São Paulo, quinta-feira, 29 de outubro de 2009

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Vale melhora, mas está longe de 2008

Na comparação com o período de abril a junho, ganho da maior mineradora do país aumenta 105% de julho a setembro

Afetado pela crise, lucro da empresa no terceiro trimestre é 61,3% menor do que o registrado em igual período do ano passado

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Em meio às críticas do governo e apesar da queda do dólar, a Vale melhorou seu desempenho no ano, mas está distante da marca obtida no ano passado. No terceiro trimestre deste ano, a Vale lucrou R$ 3,003 bilhões, 105% mais do que no segundo (R$ 1,466 bilhão). O resultado, porém, está distante dos vigorosos números apresentados no período pré-crise e corresponde a uma queda de 61,3% em relação ao lucro obtido em igual período de 2008 (R$ 7,753 bilhões).
Tamanho foi o estrago que a Vale acumulou, nos nove primeiros meses deste ano, um lucro de R$ 7,620 bilhões, ou seja, menor do que o alcançado em apenas um trimestre de 2008.
Segundo analistas, a crise mudou de patamar a produção e o desempenho financeiro da companhia, que vão demorar ainda algum tempo para retomar o fôlego anterior.
"O saldo foi positivo para a Vale no terceiro trimestre. Apesar de praticar preços menores neste ano, o crescimento do volume de vendas sustentou o desempenho da companhia. Mas a empresa não vai repetir o resultado de 2008, quando vivia um dos melhores momentos de sua história, com a demanda global superaquecida", disse Antonio Emílio Ruiz, analista do Banco do Brasil.
Os dados do balanço mostram que a Vale reagiu na esteira da melhora do mercado global de minério de ferro e da crescente demanda da China, seu principal cliente.
Os resultados da Vale vieram em linha com as expectativas do mercado, que previa uma reação no terceiro trimestre.
De julho a setembro deste ano, a receita da Vale cresceu 23,4% e alcançou R$ 13,6 bilhões. Ante o mesmo período de 2009, o resultado ainda se mostrou ruim e a mineradora amargou uma retração de 36,5% em seu faturamento.
Em volume de minério de ferro exportado, por sua vez, houve expansão de 6% ante o segundo trimestre deste ano. Na comparação com o mesmo período de 2008, a mineradora registrou queda de 45%.
Em relatório, a Vale diz que o cenário melhorou, o que puxou para cima a demanda e as cotações dos metais. A empresa enxerga espaço para uma nova onda de aumento de preços.
A mineradora espera expansão mais forte da China -com impacto positivo no consumo de seus produtos. No terceiro trimestre, o país, um dos poucos a manter o dinamismo na crise, absorveu 36,3% das vendas da Vale -o percentual era de 20% um ano antes.

Câmbio
Para Ruiz, a Vale só não teve um resultado mais exuberante por causa do impacto desfavorável do câmbio. Exportadora, a mineradora obteve no terceiro trimestre menos reais na troca dos dólares que recebeu pela venda de seus produtos. Isso enfraqueceu seu faturamento em moeda brasileira.
Por outro lado, o câmbio reduziu as despesas com a rolagem de dívidas, denominadas em moeda estrangeira e mais em conta pela valorização do real. Segundo a Vale, esse fator diminuiu o custo final dos produtos vendidos pela companhia em R$ 123 milhões.
Levou, porém, a companhia a pagar R$ 496 milhões em Imposto de Renda -cifra menor, entretanto, do que o valor desembolsado no segundo trimestre (R$ 2,3 bilhões).
Alvo de críticas do governo Lula, a Vale divulgou que investirá mais em 2010, com desembolso de US$ 12,9 bilhões. De julho a setembro deste ano, a mineradora cortou, porém, em 43% seus investimentos ante o terceiro trimestre de 2008.


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