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Espanha incentiva internacionalização
Benefícios a companhias que investem no exterior incluem desde desconto no IR até verbas para viagens de negócios
Empresas brasileiras também reclamam de facilidades dadas a grupos estrangeiros para o acesso a linhas de financiamento do BNDES
DO COLUNISTA DA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Levantamento da consultoria PricewaterhouseCoopers
feito a pedido de uma concorrente das espanholas, que pede
para não ser identificada, mostra que os incentivos fiscais
concedidos às empresas daquele país são extensos. Incluem
desde descontos no Imposto de
Renda para aquisições de empresas em outros países até
doação de verbas de viagens para prospecção de negócios.
"Na verdade, esse é um
exemplo claro de comprometimento estratégico do governo,
em apoio à internacionalização
das empresas espanholas e que
traz benefícios ao país de origem", afirma James Wright,
professor do MBA executivo
internacional da FIA-USP.
Pesquisa feita pelo Gesel
(Grupo de Estudos do Setor
Elétrico) da UFRJ mostra que,
em 2000, as espanholas dominavam 35% das receitas anuais
permitidas por leilão de energia. Em 2006, o percentual passou para 77%. Entre os motivos
apontados, estão modelos tributários e de endividamento
que dão grande vantagem competitiva às espanholas.
Além dos benefícios concedidos pelo governo da Espanha, a
Folha apurou que os empresários brasileiros também se
queixam de algumas vantagens
oferecidas pelo próprio BNDES
para estrangeiros e que não são
acessíveis a brasileiros.
Para terem acesso aos financiamentos do BNDES, as empresas brasileiras precisam,
por exemplo, que os grupos
controladores sejam anuentes
aos contratos, ou seja, que também se responsabilizem pelo
pagamento dos financiamentos feitos pelos bancos. Já os
grupos do exterior não se submetem a essa mesma regra.
Com isso, as matrizes das
empresas de fora que obtêm
verba do BNDES não precisam
sequer lançar em seus balanços
esses empréstimos, até o pagamento total do financiamento.
De ponto de vista do consumidor, a disputa com os espanhóis tem um lado positivo. "O
consumidor claramente é beneficiado quando há mais concorrência", diz Eugênio Foganholo, sócio da consultoria
Mixxer e professor do Ibmec-SP. Para vencerem no leilão de
concessão de rodovias federais,
por exemplo, as espanholas
OHL e Acciona apresentaram
ofertas com deságio de até 65%
no preço do pedágio. (GUILHERME BARROS E CRISTIANE BARBIERI)
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