
meses será melhor.
Funcionalismo
Questionado, Augustin disse
que não tem o cálculo do impacto dos reajustes concedidos
aos funcionários públicos, que
entraram na folha de pagamentos a partir de julho, para as
contas do governo.
No primeiro semestre, a despesa com o funcionalismo somou R$ 72,13 bilhões. Foi o segundo maior gasto do governo
federal, atrás apenas dos benefícios pagos pela Previdência
Social. O valor das despesas
com pessoal cresceu 21% neste
ano em comparação com os
seis primeiros meses do ano
passado.
Os gastos de custeio- que incluem saúde, educação, assistência social e as despesas para
o funcionamento da máquina
pública- somaram R$ 68,9 bilhões. O valor é 19% maior que
no mesmo período de 2008. Os
investimentos, que cresceram
22%, somaram R$ 12 bilhões.
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