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Laboratório quer que BNDES apoie compras no exterior
Preço de ativos do setor farmacêutico em outros países favorece internacionalização
Para obter apoio do banco estatal de fomento, grupos brasileiros afirmam haver oportunidades na América do Sul e nos Estados Unidos
DANIELE CARVALHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
A queda no preço de ativos do
setor farmacêutico no exterior
causada pela crise levou o
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) a se preparar para uma
onda de internacionalização
dos grupos nacionais.
Visando oportunidades na
América do Sul e nos Estados
Unidos, grupos farmacêuticos
brasileiros têm batido às portas
do banco em busca de apoio para aquisições no exterior.
Nesse contexto, já está sob
análise da diretoria do BNDES
o primeiro pedido de financiamento de uma empresa nacional para uma compra internacional. Até então, o banco só
havia financiado duas operações, ambas dentro do país.
O chefe do Departamento de
Produtos Intermediários, Químicos e Farmacêuticos do
BNDES, Pedro Lins Palmeira,
guarda o nome das empresas
em sigilo, mas conta que a transação será na América do Sul.
No mercado, comenta-se que
o pedido teria sido feito pela
Eurofarma, que anunciou recentemente a compra da argentina Quesada. Procurada, a empresa restringiu-se a afirmar
que "o plano estratégico da Eurofarma está alinhado à proposta do BNDES de incentivar
a internacionalização de empresas brasileiras".
Crise amiga
Na avaliação de Palmeira, esse movimento não é isolado e
deve se intensificar nos próximos meses. "Já fomos procurados por uma empresa de pequeno e outra de grande porte,
interessadas em fazer aquisições nos Estados Unidos. Com
a crise financeira internacional, muitos ativos tiveram forte
queda de preço e se mostram
interessantes para estas companhias", afirma ele.
Palmeira conta que, no caso
da farmacêutica de pequeno
porte, o banco foi sondado para
avaliar uma possível entrada
como sócio no capital da empresa, o que viabilizaria a aquisição. No caso do laboratório de
grande porte, o interesse seria,
inicialmente, apenas no financiamento às aquisições.
A participação do BNDES no
setor se dá por meio do Profarma (Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Farmacêutica), criado
em 2004.
O Profarma é uma das poucas linhas do banco que prevê
crédito para aquisição. De acordo com as regras do programa,
o interessado pode financiar
até 75% do valor total da compra, com parcelas que podem se
estender por até sete anos.
A internacionalização seria a
terceira etapa esperada pelo
BNDES quando criou o Profarma. Passada a primeira fase, a
de estruturação do setor, a expectativa era que houvesse um
movimento de concentração e
fortalecimento do parque nacional, por meio de fusões. Surgiria, assim, a chamada superfarmacêutica.
Esse movimento, que o banco esperava financiar, não
ocorreu. "Houve a possibilidade de um grande negócio na
época em que a Medley estava
sendo negociada. Mas um grupo estrangeiro acabou realizando a compra", diz Palmeira.
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