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Vale melhora, mas está longe de 2008
Na comparação com o período de abril a junho, ganho da maior mineradora do país aumenta 105% de julho a setembro
Afetado pela crise, lucro
da empresa no terceiro trimestre é 61,3% menor do que o registrado em igual período do ano passado
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Em meio às críticas do governo e apesar da queda do dólar, a
Vale melhorou seu desempenho no ano, mas está distante
da marca obtida no ano passado. No terceiro trimestre deste
ano, a Vale lucrou R$ 3,003 bilhões, 105% mais do que no segundo (R$ 1,466 bilhão). O resultado, porém, está distante
dos vigorosos números apresentados no período pré-crise e
corresponde a uma queda de
61,3% em relação ao lucro obtido em igual período de 2008
(R$ 7,753 bilhões).
Tamanho foi o estrago que a
Vale acumulou, nos nove primeiros meses deste ano, um lucro de R$ 7,620 bilhões, ou seja,
menor do que o alcançado em
apenas um trimestre de 2008.
Segundo analistas, a crise
mudou de patamar a produção
e o desempenho financeiro da
companhia, que vão demorar
ainda algum tempo para retomar o fôlego anterior.
"O saldo foi positivo para a
Vale no terceiro trimestre.
Apesar de praticar preços menores neste ano, o crescimento
do volume de vendas sustentou
o desempenho da companhia.
Mas a empresa não vai repetir o
resultado de 2008, quando vivia um dos melhores momentos de sua história, com a demanda global superaquecida",
disse Antonio Emílio Ruiz, analista do Banco do Brasil.
Os dados do balanço mostram que a Vale reagiu na esteira da melhora do mercado global de minério de ferro e da
crescente demanda da China,
seu principal cliente.
Os resultados da Vale vieram
em linha com as expectativas
do mercado, que previa uma
reação no terceiro trimestre.
De julho a setembro deste
ano, a receita da Vale cresceu
23,4% e alcançou R$ 13,6 bilhões. Ante o mesmo período
de 2009, o resultado ainda se
mostrou ruim e a mineradora
amargou uma retração de
36,5% em seu faturamento.
Em volume de minério de
ferro exportado, por sua vez,
houve expansão de 6% ante o
segundo trimestre deste ano.
Na comparação com o mesmo
período de 2008, a mineradora
registrou queda de 45%.
Em relatório, a Vale diz que o
cenário melhorou, o que puxou
para cima a demanda e as cotações dos metais. A empresa enxerga espaço para uma nova
onda de aumento de preços.
A mineradora espera expansão mais forte da China -com
impacto positivo no consumo
de seus produtos. No terceiro
trimestre, o país, um dos poucos a manter o dinamismo na
crise, absorveu 36,3% das vendas da Vale -o percentual era
de 20% um ano antes.
Câmbio
Para Ruiz, a Vale só não teve
um resultado mais exuberante
por causa do impacto desfavorável do câmbio. Exportadora,
a mineradora obteve no terceiro trimestre menos reais na
troca dos dólares que recebeu
pela venda de seus produtos.
Isso enfraqueceu seu faturamento em moeda brasileira.
Por outro lado, o câmbio reduziu as despesas com a rolagem de dívidas, denominadas
em moeda estrangeira e mais
em conta pela valorização do
real. Segundo a Vale, esse fator
diminuiu o custo final dos produtos vendidos pela companhia em R$ 123 milhões.
Levou, porém, a companhia a
pagar R$ 496 milhões em Imposto de Renda -cifra menor,
entretanto, do que o valor desembolsado no segundo trimestre (R$ 2,3 bilhões).
Alvo de críticas do governo
Lula, a Vale divulgou que investirá mais em 2010, com desembolso de US$ 12,9 bilhões. De
julho a setembro deste ano, a
mineradora cortou, porém, em
43% seus investimentos ante o
terceiro trimestre de 2008.
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