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MUNDO REAL
Taxa é a menor desde julho de 2001, mas ainda é "altíssima", segundo o BC; operações de crédito pessoal crescem 14,7%
Juros do cheque especial caem 11,7 pontos
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As taxas de juros cobradas pelos
bancos sofreram quedas em praticamente todas as modalidades
de empréstimo em setembro. Segundo outro dado do Banco Central, houve ainda aumento de
quase 10% nas novas operações
de crédito bancárias no mês.
O destaque na queda dos juros
ficou com a taxa do cheque especial para pessoas físicas, que sofreu a sua maior redução no ano,
de 11,7 pontos percentuais.
A taxa de juros média do cheque
especial passou de 163,9% ao ano
em agosto para 152,2% em setembro. O valor é o menor desde julho de 2001, mas ainda é alto se
comparado às taxas que os bancos têm que pagar para obter recursos a serem emprestados.
Essa diferença, chamada de
"spread", está em 133,2% ao ano
no caso do cheque especial. "As
taxas ainda são muito altas, altíssimas", disse o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes. Em relação a
setembro, a redução do "spread"
foi de 9,5 pontos percentuais.
Lopes lembrou que as taxas finais vêm caindo mês a mês e que a
queda deve colaborar para a retomada do crescimento em 2004.
Para as empresas, a maior queda ocorreu nos empréstimos de
curtíssimo prazo, de dez dias,
chamados de "hot money". As taxas anuais caíram de 56,6% em
agosto para 50% em setembro.
Lopes explicou que, além da redução da taxa básica de juros [de
20% para 19% ao ano], na semana
passada, a queda tem sido influenciada pelos novos tipos de
crédito facilitados para a compra
de bens de consumo e pelas taxas
dos empréstimos com desconto
em folha de pagamento -modalidade criada em setembro. Na
operação, trabalhadores chegam
a obter taxas de 1,75% ao mês.
A taxa de juros média para as
pessoas físicas ficou em 70,7% ao
ano, a menor desde dezembro de
2002. Para as empresas, o valor
cobrado foi de 34% ao ano, o menor desde junho de 2002.
Existe ainda um movimento das
pessoas físicas na direção da compra de bens de consumo. As contratações do crédito pessoal aumentaram 14,7% em setembro, e
os financiamentos para a compra
de bens em geral, 16,3%.
O crédito para a aquisição de
carros aumentou 19,8%, o que
também foi causado pela redução
do IPI para automóveis.
Outro indicador positivo em setembro foi a alta de quase 10% nas
operações de crédito dos bancos,
que refletiria uma retomada do
crescimento. Mas, segundo o BC,
também está vinculada ao reaquecimento do comércio e da indústria normal no fim de ano.
O volume de operações foi de
R$ 81,1 bilhões, o maior nível dos
últimos anos, semelhante ao alcançado em dezembro de 2002
(R$ 80 bilhões). Esses totais não
incluem os empréstimos feitos
com recursos vinculados, como
os realizados pelo BNDES.
"O crédito é um dos pontos de
apoio à retomada do nível de atividade. Outro ponto é a renda,
que tende a crescer", disse Lopes.
Ele destacou que, além do crescimento sazonal, as pessoas físicas e
as empresas estão fazendo empréstimos de prazo mais curto, o
que eleva os volumes mensais. A
tendência está ligada à expectativa de queda dos juros.
Porém, embora as operações de
crédito dos bancos tenham crescido, o volume de créditos do setor
financeiro tem se mantido estável.
O volume corresponde hoje a
25,3% do PIB. Em 2002 o percentual esteve próximo de 27%.
Captação positiva
Outro dado que mostra confiança nos rumos da economia é o
aumento das captações dos fundos de renda fixa. Segundo Lopes,
entraram R$ 5,6 bilhões em setembro. No ano, eles captaram R$
46,1 bilhões, mas o total não compensou os R$ 58,8 bilhões que saíram no mesmo período de 2002.
Nesse ano, o BC mudou as regras
de cálculo da rentabilidade dos
fundos, o que fez vários registrarem perdas. A crise de confiança
ainda fez investidores buscarem
ativos reais como o dólar.
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