São Paulo, sábado, 29 de setembro de 2007

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Strauss-Kahn é confirmado como novo comandante do FMI

Francês sucederá ao espanhol Rodrigo de Rato a partir de 1º de novembro, com a promessa de dar mais espaço no órgão para os países emergentes, como o Brasil

David Lillo/France Presse
O francês Dominique Strauss-Kahn deixa hotel em Santiago


DA REDAÇÃO

O francês Dominique Strauss-Kahn foi escolhido ontem o novo diretor-gerente do FMI (Fundo Mundial Internacional). Ele sucederá ao espanhol Rodrigo de Rato, que pediu para deixar o cargo, alegando razões pessoais. O resultado era esperado, já que ele tinha o apoio dos EUA e da UE (União Européia), que contam com quase 50% dos votos.
Ele derrotou o tcheco Josef Tosovsky, que era apoiado pela Rússia, e assumirá em 1º de novembro uma instituição em crise e que enfrenta problemas financeiros, depois que vários países, como o Brasil, pagaram suas dívidas -e assim perdeu a receita com juros.
Sem um papel definido na economia atual, ele terá o papel de restabelecer a relevância da instituição. Uma das críticas feitas ao FMI é que, assim como o Bird, dá pouca voz para os países emergentes.
Em Santiago, o francês, que recebeu o apoio do Brasil e que desde a sua candidatura foi anunciada, no final de julho, apresentou-se como o candidato da reforma, afirmou que irá realizar "sem demora" mudanças no organismo para que os países emergentes e os mais pobres tenham mais voz. Ele também disse que tinha valor de um "símbolo" receber a notícia de sua indicação na América do Sul, região onde o FMI é duramente criticado.
Tradicionalmente, a UE escolhe o diretor-gerente do FMI, e os EUA, o comandante do Banco Mundial. No entanto, desde a indicação de Robert Zoellick para substituir Paul Wolfowitz na direção do Bird, em junho, vêm crescendo as críticas dos países emergentes contra esse processo de seleção. Eles afirmam que esse método prioriza a nacionalidade, e não a qualidade do candidato.
Ao anunciar o seu apoio ao francês, o governo brasileiro disse que a escolha ocorreu porque Strauss-Kahn manifestou de forma clara o compromisso de promover uma reforma no FMI visando a mudança do sistema de votação.
No final de agosto, o premiê de Luxemburgo, Jean-Claude Juncker, afirmou que os países em desenvolvimento poderiam eleger o próximo comandante do FMI caso apoiassem a candidatura de Strauss-Kahn.
"Na zona do euro e entre os ministros das Finanças da UE, todo mundo está ciente de que Strauss-Kahn será provavelmente o último europeu a ser diretor do FMI em um futuro próximo", disse Juncker.
A escolha de Strauss-Kahn foi comemorada ontem pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy. "Quero dizer aos franceses que essa é a abertura: propor em nome da França, sem ter em conta seu passado político, senão suas qualidades."
Apesar de membro do oposicionista Partido Socialista, ele ganhou desde o início o apoio de Sarkozy, com que quase disputou a eleição para a Presidência do país. No entanto, Ségolène Royal foi escolhida pelos socialistas para o pleito no ano passado e ele acabou se distanciando do partido e criticando sua liderança.
O futuro comandante do FMI ocupou o Ministério das Finanças francês, de 1997 a 1999, e participou do processo de privatizações. Comandou a recuperação econômica francesa no fim dos anos 90.
Sua carreira, porém, desandou em 1999, quando renunciou para combater acusações de corrupção relacionadas ao seu trabalho como advogado. Após dois anos, foi inocentado de todas as acusações.

Críticas
Ao anunciar seu apoio a Tosovsky, o diretor-executivo da Rússia no FMI, Aleksei Mozhin, disse que o candidato francês era um "político de carreira", desqualificado para comandar a instituição. "Não há nada no currículo dele que deixe claro que tenha as qualidades técnicas necessárias para ocupar o cargo", afirmou ao "Financial Times".
O mesmo jornal criticou, em editorial, a escolha do francês pela UE à época. "O FMI precisa de alguém com credibilidade intelectual. Mas ninguém pode argumentar que Strauss-Kahn é o candidato mais bem qualificado do mundo levando em conta sua experiência, inteligência ou treinamento."
Segundo o "Financial Times", é "deprimente" quando o que o diretor russo fala faz mais sentido sobre o futuro do FMI do que o que diz a UE.


Com agências internacionais

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