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São Paulo, quarta-feira, 29 de outubro de 2003

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MUNDO REAL

Taxa é a menor desde julho de 2001, mas ainda é "altíssima", segundo o BC; operações de crédito pessoal crescem 14,7%

Juros do cheque especial caem 11,7 pontos

SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As taxas de juros cobradas pelos bancos sofreram quedas em praticamente todas as modalidades de empréstimo em setembro. Segundo outro dado do Banco Central, houve ainda aumento de quase 10% nas novas operações de crédito bancárias no mês.
O destaque na queda dos juros ficou com a taxa do cheque especial para pessoas físicas, que sofreu a sua maior redução no ano, de 11,7 pontos percentuais.
A taxa de juros média do cheque especial passou de 163,9% ao ano em agosto para 152,2% em setembro. O valor é o menor desde julho de 2001, mas ainda é alto se comparado às taxas que os bancos têm que pagar para obter recursos a serem emprestados.
Essa diferença, chamada de "spread", está em 133,2% ao ano no caso do cheque especial. "As taxas ainda são muito altas, altíssimas", disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes. Em relação a setembro, a redução do "spread" foi de 9,5 pontos percentuais.
Lopes lembrou que as taxas finais vêm caindo mês a mês e que a queda deve colaborar para a retomada do crescimento em 2004.
Para as empresas, a maior queda ocorreu nos empréstimos de curtíssimo prazo, de dez dias, chamados de "hot money". As taxas anuais caíram de 56,6% em agosto para 50% em setembro.
Lopes explicou que, além da redução da taxa básica de juros [de 20% para 19% ao ano], na semana passada, a queda tem sido influenciada pelos novos tipos de crédito facilitados para a compra de bens de consumo e pelas taxas dos empréstimos com desconto em folha de pagamento -modalidade criada em setembro. Na operação, trabalhadores chegam a obter taxas de 1,75% ao mês.
A taxa de juros média para as pessoas físicas ficou em 70,7% ao ano, a menor desde dezembro de 2002. Para as empresas, o valor cobrado foi de 34% ao ano, o menor desde junho de 2002.
Existe ainda um movimento das pessoas físicas na direção da compra de bens de consumo. As contratações do crédito pessoal aumentaram 14,7% em setembro, e os financiamentos para a compra de bens em geral, 16,3%.
O crédito para a aquisição de carros aumentou 19,8%, o que também foi causado pela redução do IPI para automóveis.
Outro indicador positivo em setembro foi a alta de quase 10% nas operações de crédito dos bancos, que refletiria uma retomada do crescimento. Mas, segundo o BC, também está vinculada ao reaquecimento do comércio e da indústria normal no fim de ano.
O volume de operações foi de R$ 81,1 bilhões, o maior nível dos últimos anos, semelhante ao alcançado em dezembro de 2002 (R$ 80 bilhões). Esses totais não incluem os empréstimos feitos com recursos vinculados, como os realizados pelo BNDES.
"O crédito é um dos pontos de apoio à retomada do nível de atividade. Outro ponto é a renda, que tende a crescer", disse Lopes. Ele destacou que, além do crescimento sazonal, as pessoas físicas e as empresas estão fazendo empréstimos de prazo mais curto, o que eleva os volumes mensais. A tendência está ligada à expectativa de queda dos juros.
Porém, embora as operações de crédito dos bancos tenham crescido, o volume de créditos do setor financeiro tem se mantido estável. O volume corresponde hoje a 25,3% do PIB. Em 2002 o percentual esteve próximo de 27%.

Captação positiva
Outro dado que mostra confiança nos rumos da economia é o aumento das captações dos fundos de renda fixa. Segundo Lopes, entraram R$ 5,6 bilhões em setembro. No ano, eles captaram R$ 46,1 bilhões, mas o total não compensou os R$ 58,8 bilhões que saíram no mesmo período de 2002. Nesse ano, o BC mudou as regras de cálculo da rentabilidade dos fundos, o que fez vários registrarem perdas. A crise de confiança ainda fez investidores buscarem ativos reais como o dólar.


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