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Strauss-Kahn é confirmado como novo comandante do FMI
Francês sucederá ao espanhol Rodrigo de Rato a partir de 1º de novembro, com a promessa de dar mais espaço no órgão para os países emergentes, como o Brasil
David Lillo/France Presse
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O francês Dominique Strauss-Kahn deixa hotel em Santiago |
DA REDAÇÃO
O francês Dominique
Strauss-Kahn foi escolhido ontem o novo diretor-gerente do
FMI (Fundo Mundial Internacional). Ele sucederá ao espanhol Rodrigo de Rato, que pediu para deixar o cargo, alegando razões pessoais. O resultado
era esperado, já que ele tinha o
apoio dos EUA e da UE (União
Européia), que contam com
quase 50% dos votos.
Ele derrotou o tcheco Josef
Tosovsky, que era apoiado pela
Rússia, e assumirá em 1º de novembro uma instituição em crise e que enfrenta problemas financeiros, depois que vários
países, como o Brasil, pagaram
suas dívidas -e assim perdeu a
receita com juros.
Sem um papel definido na
economia atual, ele terá o papel
de restabelecer a relevância da
instituição. Uma das críticas
feitas ao FMI é que, assim como o Bird, dá pouca voz para os
países emergentes.
Em Santiago, o francês, que
recebeu o apoio do Brasil e que
desde a sua candidatura foi
anunciada, no final de julho,
apresentou-se como o candidato da reforma, afirmou que irá
realizar "sem demora" mudanças no organismo para que os
países emergentes e os mais
pobres tenham mais voz. Ele
também disse que tinha valor
de um "símbolo" receber a notícia de sua indicação na América do Sul, região onde o FMI é
duramente criticado.
Tradicionalmente, a UE escolhe o diretor-gerente do
FMI, e os EUA, o comandante
do Banco Mundial. No entanto,
desde a indicação de Robert
Zoellick para substituir Paul
Wolfowitz na direção do Bird,
em junho, vêm crescendo as
críticas dos países emergentes
contra esse processo de seleção. Eles afirmam que esse método prioriza a nacionalidade, e
não a qualidade do candidato.
Ao anunciar o seu apoio ao
francês, o governo brasileiro
disse que a escolha ocorreu
porque Strauss-Kahn manifestou de forma clara o compromisso de promover uma reforma no FMI visando a mudança
do sistema de votação.
No final de agosto, o premiê
de Luxemburgo, Jean-Claude
Juncker, afirmou que os países
em desenvolvimento poderiam
eleger o próximo comandante
do FMI caso apoiassem a candidatura de Strauss-Kahn.
"Na zona do euro e entre os
ministros das Finanças da UE,
todo mundo está ciente de que
Strauss-Kahn será provavelmente o último europeu a ser
diretor do FMI em um futuro
próximo", disse Juncker.
A escolha de Strauss-Kahn
foi comemorada ontem pelo
presidente francês, Nicolas
Sarkozy. "Quero dizer aos franceses que essa é a abertura: propor em nome da França, sem
ter em conta seu passado político, senão suas qualidades."
Apesar de membro do oposicionista Partido Socialista, ele
ganhou desde o início o apoio
de Sarkozy, com que quase disputou a eleição para a Presidência do país. No entanto, Ségolène Royal foi escolhida pelos socialistas para o pleito no
ano passado e ele acabou se distanciando do partido e criticando sua liderança.
O futuro comandante do
FMI ocupou o Ministério das
Finanças francês, de 1997 a
1999, e participou do processo
de privatizações. Comandou a
recuperação econômica francesa no fim dos anos 90.
Sua carreira, porém, desandou em 1999, quando renunciou para combater acusações
de corrupção relacionadas ao
seu trabalho como advogado.
Após dois anos, foi inocentado
de todas as acusações.
Críticas
Ao anunciar seu apoio a Tosovsky, o diretor-executivo da
Rússia no FMI, Aleksei Mozhin, disse que o candidato
francês era um "político de carreira", desqualificado para comandar a instituição. "Não há
nada no currículo dele que deixe claro que tenha as qualidades técnicas necessárias para
ocupar o cargo", afirmou ao
"Financial Times".
O mesmo jornal criticou, em
editorial, a escolha do francês
pela UE à época. "O FMI precisa de alguém com credibilidade
intelectual. Mas ninguém pode
argumentar que Strauss-Kahn
é o candidato mais bem qualificado do mundo levando em
conta sua experiência, inteligência ou treinamento."
Segundo o "Financial Times", é "deprimente" quando o
que o diretor russo fala faz mais
sentido sobre o futuro do FMI
do que o que diz a UE.
Com agências internacionais
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