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COMÉRCIO
Restrições prejudicam desenvolvimento industrial dos EUA
Greenspan condena o protecionismo
MARCIO AITH
de Washington
O presidente do Fed (banco
central norte-americano), Alan
Greenspan, condenou ontem as
recentes atitudes protecionistas
tomadas pelos EUA com relação
às importações de produtos siderúrgicos e agrícolas, os dois produtos mais problemáticos na relação comercial entre os EUA e o
Brasil.
Num depoimento no comitê
bancário no Senado norte-americano, Greenspan disse que "restrições comerciais não devem ser
usadas como meio de resolver
problemas".
Segundo ele, impor barreiras a
produtos estrangeiros não é útil à
economia norte-americana, ao
contrário do que acreditam os
empresários dos setores siderúrgico e agrícola.
"Não acho que ajude os trabalhadores. Essas barreiras os impedem de tomar as atitudes que deveriam tomar (aumentar a eficiência para competir com os estrangeiros). E impedem que o capital que está tendo retorno insatisfatório mude para setores tecnologicamente mais avançados",
disse ele.
Greenspan afirmou ainda que,
apesar de as indústrias desse setor
estarem sendo prejudicadas pela
entrada de aço estrangeiro, fechar
as portas não seria a atitude mais
adequada.
Subtilmente, ele insinuou que
um dos problemas da indústria
siderúrgica dos EUA pode ser a
ineficiência de seu método de
produção e não métodos anticompetitivos dos exportadores
estrangeiros.
"Os EUA têm ao mesmo tempo
siderúrgicas atrasadas, ineficientes, e novas, modernas. É um problema difícil de ser resolvido, mas
acho que, se tentarmos impedir o
comércio, todos perdem."
Com relação às importações de
alimentos, Greenspan afirmou
que, em vez de aumentar as restrições, os empresários deveriam se
esforçar para aumentar as exportações. "Nossa habilidade para
exportar é enorme."
As medidas protecionistas norte-americanas contra as importações de aço e agrícola afetam diretamente o governo brasileiro.
No começo do mês, para suspender uma severa punição do
governo dos EUA, as principais
siderúrgicas brasileiras aceitaram
os termos de um acordo que praticamente tira o Brasil do mercado norte-americano de aço até o
resto do ano.
As empresas se comprometeram a fixar em US$ 327 o preço
mínimo da tonelada do aço laminado a quente vendido aos Estados Unidos.
O produto no mercado norte-americano custa hoje em média
US$ 290 a tonelada.
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