São Paulo, terça-feira, 29 de outubro de 2002

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COMBUSTÍVEIS

Aumento de preços de derivados de petróleo é iminente, mas repasse para consumidores não deve ser total

"Congelado", gás tem defasagem de 70%

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo prefere que a Petrobras adie pelo menos até a semana que vem o reajuste no preço dos derivados de petróleo, segundo a Folha apurou. A avaliação técnica é que o preço do barril de petróleo está caindo [ontem porém a cotação subiu] e que o dólar pode ficar mais barato nos próximos dias. Essas duas circunstâncias podem contribuir para um reajuste menor.
Mesmo quando o reajuste acontecer, o governo avalia que vai recuperar totalmente a defasagem acumulada nos preços. Pelos números da área técnica, o reajuste da gasolina teria de ser, em tese, de aproximadamente 25%, o do óleo diesel, de cerca de 40%, enquanto o reajuste do gás de cozinha chegaria a 70%.
Esses números, que seriam aplicados nos preços das refinarias, são considerados inviáveis pelo próprio governo. No caso do gás de cozinha, novo reajuste depende de autorização da ANP (Agência Nacional do Petróleo).
Segundo avaliação do governo, o reajuste da gasolina e do diesel, quando anunciado pela Petrobras, deverá ser bem menor do que a defasagem em relação ao preço do mercado internacional do petróleo.

Perdas
Sem reajustar os combustíveis desde junho, a Petrobras tem perdido receita. Ainda de acordo com os últimos cálculos do governo, a perda média da empresa, desde junho, é de R$ 650 milhões por mês.
O mercado de revenda de combustíveis prefere reajustes menores e parcelados. "Estamos trabalhando com a hipótese de um reajuste iminente entre 6% e 7% e o resto, se houver necessidade, diluído até o final do ano", diz José Alberto Paiva Gouveia, presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo).
Os números do sindicato batem com os números do governo. "Tecnicamente, a defasagem no preço da gasolina está entre 21% e 25%", diz Paiva Gouveia.
A Petrobras informou, por meio da assessoria de imprensa, que não há reajuste previsto e que também não há nada a comentar sobre o assunto.

Reajustes
O governo liberou a Petrobras para aumentar o preço dos derivados de petróleo em janeiro. Naquele mês, também ficou liberada a importação de combustíveis. A idéia do governo era que a Petrobras mantivesse seus preços alinhados com os do mercado internacional para incentivar a competição com o produto importado.
Com o aumento do preço do barril de petróleo e a desvalorização do real, a Petrobras fez reajustes seguidos de combustível. Entre janeiro e junho, foram quatro aumentos e duas reduções no preço da gasolina. No óleo diesel, foram cinco aumentos e uma redução. O último reajuste, em junho, foi de 6,75% para a gasolina e 9,5% para o diesel.
Os aumentos foram suspensos depois de críticas em relação à política de reajuste da Petrobras feitas pelo então candidato do governo à Presidência da República, José Serra (PSDB-PMDB).


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