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COMBUSTÍVEIS
Aumento de preços de derivados de petróleo é iminente, mas repasse para consumidores não deve ser total
"Congelado", gás tem defasagem de 70%
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo prefere que a Petrobras adie pelo menos até a semana que vem o reajuste no preço
dos derivados de petróleo, segundo a Folha apurou. A avaliação
técnica é que o preço do barril de
petróleo está caindo [ontem porém a cotação subiu] e que o dólar pode ficar
mais barato nos próximos dias.
Essas duas circunstâncias podem
contribuir para um reajuste menor.
Mesmo quando o reajuste acontecer, o governo avalia que vai recuperar totalmente a defasagem
acumulada nos preços. Pelos números da área técnica, o reajuste
da gasolina teria de ser, em tese,
de aproximadamente 25%, o do
óleo diesel, de cerca de 40%, enquanto o reajuste do gás de cozinha chegaria a 70%.
Esses números, que seriam aplicados nos preços das refinarias,
são considerados inviáveis pelo
próprio governo. No caso do gás
de cozinha, novo reajuste depende de autorização da ANP (Agência Nacional do Petróleo).
Segundo avaliação do governo,
o reajuste da gasolina e do diesel,
quando anunciado pela Petrobras, deverá ser bem menor do
que a defasagem em relação ao
preço do mercado internacional
do petróleo.
Perdas
Sem reajustar os combustíveis
desde junho, a Petrobras tem perdido receita. Ainda de acordo
com os últimos cálculos do governo, a perda média da empresa,
desde junho, é de R$ 650 milhões
por mês.
O mercado de revenda de combustíveis prefere reajustes menores e parcelados. "Estamos trabalhando com a hipótese de um reajuste iminente entre 6% e 7% e o
resto, se houver necessidade, diluído até o final do ano", diz José
Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sincopetro (Sindicato do
Comércio Varejista de Derivados
de Petróleo do Estado de São Paulo).
Os números do sindicato batem
com os números do governo.
"Tecnicamente, a defasagem no
preço da gasolina está entre 21% e
25%", diz Paiva Gouveia.
A Petrobras informou, por
meio da assessoria de imprensa,
que não há reajuste previsto e que
também não há nada a comentar
sobre o assunto.
Reajustes
O governo liberou a Petrobras
para aumentar o preço dos derivados de petróleo em janeiro. Naquele mês, também ficou liberada
a importação de combustíveis. A
idéia do governo era que a Petrobras mantivesse seus preços alinhados com os do mercado internacional para incentivar a competição com o produto importado.
Com o aumento do preço do
barril de petróleo e a desvalorização do real, a Petrobras fez reajustes seguidos de combustível. Entre janeiro e junho, foram quatro
aumentos e duas reduções no preço da gasolina. No óleo diesel, foram cinco aumentos e uma redução. O último reajuste, em junho,
foi de 6,75% para a gasolina e
9,5% para o diesel.
Os aumentos foram suspensos
depois de críticas em relação à política de reajuste da Petrobras feitas pelo então candidato do governo à Presidência da República,
José Serra (PSDB-PMDB).
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