São Paulo, quarta-feira, 29 de julho de 2009

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Preço de casas reage nos EUA após 3 anos

Primeira alta desde 2006 é apontada como indicador de que a recessão norte-americana pode estar ficando para trás

Analistas avaliam que recuperação deve ser longa, com desemprego em alta, mesmo que as empresas voltem a lucrar mais

FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK

Pela primeira vez em quase três anos, os preços das residências nos EUA subiram em maio. A alta de apenas 0,5% ante abril foi considerada outro sinal de que o pior da recessão pode ficar para trás.
Embora vários indicadores apontem para a estabilização e possível crescimento econômico no resto do ano, a recuperação deve ser longa, frágil e com alto desemprego. Mesmo que o lucro das empresas e a economia voltem a crescer.
A alta nos preços dos imóveis em maio foi a primeira desde julho de 2006. Foi lá que a chamada "bolha imobiliária" começou a murchar. Há consenso de que o setor precisa se recuperar para que o país saia da maior crise desde os anos 1930.
A "Grande Recessão" e a virtual quebradeira de bancos em 2008 são produtos do estouro da "bolha imobiliária". Os chamados "ativos tóxicos" os bancos são papéis desse mercado.
O valor das casas nos EUA também representa o grosso da poupança das famílias e serve como garantia para que consumidores tomem ou rolem empréstimos bancários.
Com o 0,5% positivo, o preço médio das casas em 20 cidades em maio ainda era 17,1% menor do que há um ano (32% abaixo do pico de 2006).
"Para colocar as coisas em perspectiva, este é o primeiro aumento nos preços residenciais em 34 meses", disse David Blitzer, que coordena o índice S&P/Case-Shiller.
Na segunda-feira, o Departamento do Comércio dos EUA havia anunciado que a venda de residências novas em junho deu o maior salto em oito anos. Os preços subiram 3,6%.
Pelo S&P/Case-Shiller de maio, 13 das 20 áreas metropolitanas pesquisadas mostraram aumento nos preços: San Francisco foi uma delas. A Califórnia tem funcionado como "laboratório da crise". Foi lá que a "bolha" explodiu antes.

Trabalho
Na média nacional, o desemprego é de 9,5%. Na Califórnia, é de 11,6%. Até aqui, entre os sinais no sentido de uma recuperação, não há nenhum apontando para a recuperação do mercado de trabalho.
Em junho, 7 dos 10 chamados "Leading Indicators" apurados pelo Conference Board, órgão privado de análises econômicas, mostraram recuperação da atividade no país.
Mas o mesmo Conference Board divulgou ontem queda de 49,6 pontos para 46,4 no índice de confiança dos consumidores. O dado é relacionado ao temor do desemprego.
Na sexta-feira, os EUA anunciarão oficialmente o resultado do PIB do segundo trimestre. Entre setembro de 2008 e março de 2009, a contração (anualizada) da economia foi de 6%.
No segundo trimestre, segundo a expectativa de vários economistas, a retração pode ter sido menor do que 1%.
Para a consultoria Macroeconomic Advisers, é possível que neste mês os EUA já estejam crescendo em um ritmo superior a 2% ao ano.
O Fed (o banco central dos EUA) prevê mais torque neste semestre. Argumenta que, do pacote de US$ 787 bilhões aprovado no início do ano pelo Congresso, apenas US$ 227 bilhões foram comprometidos.
E que, do plano federal de refinanciamentos de até 3 milhões de empréstimos imobiliários para famílias em dificuldades, são menos de 200 mil adesões ou acordos até aqui.
O FMI (Fundo Monetário Internacional) já disse que existem mais forças puxando os EUA e a economia global para cima do que para baixo.
Mas o alerta é que o próximo grande risco é o de um ciclo de alto endividamento público e pouca receita tributária.


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