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São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2003

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FIM DO SUFOCO?

Para a indústria, consumidor já está mais disposto a abrir a carteira, mas a base de comparação é fraca

Natal deverá ser melhor do que em 2002

DA REPORTAGEM LOCAL

Alguns setores que dependem mais das vendas do final do ano ou que receberam estímulo do governo para sair da crise esperam vender neste Natal mais do que em igual período de 2002.
Na avaliação da indústria de brinquedos, alimentos e eletroeletrônica, o consumidor estará mais entusiasmado para gastar. Mas não há nada para se comemorar, dizem, já que as vendas no Natal de 2002 foram fracas.
A perspectiva de melhora no consumo neste final de ano se deve ao fato de as taxas de juros estarem em queda e do cenário econômico e político mais definido -no ano passado havia incerteza sobre a condução da política econômica pelo governo petista.

Alimentos
A indústria de alimentos se preparou para produzir entre 3% e 3,5% mais neste final de ano na comparação com 2002. "O país começa a tirar o pé do freio", diz Denis Ribeiro, coordenador do departamento de economia da Abia, associação que reúne os fabricantes de alimentos.
A Perdigão vai produzir 3% mais produtos típicos para o Natal -especialmente perus, chesters e tenders- do que em 2002.
As vendas desses produtos, informa João Rozário, vice-presidente da empresa, só começarão em outubro. "A redução dos juros e o incentivo do governo ao crédito vão elevar as vendas no Natal. O consumidor começa a se sentir um pouco mais seguro para gastar", afirma Rozário.
A indústria de brinquedos estima vender 12% a mais no Dia da Criança e 5% a mais no Natal deste ano em comparação com o ano passado. Neste ano, porém, o setor prevê faturar R$ 770 milhões, o mesmo valor de 2002.
"No primeiro semestre deste ano, vendemos 30% menos do que em igual período do ano passado. Pretendemos agora recuperar parte dessa queda", afirma Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq, associação dos fabricantes de brinquedos.
Segundo ele, as fábricas estão vendendo as sobras de mercadorias e operam com 45% ociosidade, que chegou a 70% este ano.

Confecções
As confecções prevêem um Natal parecido com o do ano passado, com a venda de 500 milhões de peças. "Até agora, vendemos 8% menos do que em igual período de 2002. Mas acreditamos em recuperação", afirma Roberto Chadad, presidente da Abravest, associação das confecções.
As encomendas das lojas para o final do ano, diz, ainda não começaram porque o frio se estendeu. "Mas já estamos preparados para atender os pedidos em tempo mais curto." O setor, diz Chadad, espera comercializar 4,9 bilhões de peças neste ano, o mesmo volume do ano passado. O recorde da produção foi 1986, com a venda de 5,7 bilhões de peças.

Empurrão
O setor eletroeletrônico prevê reação apenas nos eletrodomésticos contemplados pelo incentivo do governo, que disponibilizou R$ 200 milhões para uma linha de crédito especial para a compra de geladeiras, fogões, máquinas de lavar e televisores.
A Eletros, associação dos fabricantes de eletroeletrônicos, estima um crescimento de 10% nas vendas desses produtos no último trimestre deste ano em relação a igual período do ano passado. Ainda assim, no acumulado do ano, o setor deve fechar com queda de 4% nas vendas.
De acordo com a Eletros, a percepção da indústria depois dos cortes nos juros básicos é que houve reação no volume de encomendas, mas ainda há dúvidas se essa melhora vai se manter.
Para Hugo Maia, presidente da Fenabrave (associação dos distribuidores de automóveis), a queda de juros e o controle da inflação devem resultar num aumento de vendas daqui para a frente.
(FÁTIMA FERNANDES E MAELI PRADO)

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