São Paulo, domingo, 29 de setembro de 2002

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Investidores procuram abrigo em fundos que acompanham a inflação

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Atentos à alta da inflação, investidores e instituições financeiras correm para tentar lucrar com o momento. Resultado: a procura por fundos de investimento e títulos públicos que acompanham a escalada dos preços tem crescido nas últimas semanas.
Antes colocadas em segundo plano pelo mercado, as aplicações atreladas à variação do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado, da Fundação Getúlio Vargas) têm conquistado clientes e levado bancos a criar novos produtos.
O Caixa FIF Capital, lançado pela CEF no início de agosto, conseguiu atrair cerca de R$ 140 milhões em aplicações em seu primeiro mês de vida. Em setembro, o patrimônio do fundo já saltou para R$ 650 milhões, o que representa um crescimento superior a 360% em relação ao mês anterior.
"A percepção de que a inflação seguirá em alta, embalada por um dólar que parece não encontrar seu teto, cresce no mercado. Isso deve atrair ainda mais investidores às aplicações desse tipo", afirma Sérgio Paulino, gestor de fundos da Santos Asset Management.
O IGP-M divulgado na última quinta-feira trouxe a maior taxa mensal (de 2,40%) registrada pelo índice desde março de 1999.
Esses fundos são compostos, em sua maioria, por papéis do governo atrelados ao IGP-M, as NTN-C (Notas do Tesouro Nacional série C). Esses títulos pagam, além da variação do índice, juros que têm ficado em torno de 10% anuais. Com isso, a rentabilidade desses fundos acumulada no ano -que varia entre 17% e 19%- é superior à alta do IGP-M no período -de 10,54%.
Com a demanda crescente, o Tesouro tem realizado leilões extraordinários para ofertar NTN-C. Neste mês, o Tesouro resolveu realizar três leilões com o papel. Normalmente, as ofertas ocorrem apenas uma vez por mês.
"Para o governo, o maior interesse pela NTN-C é positivo, pois o mercado tem aceitado esses títulos com prazo de vencimento longos. A última oferta trazia títulos com prazo de resgate em 2008, 2017 e 2021", diz Mônica Tresbach, diretora-adjunta de renda fixa da BAM (BankBoston Asset Management).



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