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Ação do fisco não resulta em ganho imediato de arrecadação
MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL
A ação de fiscalização anunciada ontem pela Receita Federal sobre grandes empresas não
resultará em aumento imediato na arrecadação tributária.
Motivo: esse tipo de processo
fiscal costuma ser demorado.
Segundo Everardo Maciel,
secretário da Receita Federal
na gestão FHC (1995-2002),
somente o processo de fiscalização demora pelo menos quatro meses. Ainda que fique
constatado que há sonegação, a
empresa terá 30 dias para pagar
ou entrar com recurso. Nesse
caso, o processo pode demorar
de dois a três anos.
Para Maciel, essa ação da Receita mostra um "estilo" de
atuar. Segundo ele, a Receita
costuma dar publicidade a
ações desse tipo visando o chamado "efeito demonstração",
ou seja, para "avisar" os demais
contribuintes de que o fisco
não descuida de suas funções
de fiscalizar e arrecadar.
Maciel ressalta um detalhe
que considera fundamental: é
preciso manter o sigilo fiscal,
uma vez que esse tipo de ação
de fiscalização se baseia em
"elementos indiciários" -não
há certeza de sonegação.
Para o advogado João Victor
Gomes de Oliveira, do escritório Gomes de Oliveira Advogados Associados, mesmo após
ser intimada, a empresa terá o
direito de prestar informações.
Esse procedimento inclui recurso ao Conselho de Contribuintes (órgão da Receita que
aprecia a contestação das empresas autuadas). É o chamado
recurso na via administrativa.
"É um direito do contribuinte recorrer ao Conselho. E o recurso suspende a exigibilidade
do crédito." Se julgar necessário, a empresa pode ir à Justiça
para se defender, diz Oliveira.
Maciel aponta um "perigo"
nesse tipo de ação da Receita: é
o efeito da "expectativa não
realista". Isso ocorre porque há
a previsão do ingresso de determinado montante de recursos
que, mais à frente, muitas vezes
não se concretiza.
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