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Mercados globais voltam a ter dia de perdas; Bolsa cai 2,7%
Dados ruins nos EUA interrompem recuperação; dólar sobe 2,6% e supera R$ 2
Estrangeiros voltam a sair do Brasil para aplicações mais seguras, após texto do Fed não atenuar temores sobre o mercado americano
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os mercados financeiros globais tiveram novo dia de perdas
ontem após a recuperação dos
últimos dias. Novamente, sinais de que a economia dos
EUA pode ser afetada mais fortemente pela crise no setor de
crédito foram a maior fonte de
turbulência global.
No Brasil, o dólar subiu
2,61% e voltou a fechar acima
de R$ 2. A Bovespa, após sete
pregões de alta, recuou 2,70%.
Já o risco-país subiu 3,5%, a
207 pontos. Desde o começo da
crise, em 24 de julho, o Ibovespa, principal índice da Bolsa,
tem perdas de 11%. No ano, porém, acumula alta de 16,13%.
A Bolsa de Nova York viu seu
principal índice, o Dow Jones,
cair 2,10%. E a Bolsa eletrônica
Nasdaq perdeu 2,37%.
"Apesar de os últimos dias terem sido favoráveis, era ilusão
imaginar que a crise estava se
dissipando. O mercado segue
muito sensível e temeroso, e os
investidores sabem que a qualquer momento ainda podem
aparecer problemas em fundos
ou mesmo instituições, que
ainda não se manifestaram",
afirma Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos.
O dia já começou fraco ontem, com a divulgação de indicador mostrando queda na
confiança do consumidor americano. Á tarde, a divulgação da
ata referente à última reunião
do Fed (o banco central dos
EUA) empurrou os mercados
um pouco mais para baixo.
Apesar de a reunião do Fed
ter ocorrido no dia 7 de agosto,
dois dias antes do agravamento
da crise, os investidores contavam com um texto mais claro
na ata, que mostrasse que os juros americanos estão muito
perto de serem reduzidos. Mas
isso não ocorreu.
Como a inflação segue como
o principal foco da atenção do
Fed, a sexta-feira tende a ser o
dia mais agitado da semana.
Além da divulgação do PCE (índice de gastos pessoais dos
americanos), o preferido nas
análises do Fed, o presidente da
autoridade monetária americana, Ben Bernanke, fará um discurso muito aguardado.
O tom no mercado acionário
europeu foi o mesmo. A Bolsa
de Londres perdeu 1,9%, e a de
Frankfurt caiu 0,74%.
Na América Latina, houve
quedas mais pesadas que a vivida pela Bovespa. A Bolsa de
Buenos Aires fechou com desvalorização de 4,36%. A do México recuou 3,13%.
Para colaborar com os negócios ruins, o Merrill Lynch rebaixou sua recomendação para
os papéis de três gigantes financeiros dos EUA Lehman
Brothers, Bear Stearns e Citigroup, em conseqüência de
suas exposições aos problemas
no mercado de dívida.
O mercado global enfrenta,
desde o final de julho, perdas
relevantes decorrentes do temor dos investidores do contágio da crise do segmento de crédito habitacional americano de
alto risco (os que carregam menos garantias). Temendo quebras ou calotes de fundos ou
instituições financeiras, os investidores passaram a se desfazer de ações e títulos mais arriscados, como os de países emergentes, para fazer caixa e aplicar em papéis do Tesouro dos
EUA, mais seguros.
Os investidores estrangeiros,
que tinham voltado a demonstrar maior apetite para adquirir
ações brasileiras nos últimos
dias, destacaram-se ontem na
ponta de compra. O saldo das
operações feitas com capital
externo na Bolsa no mês, que
estava negativo em R$ 2,14 bilhões no dia 15, tinha melhorado e passado a ser negativo em
R$ 1,26 bilhão no dia 23.
"Vimos estrangeiros voltando a sair com mais força hoje
[ontem], o que pressiona a cotação do dólar", avalia Mário
Battistel, diretor da corretora
Novação. "Mas, como nossos
juros seguem em níveis absurdos, uma atenuação da crise vai
trazer de volta muito capital
externo, o que deve empurrar o
dólar novamente para perto de
R$ 1,90." Com a cotação de ontem (R$ 2,002), o dólar acumula apreciação de 6,32% no mês.
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