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Uso da capacidade industrial atinge recorde
Nível é o maior em 30 anos, segundo a FGV; Banco Central já sinalizou preocupação com possíveis pressões inflacionárias
Para especialistas, a alta do investimento feito pelas empresas começará a surtir resultado no final do ano para atender a demanda
DEISE DE OLIVEIRA
DA FOLHA ONLINE
O nível de utilização da capacidade instalada da indústria
atingiu em setembro o maior
patamar desde janeiro de 1977,
segundo a FGV (Fundação Getulio Vargas). Neste mês, o índice ficou em 86,1%, ante 87%
em janeiro daquele ano.
A capacidade instalada reflete qual quantidade de produtos
uma indústria é capaz de fabricar com as máquinas e unidades que tem. Quanto menor o
uso, maior a possibilidade de a
indústria atender a um crescimento de demanda sem provocar aumento nos preços.
Para Aloísio Campelo Júnior,
coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas
do Ibre (Instituto Brasileiro de
Economia), ainda que em patamar elevado, o nível do uso da
capacidade não é preocupante,
já que vem acompanhado por
investimentos e contratações.
"Com economia estável e investimento, é possível operar
em nível mais alto. Ao investir,
renovam-se equipamentos e a
capacidade não se esgota", diz.
Para ele, o aumento de emprego também ameniza a preocupação com a forte demanda.
Segundo dados da Fundação
Seade e do Dieese, a indústria
liderou a criação de vagas em
agosto em seis regiões metropolitanas, com 97 mil postos.
No Relatório de Inflação divulgado nesta semana, o Banco
Central manifestou preocupação quanto à capacidade da indústria em acompanhar o ritmo do consumo e eliminar a
pressão sobre os preços, o que
sinalizou uma possível interrupção do corte dos juros.
"O nível de capacidade instalada traz um número forte. E,
na série histórica, resultados
como esse acompanham inflação mais à frente. É razoável
que o BC olhe com cuidado esse
dado. Mas, se decidir romper o
ciclo de queda de juros agora,
em 2008 vai ver que há condições para retomá-lo", avalia
Cassiana Fernandez, economista da Mauá Investimentos.
Para a economista da Tendências Consultoria Cláudia
Oshiro, a expectativa é que os
investimentos feitos pela indústria consigam aliviar o nível
de capacidade instalada a partir
do último trimestre. "É preciso
seguir esse indicador com atenção, mas o cenário é positivo. A
produção cresce, puxada por
bens de capital [máquinas e
equipamentos]", afirma.
Outro fator que alivia a preocupação é que o resultado de
setembro não indica tendência
ascendente na comparação
com agosto no acumulado de 12
meses. No mês passado, o nível
subiu 2,1 pontos percentuais.
Na comparação de setembro, a
alta foi de 1,5 ponto percentual.
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