São Paulo, Quinta-feira, 29 de Julho de 1999
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COMÉRCIO
Restrições prejudicam desenvolvimento industrial dos EUA
Greenspan condena o protecionismo

MARCIO AITH
de Washington

O presidente do Fed (banco central norte-americano), Alan Greenspan, condenou ontem as recentes atitudes protecionistas tomadas pelos EUA com relação às importações de produtos siderúrgicos e agrícolas, os dois produtos mais problemáticos na relação comercial entre os EUA e o Brasil.
Num depoimento no comitê bancário no Senado norte-americano, Greenspan disse que "restrições comerciais não devem ser usadas como meio de resolver problemas".
Segundo ele, impor barreiras a produtos estrangeiros não é útil à economia norte-americana, ao contrário do que acreditam os empresários dos setores siderúrgico e agrícola.
"Não acho que ajude os trabalhadores. Essas barreiras os impedem de tomar as atitudes que deveriam tomar (aumentar a eficiência para competir com os estrangeiros). E impedem que o capital que está tendo retorno insatisfatório mude para setores tecnologicamente mais avançados", disse ele.
Greenspan afirmou ainda que, apesar de as indústrias desse setor estarem sendo prejudicadas pela entrada de aço estrangeiro, fechar as portas não seria a atitude mais adequada.
Subtilmente, ele insinuou que um dos problemas da indústria siderúrgica dos EUA pode ser a ineficiência de seu método de produção e não métodos anticompetitivos dos exportadores estrangeiros.
"Os EUA têm ao mesmo tempo siderúrgicas atrasadas, ineficientes, e novas, modernas. É um problema difícil de ser resolvido, mas acho que, se tentarmos impedir o comércio, todos perdem."
Com relação às importações de alimentos, Greenspan afirmou que, em vez de aumentar as restrições, os empresários deveriam se esforçar para aumentar as exportações. "Nossa habilidade para exportar é enorme."
As medidas protecionistas norte-americanas contra as importações de aço e agrícola afetam diretamente o governo brasileiro.
No começo do mês, para suspender uma severa punição do governo dos EUA, as principais siderúrgicas brasileiras aceitaram os termos de um acordo que praticamente tira o Brasil do mercado norte-americano de aço até o resto do ano.
As empresas se comprometeram a fixar em US$ 327 o preço mínimo da tonelada do aço laminado a quente vendido aos Estados Unidos.
O produto no mercado norte-americano custa hoje em média US$ 290 a tonelada.


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