São Paulo, sábado, 29 de agosto de 2009

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Economista vê Congresso "insensível" com contas públicas

TONI SCIARRETTA
ENVIADO A CAMPOS DO JORDÃO

Um dos maiores críticos do endividamento do setor público, o economista Fábio Giambiagi, do BNDES, disse ontem que o Congresso segue "insensível" ao futuro das contas públicas brasileiras e que pode aprovar projetos populistas, como o fim do fator previdenciário, para acomodar necessidades políticas e eleitorais de curto prazo dos parlamentares.
Para Giambiagi, há risco de os recursos obtidos com a exploração do petróleo do pré-sal irem diretamente para cobrir o aumento desses gastos.
O economista afirma que o governo voltou a expandir a dívida de maneira irresponsável, com forte aumento de gastos correntes da máquina pública, o que trará um grande ônus para as próximas gerações.
Ele diz que o governo federal elevou os gastos para algo entre 1% e 1,5% do PIB e que apenas 0,1% ou 0,2% do PIB representa investimentos. "O grosso é gasto corrente, o que significa deslocar para cima um patamar de gastos que já vinha numa tendência elevada."
Segundo ele, hoje a maior ameaça para a solvência das contas públicas é o projeto de lei do senador Paulo Paim (PT-RS) que propõe o fim do fator previdenciário. O fator instituiu uma fórmula que calcula o valor da aposentadoria com base na expectativa de vida do trabalhador no momento em que pede o benefício -quando mais jovem ou maior a expectativa, menor o benefício.
Nos cálculos do economista, se o fator previdenciário for extinto, haverá uma classe de novos aposentados daqui a 20, 30 anos com benefícios entre 30% e 40% superiores aos atuais. Hoje a expectativa de vida do brasileiro após a aposentadoria chega a 31 anos. "Não é preciso ser economista para perceber que, se a gente contribui com uma fração de 20% ou 30% do salário durante 30 anos, não pode receber salário integral durante 31 anos. A conta não vai fechar", afirma.
Para ele, o problema será agravado pelo envelhecimento da população brasileira, que colocará mais beneficiários do que contribuintes para o sistema previdenciário em 30 anos.


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