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ATA DA DISCÓRDIA
Instituições revisam, para cima, expectativa da Selic ao fim do ano
Para analistas, juros vão a 17,25%
FABRICIO VIEIRA
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A ata do Copom (Comitê de Política Monetária) veio dura e pessimista. Após ser conhecido o documento, economistas e analistas
passaram a prever que a taxa básica de juros subirá, no mínimo,
0,50 ponto percentual na reunião
do Banco Central de novembro.
Muitas instituições financeiras
reviram ou estão revisando suas
projeções para a taxa básica (Selic) no fim de 2004. Um ponto parece ser consenso: os juros encerrarão o ano acima de 17%.
A taxa básica da economia foi
elevada de 16,25% para 16,75% na
semana passada.
"A ata deixou claro que a elevação de 0,50 ponto percentual na
Selic na semana passada não foi
exceção, algo pontual. Uma coisa
está clara: os juros continuarão
subindo e provavelmente num
ritmo mais forte do que o mercado esperava havia pouco tempo",
afirma Rodrigo Boulos, economista do banco Santos.
O número de contratos DI
-que acompanham os juros interbancários- negociados ontem na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) foi 55% que o
registrado no dia anterior. As taxas de todos os contratos DI fecharam em alta.
No contrato mais negociado,
com prazo de vencimento em
abril de 2005, a taxa saltou de
17,61% para 17,72%. O papel que
vence na virada do ano fechou
com taxa de 17,23%, contra
17,14% do pregão anterior.
Em pesquisa realizada ontem
pela agência Reuters com dez economistas, nove previram alta de
0,5 ponto percentual na Selic no
próximo mês.
A Bolsa de Valores de São Paulo
fechou com perdas de 1,05%. Juros elevados são negativos para o
mercado acionário, pois podem
estimular a migração dos investidores para os fundos que acompanham a evolução da taxa Selic.
O dólar encerrou o dia em alta de
0,17%. A moeda norte-americana
fechou vendida a R$ 2,867.
O que o Banco Central deve
aguardar agora é que as expectativas de inflação para 2005 recuem
no boletim "Focus" que será divulgado na segunda-feira.
Na avaliação de Roger Scher, diretor para América Latina da
agência de classificação de risco
Fitch, a preocupação do BC com a
inflação é justificável. Segundo
Scher, a possibilidade de alta da
inflação é muito mais "prejudicial
para o crescimento" do que um
patamar mais elevado de juros.
"É muito melhor para o crescimento e para a credibilidade do
país se o Banco Central mantiver
a inflação dentro da meta. Às vezes, ao esperar para ver o que
acontece, as coisas podem sair do
controle. Aí, seria preciso elevar
ainda mais as taxas de juros", afirmou o diretor da Fitch.
Uma importante instituição financeira dos EUA também afirmou ontem, diante de investidores, que o Banco Central deve
continuar a elevar juros para tentar conter as expectativas de alta
da inflação. Para esse banco, o BC
não parece disposto a lançar mão
de outros instrumentos como o
câmbio ou uma política fiscal
mais rígida para debelar pressões
inflacionárias.
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