São Paulo, segunda-feira, 29 de outubro de 2007

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Espanha incentiva internacionalização

Benefícios a companhias que investem no exterior incluem desde desconto no IR até verbas para viagens de negócios

Empresas brasileiras também reclamam de facilidades dadas a grupos estrangeiros para o acesso a linhas de financiamento do BNDES

DO COLUNISTA DA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Levantamento da consultoria PricewaterhouseCoopers feito a pedido de uma concorrente das espanholas, que pede para não ser identificada, mostra que os incentivos fiscais concedidos às empresas daquele país são extensos. Incluem desde descontos no Imposto de Renda para aquisições de empresas em outros países até doação de verbas de viagens para prospecção de negócios.
"Na verdade, esse é um exemplo claro de comprometimento estratégico do governo, em apoio à internacionalização das empresas espanholas e que traz benefícios ao país de origem", afirma James Wright, professor do MBA executivo internacional da FIA-USP.
Pesquisa feita pelo Gesel (Grupo de Estudos do Setor Elétrico) da UFRJ mostra que, em 2000, as espanholas dominavam 35% das receitas anuais permitidas por leilão de energia. Em 2006, o percentual passou para 77%. Entre os motivos apontados, estão modelos tributários e de endividamento que dão grande vantagem competitiva às espanholas.
Além dos benefícios concedidos pelo governo da Espanha, a Folha apurou que os empresários brasileiros também se queixam de algumas vantagens oferecidas pelo próprio BNDES para estrangeiros e que não são acessíveis a brasileiros.
Para terem acesso aos financiamentos do BNDES, as empresas brasileiras precisam, por exemplo, que os grupos controladores sejam anuentes aos contratos, ou seja, que também se responsabilizem pelo pagamento dos financiamentos feitos pelos bancos. Já os grupos do exterior não se submetem a essa mesma regra.
Com isso, as matrizes das empresas de fora que obtêm verba do BNDES não precisam sequer lançar em seus balanços esses empréstimos, até o pagamento total do financiamento.
De ponto de vista do consumidor, a disputa com os espanhóis tem um lado positivo. "O consumidor claramente é beneficiado quando há mais concorrência", diz Eugênio Foganholo, sócio da consultoria Mixxer e professor do Ibmec-SP. Para vencerem no leilão de concessão de rodovias federais, por exemplo, as espanholas OHL e Acciona apresentaram ofertas com deságio de até 65% no preço do pedágio. (GUILHERME BARROS E CRISTIANE BARBIERI)

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