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Acionistas na Itália são contra venda da TIM
Proposta será apresentada na reunião do conselho da controladora, a Telecom Italia, como forma de diminuir dívida
Preço da TIM seria de 7 bi;
minoritários sugerem venda
da rede de acesso na Itália, e
presidente da operadora no
Brasil nega a transação
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O presidente da TIM, Mario
Cesar Pereira de Araujo, enviou
ontem um comunicado à CVM
(Comissão de Valores Mobiliários), relatando que a operadora brasileira não está à venda.
De acordo com o texto, Araujo
pediu explicações ao conselho
de administração da TI (Telecom Italia), controladora da
TIM no Brasil, sobre o que a
empresa considera rumores de
mercado.
O comunicado não aplacou a
preocupação dos acionistas da
TI, principalmente os minoritários italianos. Representados
por sua associação, a Asati, os
2.500 acionistas enviaram uma
carta ao conselho de administração da TI, se posicionando
contrariamente à venda da
TIM no Brasil e de qualquer
outro ativo no exterior. Cerca
de 80% deles são funcionários
da TI e, juntos, têm 0,4% do capital do grupo.
"Somos contra [a venda]. Esse é um desejo da Telefónica a
que nos opomos, porque acreditamos que a TIM Brasil é um
dos ativos fundamentais da Telecom Italia", diz Franco Lombardi, presidente da Asati.
Em entrevista à Folha, Lombardi sugere que o conselho de
administração da TI desconsidere a venda de ativos no exterior e se concentre na venda de
sua rede fixa na Itália. "Acreditamos que seria preciso desmembrar a Telecom Italia, separando a parte da rede de
acesso, que conecta o cliente a
uma central local na rede de telefonia fixa", diz Lombardi.
"Defendemos a entrada de um
sócio nessa nova empresa juntamente com um fundo [de investimento] ligado ao governo
que ficaria com 30% ou 40%
dessa sociedade."
Segundo Lombardi, só essa
manobra renderia cerca de 6
bilhões. Metade dessa quantia
seria usada na amortização da
dívida de curto prazo da TI. No
total, a dívida é de 35 bilhões.
A diferença seria utilizada na
construção de outra rede de fibras óticas ou no reforço de
suas empresas no exterior.
O jornal italiano "Il Sole 24
Ore" sustenta que a venda da
TIM no Brasil será uma das
idéias apresentadas ao conselho de administração da TI que
se reúne no dia 2 de dezembro.
O preço sugerido: 7 bilhões.
Ainda segundo o jornal, a Telefónica é a principal interessada. O preço é amargo, quase
três vezes mais do que vale a
TIM, segundo o Mediobanca,
um dos sócios da TI.
A Folha apurou que, mesmo
assim, a compra da TIM pelos
espanhóis seria um negócio interessante já que eles poderiam
controlar uma operadora móvel no Brasil. A Telefónica já
detém metade da Vivo, juntamente com a PT (Portugal Telecom), mas esbarra em disputas com seus sócios para o lançamento de pacotes combinados de telefonia móvel, fixa, TV
por assinatura e acesso à internet rápida, algo que fará diferença em um mercado cada vez
mais competitivo, especialmente com a concretização da
compra da Brasil Telecom pela
Oi (Telemar).
No entanto, a suposta compra da TIM pela Telefónica encontra barreiras. Por ser acionista da TI, a Telefónica não
pode participar das decisões
estratégicas da TIM. Por isso,
seus representantes no conselho da TI ficarão fora da reunião. Admitindo que os espanhóis fiquem com a TIM, eles
teriam de abrir mão da Vivo.
Outra possibilidade seria a
fusão entre as duas operadoras,
mas, segundo executivos ouvidos pela Folha, essa hipótese é
remota. Os portugueses não
querem diluir sua participação
acionária, perdendo poder de
decisão. Isso sem contar as restrições que poderiam ser impostas pelas autoridades, como, por exemplo, a devolução
de faixas de freqüência, algo
que ocorreu com a Oi, quando
comprou a Amazônia Celular
vendida pela Vivo.
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