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TRABALHO
Em agosto, mais da metade dos trabalhadores do setor estendeu a jornada; desemprego em SP é o menor do governo Lula
Indústria eleva hora extra e gera pouca vaga
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em agosto, 50,6% dos trabalhadores assalariados na indústria da
região metropolitana de São Paulo fizeram hora extra, ante 40,5%
em julho. É o maior percentual
desde fevereiro de 2003, mostra a
Pesquisa de Emprego e Desemprego, divulgada ontem pela Fundação Seade e pelo Dieese.
No mesmo período, a indústria
gerou apenas 4.000 vagas, ou seja,
um crescimento de 0,3%. O que,
segundo especialistas, sugere que,
em vez de contratar, as empresas
intensificaram as horas extras
(jornada acima de 44 horas por
semana) para se ajustar ao aquecimento da economia. Em julho, a
indústria não gerou vagas.
"No momento em que não está
muito claro se a recuperação vai
se manter, você ajusta a princípio
a produção com horas extras. As
empresas fazem isso sempre que
podem", diz Anselmo Luis dos
Santos, economista e pesquisador
do Cesit (Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho), da Unicamp.
O movimento também ocorreu
no comércio, setor que eliminou
22 mil ocupações: o percentual de
trabalhadores que fizeram hora
extra passou de 55,1% em julho
para 60,8% no mês passado. Em
serviços, que foi o setor que mais
gerou vagas, houve apenas uma
variação, de 35,1% para 35,8%.
A taxa de desemprego, segundo
a pesquisa Seade/Dieese, recuou
de 18,5% para 18,3% no mês passado. É o menor índice de desemprego do governo Lula.
A redução no contingente de
desempregados, no entanto, foi
de apenas 9.000 pessoas no mês
passado: apesar dos 68 mil postos
de trabalho gerados em agosto, 59
mil pessoas passaram a procurar
emprego, ou seja, entraram na
PEA (População Economicamente Ativa), que é a soma de todos os
que estão no mercado de trabalho, empregados ou não.
"Existe um certo otimismo que
induziu as pessoas a procurar emprego", explica Clemente Ganz
Lúcio, diretor técnico do Dieese.
"Essa quantidade [9.000 a menos]
é interior às registradas em meses
anteriores", diz.
O número de ocupados cresceu
principalmente em serviços (53
mil vagas geradas) e outros setores (33 mil postos de trabalho),
categoria no qual se destacaram
os serviços domésticos.
O assalariado com carteira de
trabalho teve queda de 0,2% em
julho sobre junho, e o sem carteira, de 1,3%. O de autônomos subiu 3,2%. A estimativa é que o total de desempregados na Grande
São Paulo seja de 1,845 milhão.
Após dois meses consecutivos
de alta, a renda média do trabalhador recuou em julho na comparação com junho: passou de R$
1.012 para R$ 1.008.
"A baixa qualidade do emprego
que está sendo criado pode ter
causado essa queda", diz o diretor
adjunto de Produção e Análise de
Dados da Fundação Seade, Sinésio Pires Ferreira.
Isso pode ser notado, diz ele,
porque, apesar de a renda média
por trabalhador ter caído, a massa
salarial ficou praticamente estável: ou seja, mais pessoas foram
contratadas por salários menores.
Segundo Ganz, a expectativa é
que neste mês aconteça uma redução mais acentuada no desemprego: "Especialmente a partir do
quatro trimestre a taxa deve cair".
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