São Paulo, sábado, 29 de agosto de 2009

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Laboratório quer que BNDES apoie compras no exterior

Preço de ativos do setor farmacêutico em outros países favorece internacionalização

Para obter apoio do banco estatal de fomento, grupos brasileiros afirmam haver oportunidades na América do Sul e nos Estados Unidos


DANIELE CARVALHO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

A queda no preço de ativos do setor farmacêutico no exterior causada pela crise levou o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a se preparar para uma onda de internacionalização dos grupos nacionais.
Visando oportunidades na América do Sul e nos Estados Unidos, grupos farmacêuticos brasileiros têm batido às portas do banco em busca de apoio para aquisições no exterior.
Nesse contexto, já está sob análise da diretoria do BNDES o primeiro pedido de financiamento de uma empresa nacional para uma compra internacional. Até então, o banco só havia financiado duas operações, ambas dentro do país.
O chefe do Departamento de Produtos Intermediários, Químicos e Farmacêuticos do BNDES, Pedro Lins Palmeira, guarda o nome das empresas em sigilo, mas conta que a transação será na América do Sul.
No mercado, comenta-se que o pedido teria sido feito pela Eurofarma, que anunciou recentemente a compra da argentina Quesada. Procurada, a empresa restringiu-se a afirmar que "o plano estratégico da Eurofarma está alinhado à proposta do BNDES de incentivar a internacionalização de empresas brasileiras".

Crise amiga
Na avaliação de Palmeira, esse movimento não é isolado e deve se intensificar nos próximos meses. "Já fomos procurados por uma empresa de pequeno e outra de grande porte, interessadas em fazer aquisições nos Estados Unidos. Com a crise financeira internacional, muitos ativos tiveram forte queda de preço e se mostram interessantes para estas companhias", afirma ele.
Palmeira conta que, no caso da farmacêutica de pequeno porte, o banco foi sondado para avaliar uma possível entrada como sócio no capital da empresa, o que viabilizaria a aquisição. No caso do laboratório de grande porte, o interesse seria, inicialmente, apenas no financiamento às aquisições.
A participação do BNDES no setor se dá por meio do Profarma (Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Farmacêutica), criado em 2004.
O Profarma é uma das poucas linhas do banco que prevê crédito para aquisição. De acordo com as regras do programa, o interessado pode financiar até 75% do valor total da compra, com parcelas que podem se estender por até sete anos.
A internacionalização seria a terceira etapa esperada pelo BNDES quando criou o Profarma. Passada a primeira fase, a de estruturação do setor, a expectativa era que houvesse um movimento de concentração e fortalecimento do parque nacional, por meio de fusões. Surgiria, assim, a chamada superfarmacêutica.
Esse movimento, que o banco esperava financiar, não ocorreu. "Houve a possibilidade de um grande negócio na época em que a Medley estava sendo negociada. Mas um grupo estrangeiro acabou realizando a compra", diz Palmeira.


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