São Paulo, domingo, 29 de agosto de 2004

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Contingente de renda média e alta é incógnita

DA REPORTAGEM LOCAL

O contingente de brasileiros negros que pertence à classe média é uma incógnita. A falta de pesquisas sobre o tema e a desinformação sobre a classe média brasileira em geral explicam a situação, na avaliação da cientista social Ângela Figueiredo.
Estimativas da Anceabra (Associação Nacional de Empresários Afro-Brasileiros) calculam um número de 10 milhões de brasileiros afrodescendentes de classe média.
Para a socióloga, entretanto, os dados são difíceis de auferir. "É notório o apelo ao consumo feito por parte dos meios de comunicação e marketing à chamada "classe média negra", tendendo, muitas vezes, a superdimensioná-la em termos numéricos. Contudo não sabemos realmente quantos são e quem são", argumentou a socióloga.
Uma das razões para isso é que boa parte essa parcela da população ainda está numa situação frágil. "A classe média negra é filha de pessoas simples. Em geral são a primeira geração de classe média e, por isso, não herdaram bens", explica.
Somada à estréia nos estratos sociais mais elevados, os afrodescendentes de classe média que ingressaram no círculo de rendimentos mais elevados nos anos 90 têm ainda que ajudar os demais familiares que ficaram para trás na pirâmide social. Essa peculiaridade faz com que a manutenção dessa condição socioeconômica seja mais difícil.
Um caminho apontado para contornar a desigualdade racial no Brasil é via educação.
Mas um estudo sobre mobilidade educacional no Brasil feito pelo Ibmec (Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais) confirma a dificuldade de ascensão social.
A pesquisa "Mobilidade Intergeracional de Educação no Brasil", do professor do instituto Fernando Veloso, mostra que a probabilidade de um filho negro ou pardo herdar a escolaridade zero do pai é de 42,06%.
A chance de isso ocorrer com um filho da cor branca é de 24,36%. Já na outra ponta, a probabilidade de um filho de um pai com ensino superior completar seus estudos universitários é de 40,25% para negros e de 62,19% para brancos.
(CC)


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