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Lojas ampliam desconto na "Sexta-Feira Negra" nos EUA
Filas no comércio popular e lojas caras vazias marcam início da temporada de compras
Bolsas de grifes como Prada e Donna Karan são vendidas por preço até 60%
menor; vendedor do
Wal-Mart morre pisoteado
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
O início da temporada tradicional de compras de Natal nos
EUA ontem encheu lojas de
consumidores ávidos por descontos: foi a "Black Friday"
("Sexta-Feira Negra"), quando
são oferecidas as maiores promoções do ano logo após o feriado de Ação de Graças. Mas,
se a crise econômica não impediu a visita aos shoppings, levou
as famílias a cortar os gastos,
em um quadro já desanimador
para o comércio.
Em Manhattan, o cenário era
de muita gente nas ruas e poucas sacolas nas mãos. "Estou
gastando 50% menos", disse a
capelã Sharon, 46, cujas compras na loja Macy's foram afetadas por perdas em aplicações financeiras. "Não compro nada
antes de pensar se posso."
Segundo lojistas locais, a tendência é generalizada. "A loja
está cheia, mas o pessoal só
olha e sai sem comprar", disse
um vendedor de relógios da
Macy's que pediu para não ser
identificado.
A situação das lojas populares era um pouco melhor. A Old
Navy da praça Herald, famosa
pelos suéteres de US$ 20, tinha
filas que iam de um lado a outro
da loja (que ocupa a largura de
um quarteirão).
O desespero por descontos
chegou a causar a morte de um
vendedor do Wal-Mart em Valley Stream (Estado de Nova
York) ontem. O homem, de 34
anos, morreu pisoteado quando a multidão invadiu a loja em
busca dos descontos. Uma mulher grávida de 28 anos e três
outros clientes também ficaram feridos e foram levados para hospitais da região.
Em anos anteriores, a temporada iniciada na "Black Friday" foi responsável em média
por 40% dos lucros anuais dos
comerciantes. O período de
2008, após um ano difícil, poderá definir a sobrevivência
-ou falência- de muitos, e a
expectativa é que os cortes de
preço continuem por semanas.
Para a estação de compras
como um todo, a previsão do
Centro de Pesquisas do Standard & Poor's era de queda de
5% nos lucros. O centro chamou a temporada de "a mais
dramática em décadas".
O temor fez os descontos aumentarem. Na elegante Bergdorf Goodman, na 5ª Avenida,
cortes de até 60% em bolsas de
grifes como Prada e Donna Karan, cujo preço normal fica acima dos US$ 1.000, deixaram
corredores cheios.
Mas nem sapatilhas Chanel
de US$ 675 saindo por US$ 405
foram suficientes.
"Essa crise matou minha
vontade de gastar", afirmou
uma senhora de Boston que
não quis dar o nome.
Outras lojas caras dos arredores tiveram desempenho
ainda pior. Na Escada, por volta
das 12h, não havia nenhum
comprador. O mesmo acontecia na Jimmy Choo, na rua 51.
Os turistas também reclamavam da crise. As brasileiras
Anair, 57, e Nicole, 37, de Joinville, agendaram a viagem
quando o dólar custava R$ 1,70.
Hoje, com a moeda a R$ 2,30, o
dinheiro para compras ficou
mais curto. E, para elas, havia
ainda outra dificuldade: o desconforto por gastar em Nova
York em meio à tragédia em
Santa Catarina. "Pelo menos
meu marido cancelou a festa de
Natal da empresa. Sinto-me um
pouco melhor", afirmou Anair.
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