São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 2006

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Com efeito do câmbio, capacidade de financiamento da economia tem queda

DA SUCURSAL DO RIO

A capacidade de financiamento da economia brasileira recuou para R$ 6,6 bilhões no primeiro semestre. Em igual período de 2005, a capacidade de financiamento havia chegado a R$ 13,1 bilhões. Ela representa a capacidade que o país tem para emprestar recursos para o resto do mundo.
Segundo o IBGE, o resultado foi afetado pela queda no saldo externo de bens e serviços. No primeiro semestre do ano passado, o saldo externo somou R$ 39,1 bilhões. Neste ano, o resultado foi de R$ 32,6 bilhões.
A análise da capacidade de financiamento no segundo trimestre também mostrou uma perda de fôlego: ela somou R$ 3,093 bilhões contra R$ 5,893 bilhões no primeiro semestre de 2005. Trata-se do menor valor desde 2003.
O pagamento menor de juros amenizou o impacto da redução do saldo do setor externo de bens e serviços. "Estamos enviando menos juros com a redução do estoque da dívida externa", afirmou Cláudia Dionísio, economista do IBGE. Somente no segundo trimestre, o país teve uma redução de R$ 1,3 bilhão no pagamento de juros.
Segundo Guilherme Maia, da consultoria Tendências, o país pode voltar a ter necessidade de financiamento no futuro, ou seja, resultado negativo. "A capacidade de financiamento foi fundamental nos últimos anos para conferir ao país maior resistência em relação aos choques externos. Podemos voltar a ter necessidade de financiamento, mas em condições melhores do que no passado, com uma dívida menor", disse. Para ele, a mudança permitirá ao país aumentar sua produtividade por meio da compra de máquinas e equipamentos.
Para Alex Agostini, da Austin Rating desde 2003 a queda na capacidade de financiamento já era esperada em razão do câmbio. "O número revela os ajustes dos últimos anos, existe risco de voltarmos a ter necessidade de financiamento, mas ele ainda é pequeno", disse.
Apesar da piora na capacidade de financiamento, o país conseguiu aumentar suas reservas internacionais. Somente no segundo trimestre, as reservas registraram um aumento de R$ 5,3 bilhões com aumento das captações do governo e de agentes privados e amortização de dívidas.


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