São Paulo, sexta-feira, 29 de novembro de 2002

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ANO DO DRAGÃO

IGP-M de novembro bate em 5,19%, a maior taxa desde agosto de 94; preços dos alimentos puxam índice

Inflação acumula alta de 20,78% no ano

CHICO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

A inflação deste mês medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado) atingiu 5,19%, a maior desde agosto de 1994 (7,56%). A maior alta anterior havia sido no mês passado (3,87%). Os preços dos alimentos, no atacado e no varejo, comandaram a alta. No ano, a taxa medida pela Fundação Getúlio Vargas acumula alta de 20,78%. Em 12 meses o índice vai a 21,05%.
Os preços subiram 6,73% no atacado, também a maior alta desde agosto de 1994 (7,87%), e 2,51% no varejo, a maior elevação desde os 3,12% de julho de 1995. Os custos da construção aumentaram 2,19%.
No IGP-M de outubro, as altas haviam sido de 5,62% no atacado, 0,91% no varejo e 0,82% no custo da construção, as três variáveis que compõem o índice geral.
A alta da inflação ocorreu em um período em que já havia queda da taxa de câmbio. A queda foi de 3,36% no período de coleta de dados para a composição do IGP-M. Mas a FGV entende que ainda há efeito da alta do dólar nos preços coletados.
Apesar da aceleração inflacionária, o economista Salomão Quadros, coordenador da equipe da FGV responsável pelo cálculo do IGP-M, não concorda com as avaliações de que o país já vive uma inflação generalizada e fora de controle.

Sob controle
"Não há descontrole porque ainda não se esgotaram os instrumentos disponíveis para o Banco Central atuar na reversão das expectativas."
Mas ele cobra uma ação rápida deste governo, aumentando a taxa de juros, e do próximo, ampliando a meta de superávit primário (receitas menos despesas, exceto pagamento de juros) das contas públicas -a meta para 2003 é de 3,75% do PIB (Produto Interno Bruto)- para evitar que as expectativas realimentem a alta dos preços.
Mesmo entendendo que o quadro inflacionário ainda tem condições de ser revertido naturalmente, com o esgotamento dos fatores que estão pressionando os preços para cima, Quadros considera "perigoso" esperar que isso venha a ocorrer.
Segundo Quadros, a inflação não é generalizada porque ainda é possível detectar os focos dos aumentos. Ele disse que os alimentos, que subiram 12,28% no atacado e 4,73% no varejo, estão aumentando parte por um efeito retardado da alta do dólar e parte por problemas localizados de safra, como seriam os casos dos bovinos (9,06% de alta no atacado) e do milho (24,45% de aumento, também no atacado).
O técnico da FGV admite que a alta dos alimentos no atacado ainda deve pressionar a inflação no varejo, fazendo com que o IGP-DI (Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna), que deverá ser divulgado na segunda semana de dezembro, possa ser maior que o IGP-M divulgado ontem.
A diferença entre os dois índices é apenas de período de coleta de dados. O IGP-DI pesquisa o mês-calendário, enquanto o IGP-M vai do dia 21 do mês anterior a 20 do mês de referência.
No varejo, os preços dos alimentos mais que triplicaram em relação ao IGP-M de outubro, quando haviam subido 1,53%. O pão francês aumentou 7,93%. Mas foi a gasolina, com alta de 8,47%, o item que mais pesou na composição do IPC (Índice de Preços ao Consumidor), o índice da FGV que mede a variação dos preços no varejo.
A gasolina teve peso de 0,29 ponto percentual na composição do IPC. O álcool combustível, que aumentou 20,14%, teve peso de 0,17 ponto, vindo como a terceira maior influência no IPC. A alta dos combustíveis fez com que o item transportes do IPC saltasse de 1,10% para 3,93%.


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