São Paulo, sábado, 29 de novembro de 2008

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Acionistas na Itália são contra venda da TIM

Proposta será apresentada na reunião do conselho da controladora, a Telecom Italia, como forma de diminuir dívida

Preço da TIM seria de 7 bi; minoritários sugerem venda da rede de acesso na Itália, e presidente da operadora no Brasil nega a transação

JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O presidente da TIM, Mario Cesar Pereira de Araujo, enviou ontem um comunicado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), relatando que a operadora brasileira não está à venda. De acordo com o texto, Araujo pediu explicações ao conselho de administração da TI (Telecom Italia), controladora da TIM no Brasil, sobre o que a empresa considera rumores de mercado.
O comunicado não aplacou a preocupação dos acionistas da TI, principalmente os minoritários italianos. Representados por sua associação, a Asati, os 2.500 acionistas enviaram uma carta ao conselho de administração da TI, se posicionando contrariamente à venda da TIM no Brasil e de qualquer outro ativo no exterior. Cerca de 80% deles são funcionários da TI e, juntos, têm 0,4% do capital do grupo.
"Somos contra [a venda]. Esse é um desejo da Telefónica a que nos opomos, porque acreditamos que a TIM Brasil é um dos ativos fundamentais da Telecom Italia", diz Franco Lombardi, presidente da Asati.
Em entrevista à Folha, Lombardi sugere que o conselho de administração da TI desconsidere a venda de ativos no exterior e se concentre na venda de sua rede fixa na Itália. "Acreditamos que seria preciso desmembrar a Telecom Italia, separando a parte da rede de acesso, que conecta o cliente a uma central local na rede de telefonia fixa", diz Lombardi. "Defendemos a entrada de um sócio nessa nova empresa juntamente com um fundo [de investimento] ligado ao governo que ficaria com 30% ou 40% dessa sociedade."
Segundo Lombardi, só essa manobra renderia cerca de 6 bilhões. Metade dessa quantia seria usada na amortização da dívida de curto prazo da TI. No total, a dívida é de 35 bilhões. A diferença seria utilizada na construção de outra rede de fibras óticas ou no reforço de suas empresas no exterior.
O jornal italiano "Il Sole 24 Ore" sustenta que a venda da TIM no Brasil será uma das idéias apresentadas ao conselho de administração da TI que se reúne no dia 2 de dezembro. O preço sugerido: 7 bilhões. Ainda segundo o jornal, a Telefónica é a principal interessada. O preço é amargo, quase três vezes mais do que vale a TIM, segundo o Mediobanca, um dos sócios da TI.
A Folha apurou que, mesmo assim, a compra da TIM pelos espanhóis seria um negócio interessante já que eles poderiam controlar uma operadora móvel no Brasil. A Telefónica já detém metade da Vivo, juntamente com a PT (Portugal Telecom), mas esbarra em disputas com seus sócios para o lançamento de pacotes combinados de telefonia móvel, fixa, TV por assinatura e acesso à internet rápida, algo que fará diferença em um mercado cada vez mais competitivo, especialmente com a concretização da compra da Brasil Telecom pela Oi (Telemar).
No entanto, a suposta compra da TIM pela Telefónica encontra barreiras. Por ser acionista da TI, a Telefónica não pode participar das decisões estratégicas da TIM. Por isso, seus representantes no conselho da TI ficarão fora da reunião. Admitindo que os espanhóis fiquem com a TIM, eles teriam de abrir mão da Vivo.
Outra possibilidade seria a fusão entre as duas operadoras, mas, segundo executivos ouvidos pela Folha, essa hipótese é remota. Os portugueses não querem diluir sua participação acionária, perdendo poder de decisão. Isso sem contar as restrições que poderiam ser impostas pelas autoridades, como, por exemplo, a devolução de faixas de freqüência, algo que ocorreu com a Oi, quando comprou a Amazônia Celular vendida pela Vivo.


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