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Banco nos EUA lucra com operação de risco
Ganho do 2º trimestre é o 6º maior desde ao menos 1996 com operação, que é considerada uma das principais culpadas pela crise
Mercado de derivativos é altamente concentrado, com 97% das operações nas mãos de cinco grandes bancos norte-americanos
JANAINA LAGE
DE NOVA YORK
Os bancos comerciais americanos divulgaram ganhos de
US$ 5,2 bilhões no segundo trimestre em operações com derivativos, aplicações especulativas que resultaram em prejuízo
para essas instituições na crise
financeira que se agravou a partir de setembro do ano passado.
Os derivativos foram apontados como um dos fatores responsáveis pela crise. Na época,
grandes empresas brasileiras
apresentaram perdas gigantescas em operações com esses
instrumentos financeiros, e a
conclusão de analistas era que
não havia informação suficiente para os acionistas identificarem os riscos embutidos nas
operações.
Os contratos usam como referência outros ativos, como a
cotação de moedas, o preço do
petróleo no mercado futuro ou
taxas de juros. O objetivo desse
tipo de operação é muitas vezes
se proteger contra uma eventual perda motivada pela variação do ativo. Companhias aéreas, por exemplo, costumam
fazer operações para se protegerem da eventual variação do
preço do petróleo, já que o
combustível chega a representar um terço de seus custos.
Nos EUA, o número de bancos comerciais que relataram
operações com derivativos chegou a 1.110 no segundo trimestre. Na comparação com o período anterior, mais 47 bancos
passaram a operar com esses
instrumentos.
Na prática, no entanto, trata-se de um mercado altamente
concentrado. Cinco instituições financeiras de grande porte representam 97% do volume
de derivativos: JPMorgan Chase, Goldman Sachs, Bank of
America, Citigroup e Wells
Fargo. A lista reúne alguns dos
bancos que mais receberam
ajuda do governo americano
durante a crise.
Apesar da concentração
acentuada, a agência do governo afirma que, por se tratar de
um mercado de operações
complexas, requer experiência
e ferramentas que poucas instituições têm.
No primeiro trimestre, os ganhos com este tipo de operação
chegaram a US$ 9,8 bilhões,
mas tratava-se de um resultado
recorde e a expectativa era de
ganhos mais moderados para o
período de abril a junho. Na
prática, houve queda de 47% no
segundo trimestre.
"Depois de um primeiro trimestre tão forte, esperávamos
um declínio sazonal nos ganhos, e isso ocorreu", afirma
Kathryn Dick, representante
da Controladoria para Crédito
e Risco de Mercado da agência
do Tesouro. Ainda assim, o resultado do segundo trimestre
foi o sexto maior já verificado
desde que a agência começou a
coleta de dados, em 1996.
De abril a junho, a exposição
ao risco nessas operações caiu
20%, e hoje soma US$ 555 bilhões. "Temos visto redução da
exposição ao risco nos dois últimos trimestres, apesar disso,
sob qualquer padrão, os níveis
de exposição seguem elevados", disse Kathryn Dick.
O relatório da agência mostra
que o volume de derivativos garantidos por bancos comerciais
americanos aumentou 1%, o
equivalente a US$ 1,5 trilhão no
segundo trimestre, e chegou a
US$ 203,5 trilhões.
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