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Preço de casas reage nos EUA após 3 anos
Primeira alta desde 2006 é apontada como indicador de que a recessão norte-americana pode estar ficando para trás
Analistas avaliam que recuperação deve ser longa, com desemprego em alta, mesmo que as empresas voltem a lucrar mais
FERNANDO CANZIAN
DE NOVA YORK
Pela primeira vez em quase
três anos, os preços das residências nos EUA subiram em
maio. A alta de apenas 0,5% ante abril foi considerada outro
sinal de que o pior da recessão
pode ficar para trás.
Embora vários indicadores
apontem para a estabilização e
possível crescimento econômico no resto do ano, a recuperação deve ser longa, frágil e com
alto desemprego. Mesmo que o
lucro das empresas e a economia voltem a crescer.
A alta nos preços dos imóveis
em maio foi a primeira desde
julho de 2006. Foi lá que a chamada "bolha imobiliária" começou a murchar. Há consenso
de que o setor precisa se recuperar para que o país saia da
maior crise desde os anos 1930.
A "Grande Recessão" e a virtual quebradeira de bancos em
2008 são produtos do estouro
da "bolha imobiliária". Os chamados "ativos tóxicos" os bancos são papéis desse mercado.
O valor das casas nos EUA
também representa o grosso da
poupança das famílias e serve
como garantia para que consumidores tomem ou rolem empréstimos bancários.
Com o 0,5% positivo, o preço
médio das casas em 20 cidades
em maio ainda era 17,1% menor
do que há um ano (32% abaixo
do pico de 2006).
"Para colocar as coisas em
perspectiva, este é o primeiro
aumento nos preços residenciais em 34 meses", disse David
Blitzer, que coordena o índice
S&P/Case-Shiller.
Na segunda-feira, o Departamento do Comércio dos EUA
havia anunciado que a venda de
residências novas em junho
deu o maior salto em oito anos.
Os preços subiram 3,6%.
Pelo S&P/Case-Shiller de
maio, 13 das 20 áreas metropolitanas pesquisadas mostraram
aumento nos preços: San Francisco foi uma delas. A Califórnia tem funcionado como "laboratório da crise". Foi lá que a
"bolha" explodiu antes.
Trabalho
Na média nacional, o desemprego é de 9,5%. Na Califórnia,
é de 11,6%. Até aqui, entre os sinais no sentido de uma recuperação, não há nenhum apontando para a recuperação do
mercado de trabalho.
Em junho, 7 dos 10 chamados
"Leading Indicators" apurados
pelo Conference Board, órgão
privado de análises econômicas, mostraram recuperação da
atividade no país.
Mas o mesmo Conference
Board divulgou ontem queda
de 49,6 pontos para 46,4 no índice de confiança dos consumidores. O dado é relacionado ao
temor do desemprego.
Na sexta-feira, os EUA anunciarão oficialmente o resultado
do PIB do segundo trimestre.
Entre setembro de 2008 e março de 2009, a contração (anualizada) da economia foi de 6%.
No segundo trimestre, segundo a expectativa de vários
economistas, a retração pode
ter sido menor do que 1%.
Para a consultoria Macroeconomic Advisers, é possível
que neste mês os EUA já estejam crescendo em um ritmo superior a 2% ao ano.
O Fed (o banco central dos
EUA) prevê mais torque neste
semestre. Argumenta que, do
pacote de US$ 787 bilhões
aprovado no início do ano pelo
Congresso, apenas US$ 227 bilhões foram comprometidos.
E que, do plano federal de refinanciamentos de até 3 milhões de empréstimos imobiliários para famílias em dificuldades, são menos de 200 mil
adesões ou acordos até aqui.
O FMI (Fundo Monetário
Internacional) já disse que
existem mais forças puxando
os EUA e a economia global para cima do que para baixo.
Mas o alerta é que o próximo
grande risco é o de um ciclo de
alto endividamento público e
pouca receita tributária.
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