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Economista vê Congresso "insensível" com contas públicas
TONI SCIARRETTA
ENVIADO A CAMPOS DO JORDÃO
Um dos maiores críticos do
endividamento do setor público, o economista Fábio Giambiagi, do BNDES, disse ontem
que o Congresso segue "insensível" ao futuro das contas públicas brasileiras e que pode
aprovar projetos populistas,
como o fim do fator previdenciário, para acomodar necessidades políticas e eleitorais de
curto prazo dos parlamentares.
Para Giambiagi, há risco de
os recursos obtidos com a exploração do petróleo do pré-sal
irem diretamente para cobrir o
aumento desses gastos.
O economista afirma que o
governo voltou a expandir a dívida de maneira irresponsável,
com forte aumento de gastos
correntes da máquina pública,
o que trará um grande ônus para as próximas gerações.
Ele diz que o governo federal
elevou os gastos para algo entre
1% e 1,5% do PIB e que apenas
0,1% ou 0,2% do PIB representa investimentos. "O grosso é
gasto corrente, o que significa
deslocar para cima um patamar
de gastos que já vinha numa
tendência elevada."
Segundo ele, hoje a maior
ameaça para a solvência das
contas públicas é o projeto de
lei do senador Paulo Paim (PT-RS) que propõe o fim do fator
previdenciário. O fator instituiu uma fórmula que calcula o
valor da aposentadoria com base na expectativa de vida do trabalhador no momento em que
pede o benefício -quando mais
jovem ou maior a expectativa,
menor o benefício.
Nos cálculos do economista,
se o fator previdenciário for extinto, haverá uma classe de novos aposentados daqui a 20, 30
anos com benefícios entre 30%
e 40% superiores aos atuais.
Hoje a expectativa de vida do
brasileiro após a aposentadoria
chega a 31 anos. "Não é preciso
ser economista para perceber
que, se a gente contribui com
uma fração de 20% ou 30% do
salário durante 30 anos, não
pode receber salário integral
durante 31 anos. A conta não
vai fechar", afirma.
Para ele, o problema será
agravado pelo envelhecimento
da população brasileira, que colocará mais beneficiários do
que contribuintes para o sistema previdenciário em 30 anos.
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