São Paulo, sábado, 29 de setembro de 2007

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Indústria e varejo vêem alta nas vendas do Dia da Criança

Apesar dos recalls de brinquedos, grandes redes apostam em aumento acima de 20%

Abrinq, que reúne os fabricantes nacionais, aponta alta de 6%; impacto negativo foi sentido no comércio no mês passado

CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

Apesar dos recalls da Mattel e da Gulliver nas últimas semanas e das mudanças na forma de fiscalização do setor, a indústria e o varejo esperam alta nas vendas de brinquedos para o Dia da Criança. Como os estoques são feitos com antecedência, não deve haver problemas com a falta de produtos, nem com os da Mattel, cuja importação de itens foi proibida pelo governo federal em agosto.
A Abrinq (Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos) teve aumento de 6% nas vendas em relação a 2006. Cerca de 40% do faturamento anual desse segmento da indústria se deve ao Dia da Criança.
O presidente da entidade, Synésio Batista da Costa, afirmou que os recalls tiveram impacto negativo significativo nas vendas de brinquedos nas três primeiras semanas de agosto, mas não revelou o percentual. Fontes do setor chegam a mensurar uma queda de 20% a 30%, segundo a Folha apurou. A indústria nacional responde por 70% das vendas do varejo e a expectativa é que seja possível abocanhar parte da fatia dos itens importados no Natal.
Miguel Monteiro Diogo Jr., diretor de negócios da Abrimpex, que reúne 350 importadores e exportadores de brinquedos, confirma que "no Natal as coisas vão complicar". "Acho que será muito difícil conseguir liberar todas as mercadorias", disse, referindo-se à maior rigidez no controle dos produtos que passam pela fronteira. Para ele, isso pode dar brechas para uma maior entrada de itens contrabandeados no país.
As recentes quedas do dólar, para um patamar próximo a R$ 1,80, também só terão efeito sobre os produtos no Natal. Apesar disso, a M. Cassab, distribuidora da Lego no Brasil, já prevê que os lançamentos da marca estejam 10% mais baratos devido à valorização do real diante da moeda americana.

Varejo
O Carrefour, que lidera o setor supermercadista no Brasil, contabiliza que houve aumento de 30% nas vendas de brinquedos em setembro e, para outubro, esse percentual ainda pode ser superado. Dos cerca de 1.000 itens oferecidos, 350 estão com preços promocionais.
No grupo Pão de Açúcar, que inclui a rede Extra, houve um aumento de 20% nas encomendas para a data e a expectativa de crescimento na venda de brinquedos é de 28% na comparação com 2006. Já no Wal-Mart, a expectativa é de um incremento em torno de 20%.
Mas não são apenas os grandes varejistas que têm boas expectativas para a data. Com 76 lojas no país, a Ri Happy espera vender 8% a mais. "Mesmo após os recalls anunciados, que tiveram impacto nas vendas de agosto, nossas expectativas são positivas. Foram recalls preventivos, não houve incidentes com as crianças. Essa fase já está superada", diz Ricardo Sayon, diretor comercial da rede.
A Ri Happy preparou 300 lançamentos para comemorar a data e investiu R$ 2 milhões em mídia. "A previsão é que cada consumidor gaste em média R$ 70." O valor vem aumentando nos últimos dois anos, afirma, em razão da melhora na renda e das mudanças de tecnologia, responsáveis por agregar mais valor aos brinquedos.
Nas 39 lojas da PBKids Brinquedos, o diretor comercial Celso Pilnik espera vendas 12,5% maiores. Para ele, os recalls, mesmo referentes a produtos de marcas reconhecidas no mercado, vão fazer com que os consumidores tomem ainda mais cuidado na hora da compra, evitando os itens piratas, já que não há a quem recorrer em caso de problema.
A coordenadora institucional da Pro Teste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor), Maria Inês Dolci, aconselha que os presentes sejam comprados de acordo com a faixa etária e, além disso, sejam observados os riscos que podem trazer para as crianças, como peças que podem se soltar, por exemplo. "Cabe aos pais terem essa atenção e acompanharem a brincadeira", avalia.


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