São Paulo, segunda-feira, 29 de setembro de 2008

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BCs agem para conter risco de liquidez

Autoridades monetárias e agências reguladoras endossam documento que contém regras para gestão mais segura de risco em bancos

Comitê de Basiléia de Supervisão Bancária já havia avançado mais para conter riscos operacional, de crédito e de mercado

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Supervisores de bancos centrais e agências reguladoras endossaram na semana passada um documento do Comitê da Basiléia de Supervisão Bancária que contém regras para uma gestão mais segura do risco de liquidez dos bancos. O endurecimento de normas para esse tipo de risco tornou-se ainda mais relevante em razão da redução de liquidez internacional, empoçada com a crise financeira norte-americana.
Supervisores bancários encerraram na quinta-feira passada uma conferência em Bruxelas, em que aprovaram a versão final do documento "Princípios para uma Segura Administração do Risco de Liquidez". O documento se limita a tratar do risco de liquidez de bancos, segundo os analistas Luis Miguel Santacreu, da Austin Ratings, e Alexandre Chaia.
Os princípios estabelecidos sublinham a necessidade de mensuração e de gestão robusta de riscos de liquidez, segundo o Comitê da Basiléia.
"Esses princípios vêm um pouco tarde em se tratando de um risco tão elementar e crucial, que não foi contemplado no novo Acordo de Basiléia 2", afirma Santacreu. O Acordo de Basiléia 2, em discussão há anos, ainda não entrou em vigência.
O Comitê de Basiléia já havia editado princípios relativos aos riscos operacional, de crédito e de mercado.
O Banco Central do Brasil vem se adaptando a essas práticas e divulgando resoluções de acordo com normas internacionais, segundo analistas.
Como havia abundância de recursos até meados do ano passado, o risco de liquidez foi relegado a segundo plano.
A crise nos Estados Unidos, e a conseqüente quebra de bancos de investimento, enfatizou a necessidade de medidas preventivas com relação a esse tipo de risco e de melhor comunicação entre bancos centrais, dada a velocidade dos fluxos de recursos entre as fronteiras e de contágio entre os mercados.
No momento em que muitos reclamam um aumento de regulamentação, os reguladores internacionais procuram traçar normas para levar os bancos a alocar mais capital para se prevenir contra problemas de liquidez.
"O Banco Central do Brasil já lançou essa iniciativa de política de liquidez e tem monitorado desde março os bancos nesse aspecto", diz Santacreu.
O presidente do Comitê da Basiléia e do banco central da Holanda, Nout Wellink, disse ao término da conferência que os novos princípios de liquidez devem ajudar a promover uma melhor gestão de riscos nessa área chave.
Para Wellink, isso só será alcançado se houver uma implementação robusta e em tempo hábil pelos bancos.
O presidente do Comitê da Basiléia anunciou que coordenará um rigoroso acompanhamento para assegurar a adesão de bancos aos princípios do documento.
O texto aprovado discute ainda a revelação pública de informações que possibilitem a participantes do mercado julgar a solidez da gestão de risco de liquidez de um banco. O papel de de supervisores também é destacado, incluindo a responsabilidade de intervir para requerer efetiva e oportuna ação para resolver deficiências de liquidez.
Os BCs trocam informações de forma ainda tímida e pontual, segundo analistas.
"Falta entre os BCs uma troca de informações sem orgulhos relativos a soberanias nacionais. É preciso pensar em uma supervisão bancária global que cubra o risco de liquidez mundial", disse Santacreu.


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